terça-feira, janeiro 31, 2006

A Papisa


Acompanho a luso-blogosfera praticamente desde o seu início. Sei, portanto, que uma das primeiras mulheres a participar neste "mundo" foi a Charlotte. Sim, a Bomba Inteligente. Não tenho vergonha de confessar que, há quase um ano atrás, quando fundámos o Revisão da Matéria, enviei à Carla Hilário Quevedo (CHQ) um mail, em que a tratava por "papisa" da blogosfera, dando-lhe a conhecer este novo "cantinho", para o qual pedia a "benção". A CHQ foi, aliás, a(o) única(o) blogger a quem enviei uma mensagem deste tipo, porque o Bomba Inteligente era, à época, o meu blog preferido (e ainda se encontra ali nos links dos favoritos, pelo que continua a pertencer a essa categoria).
Recebi uma resposta muito simpática.
Vem isto a propósito de quê?
- Já tenho nas minhas mãos o nº 11 da revista "Atlântico" (hoje nas bancas, à qual dedicarei mais tarde um post, depois de ler com mais atenção). A páginas 52, choco frontalmente com a coluna da CHQ sobre a blogosfera, onde a "papisa" dita leis e faz doutrina. Uma das leis fundamentais prescrita é "Nunca lincar blogues com caixas de comentários; ou seja, mais de metade da blogosfera lusa. Só para começar".
Esta "lei" explica, talvez, muito. Explica, talvez, o facto de o Revisão da Matéria só constar da coluna de links de dois ou três blogs de excelente qualidade e elevado bom gosto. Porque nós temos caixa de comentários. Que vai continuar por aqui. Esta "lei", infelizmente, só não se explica a si própria. Quer ter a gentileza, "papisa"?

WORK IN PROGRESS

Para a coluna de links, na categoria "Revisões Diárias", entraram o Abrupto, Adufe, Blogame mucho, Cibertúlia, Citador, de Vagares, Esplanar, french kissin', Mar Salgado, Mau tempo no canil, O Acidental, Portugal Contemporâneo e Substrato.

Uma selecção cuidada e plural dos blogues que, adicionados aos que já constavam dos links, fazem parte dos conteúdos que procuramos ler diariamente.

Juntamos assim à lista alguns "campeões da blogosfera" que, por isso mesmo, se tornam incontornáveis e alguns outros blogues que fomos descobrindo e dos quais gostamos.

Na categoria "Outras revisões" constam agora blogues de que também gostamos mas que só contam com novas postas muito pontualmente.

CCS/VPV - O Espectro

Primeiro foi a Constança Cunha e Sá. Agora juntou-se-lhe Vasco Pulido Valente. Mais uma aquisição foi anunciada. O Espectro é um blog com uma equipa de luxo, que passa agora ali para a coluna de links permanentes.

Leica foto



(clique nas imagens para ampliar)

KUNG HEI FAT CHOI


Se fizer fé, parece que, este ano, o melhor é ficar quietinho e caladinho. Queriam...
THE ROOSTER (Metal): (1909, '21, '33, '45, '57, '69, '81, '93, 2005) The year of the Dog is not always to a Rooster's liking, and ideas you've been working on take unexpected directions. Obstacles emerge that you didn't expect and things turn around corners you didn't see. Avoid the need to speak out as strongly as Roosters usually do and you'll fare much better. Try to stay relaxed and impartial this year and be observant. (previsões para os diversos signos do zodíaco chinês aqui).
Feliz e próspero ano novo chinês

domingo, janeiro 29, 2006

Uma questão de gosto


Há ãlgum tempo fui aqui torpemente vilipendiado e acusado de ser rôto. Tal vil calúnia originou-se no facto de possuir a colecção completa de "Sexo e a Cidade", série de mulheres para mulheres.
Quero desde já deixar aqui um desmentido formal, antes que se alastrem boatos infundados sobre os meus vícios e gostos pessoais: "Sexo e a Cidade" não é a minha série preferida. Gostei de alguns episódios - há alguns muito bons, de verdade - mas fui ficando desencantado à medida que a série foi evoluindo. Foi penoso aturar a 5ª série até ao fim; só vi poucos episódios da 6ª.
A série perdeu frescura. A falta de ortodoxia das primeiras séries (quando as quatro heroínas tinham vivências mais flexíveis, digamos assim) foi substituída, à medida que se foi avançando, pelas neuras parvinhas da Carrie (Sarah Jessica Parker). Fui perdendo a paciência.
O "Sexo e a Cidade" já não faz parte do meu top de preferências.
Nessa lista pessoal, está, em 1º lugar, o "Seinfeld". Ainda e sempre!
Quando comecei a ver essa série, reconheço que o fiz com algum desconforto. Falavam-me tão bem dela e eu não conseguia achar piada. Demorei cerca de 3 episódios até me habituar às personagens. Comecei por delirar com o Cosmo Kramer (Michael Richards), genial na sua loucura. Depois embrenhei-me no grupo. George Constanza (Jason Alexander) é, e será sempre, um amigo. Um g'anda totó, chico-esperto, mesquinho, medíocre, um cromo inesquecível. Quem sobrevive a pais daqueles merece tudo de bom! A Elaine (Julia Louis-Dreyfus), o Jerry (Jerry Seinfeld), mesmo o Newman (Newman!), tornaram-se visitas habituais. A lembrança do episódio da esponja (spongeworthy) é sempre acompanhada de uma gargalhada (no mínimo).
Em 2º lugar está "Will & Grace". Tem episódios que posso ver e rever 4 e 5 vezes. Piadas que nunca esperei ver numa séria americana, de tal forma violam o espírito do "politicamente correcto". Esta série leva o egoísmo a novos patamares - principalmente Jack (Sean Hayes) e Karen (Megan Mullally), mas também Will (Eric McCormack) e Grace (Debra Messing). O episódio do soutien de água merece um lugar especial.
Em 3º está "Coupling" (ou "Ligações", em Portugal). Trata-se de uma série inglesa - curiosamente, foi produzida uma série-espelho com actores americanos e os mesmos argumentos, com metade da piada. Os discursos de Steve (Jack Davenport) sobre as almofadas que vivem nos nossos sofás, ou sobre o filme "O Inferno do Espancamento Lésbico", são momentos altos. Jeff (Richard Coyle) é um verdadeiro sábio, um filósofo.

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Spoooooooorting

sábado, janeiro 28, 2006

Hoje



Hoje, para mim, não existe Benfica. Só Sporting. Ganhar. 2 - 4. Verde. Esperança.

Trivial Pursuit

Que restaurante é este?

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sexta-feira, janeiro 27, 2006

O Grande Pedagogo

E, abruptamente, o mais "florentino" dos intelectuais à portuguesa afirma que "os partidos políticos democráticos conhecem uma lenta, mas segura, dissolução".
Note-se que, segundo Pacheco Pereira, esta sua afirmação "deve ser lida com um grão de sal, e acima de tudo não deve ser tida como uma constatação de um facto" para, mais à frente no mesmo primeiro parágrafo dizer que ela "Não é um juízo de valor, é uma constatação de facto".
Desde logo, interrogo-me sobre o que é "ler com um grão de sal"... Deve toldar a vista, mas isso são pormenores. Fica-me, depois, a dúvida sobre as "constatações de facto", mas isso são minudências.
O que mais me surpreende é JPP aparentar só agora ter percebido o que está, desde há muito, a passar-se em termos de representatividade politica. Honra lhe seja feita, nunca pactuou com "santanices" nem semelhantes desmandos, mas ninguém duvida que o ex-maoísta sabe o que diz e, sobretudo, quando o diz. Com a vitória de Cavaco Silva, o homem que tem colunas nas revistas e jornais, aparece na televisão, domina a blogosfera e é uma "eminência parda" do regime gere magistralmente a sua "agenda" e os seus timings. JPP diz agora que "o velho modelo que combinava (nos partidos) a pedagogia cívica com máquina eleitoral já não existe".
É sabido que, a JPP, sempre agradou a parte da "pedagogia cívica", renegando a "máquina eleitoral". Agora, respaldado na vitória de Cavaco, o "grande pedagogo" volta a atacar. Se o seu contributo for determinate para a reformulação do "core" partidário, vem por bem.
Mas o problema, o exacto problema, é que creio que sempre desagradou a JPP a possibilidade de uma profunda reforma do sistema eleitoral, da criação de círculos uninominais, de dar "carta de alforria" à expressão daquilo que o próprio designa como "'Partes' da sociedade, das classes, dos grupos, dos interesses, das representações políticas e ideológicas".
Creio que JPP não combate o fim da exclusividade representativa dos partidos, pelo contrário, defende que os partidos devem reflectir e transformar-se para "engolir" essas pulsões sociais.
Porque isto da Democracia e da política não é coisa para o povo, demasiadamente estúpido para compreender o alcance profundo das coisas. Esta serena "revolução" é coisa de intelectuais, devidamente pensada e avaliada. Andamos a ouvir, ver e ler JPP há muitos anos. E nada tem mudado. Mas agora, com novo alento, o "perceptor" de Cavaco, o "grande pedagogo", está de volta, para nos dizer, pobres ignorantes, como é.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Mais um teste, moderado mais moderado é difícil

Fiz mais um teste, o da moda na blogosfera, "Moral Politics"




Your Score

Your scored 0.5 on the Moral Order axis and -0.5 on the Moral Rules axis.
Matches
The following items best match your score:
System: Conservatism
Variation: Moderate Conservatism
Ideologies: Capital Republicanism
US Parties: Democratic Party
Presidents: Gerald Ford (88.73%)
2004 Election Candidates: John Kerry (83.17%), George W. Bush (71.88%), Ralph Nader (70.52%)

Statistics
Of the 152665 people who took the test:
2.2% had the same score as you.
33.8% were above you on the chart.
54.4% were below you on the chart.
28.4% were to your right on the chart.
60.1% were to your left on the chart.


Depois do anterior, "Political Compass", este coloca-me também no "centro moderado", mas um pouco mais à direita. Mantém-se a tendência libertária ténue, no entanto. No fundo, os resultados dos dois testes não divergem muito, parecendo-me este ligeiro "descair" para a direita mais conforme com aquilo que penso. Mas a variação entre os testes é quase marginal.

Ideologias...

(revisto)
Na sequência dos comentários a esta posta, resolvi ir fazer "o teste" , para tentar descobrir onde poderia, de acordo com as "doutrinas dominantes", situar-me politicamente. O resultado foi algo surpreendente:

De acordo com a "máquina", sou moderadamente de esquerda e libertário (Economic left/right: -3,13, Social Libertarian/Authoritarian: -3,59). Não consigo reproduzir aqui o gráfico (um ficheiro htm, seja lá o que isso for) com os eixos e a minha posição relativa, mas as personagens de que mais me aproximo politicamente são, segundo o "Political Compass", Nelson Mandela e o Dalai Lama!?!

Estou, assim, próximo de pessoas que muito admiro, serenos lutadores por grandes causas, pacifistas moderados. Mas, num País integrado em plena economia global, que não tem apartheid nem está ocupado por uma potência estrangeira, estas referências políticas não deixam, creio, grandes pistas. Vou tentar conhecê-los melhor, nomeadamente em questões económicas e de mercado, porque no que se relaciona com a defesa da dignidade do ser humano, não podia estar em melhor companhia. Até agora, a minha grande referência política era Churchill, um tudo nada mais...aguerrido que Mandela e Dalai Lama. Será que, com um estudo mais aprofundado do pensamento destes dois, vou conhecer-me melhor?

Vão lá, sigam o link e façam o teste. Mais uma vez: The Political Compass (a "Bússola Política"). Talvez tenham surpresas. Eu tive. Ah, e depois dêem conta dos resultados, aqui nos comentários.

Cheguei a este teste por uma sugestão do Musicologo, deixada na caixa de comentários d' O Espectro, de Constança Cunha e Sá.

Viva a Sociedade Civil

Em Portugal existe um respeito quase reverencial pela "sociedade civil". Desde uma etérea entidade a quem entregar a gestão da RTP-2 até uma nebulosa ideia de regresso à sociedade primordial, sem pecado original, a sociedade civil tudo acalenta.
Nestas Presidenciais o tema voltou à baila. A vitória de Manuel Alegre é glosada de uma forma mais simpática na medida em que foi apoiada pela tal "sociedade civil", sem recurso aos maléficos partidos, tradicionalmente sedentos de poder e verdadeiras agências de emprego.
Esta ideia é perigosa.
Os partidos são os agentes por excelência da democracia.
A democracia exercida directamente pela sociedade civil dá asneira da grossa.
Quando a sociedade civil se põe a fundar partidos, é o descalabro (apesar de enriquecer de forma sublime o anedotário nacional). Desde o PSN ao PH, passando pelo PND, é hilariante a ronda de cromos que nos vai passando à frente.
Perco a vontade de rir quando este fenómeno atinge proporções mais sombrias e pantanosas - Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras e Isaltino Morais; especialmente os últimos 3.
Pode ter passado muito tempo, mas quero aqui deixar um desabafo:
A "sociedade civil", quando largada à solta, tende a votar estupidamente.
Valha-nos o exemplo das gentes de Amarante para continuar a acreditar no tão propalado bom-senso popular exercitado nas urnas, e pensar que o que sucedeu em Felgueiras e em Oeiras são as excepções.
Este pensamento deixa-nos mais tranquilos, sem dúvida. Mas não deixo de pensar no que leva pessoas normais a votar nesses indivíduos. Existe um arquétipo, já desde há 30 anos, que poderá ajudar a entender o que se passa: refiro-me ao batráquio que vive no Funchal. Será que a sociedade civil prefere políticos corruptos, ladrões, burgessos, mas que desenvolvam as suas terras (contra as leis, contra a ética, contra tudo e contra todos)?
Enfim, voltarei a este tema. Quero desde já deixar aqui uma nota adicional: desde há muito tempo que não temos tão bons políticos à frente dos dois maiores partidos.
Sócrates está a ser um bom primeiro-ministro (apesar dos demasiados erros cometidos, não tem medo de afrontar os interesses corporativos. aliás, também não tem alternativa...).
Marques Mendes tem demonstrado ter princípios sólidos, o que é novidade num líder de oposição.

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quarta-feira, janeiro 25, 2006

Olhá crise fresquinha, há frut' ó chocolate


"Millennium bcp regista lucros recorde em 2005
Os resultados líquidos consolidados do Millennium bcp cresceram 24,2%, para os 753,5 milhões de euros no ano passado, o que representa um máximo histórico, anunciou o banco esta terça-feira em Lisboa. " in Diário Digital
Esta notícia incomoda-me. Nada tenho contra quem ganha dinheiro, muito dinheiro, bem pelo contrário. Mas esta notícia incomoda-me, sobretudo na parte do "máximo histórico". Decididamente, a crise, quando nasce, não é para todos. Felizmente, ainda temos o sol. Ainda...

terça-feira, janeiro 24, 2006

Por falar em imagem de Portugal

Repare-se neste exemplo do El Pais. A imagem que Portugal quer dar de si passa também pela imagem que os portugueses dão uns dos outros. Ora, os nossos compatriotas ouvidos pelo correspondente do diário socialista espanhol em Portugal não hesitaram, por um segundo, em chamar estúpido e preguiçoso ao seu próprio povo.
Somos os labregos que esperam por um messias, um salvador. Não trabalhamos, preferimos contrair empréstimos para ir para o Brasil. Somos cobardes ("nosotros no tenemos coraje", Pedro Rosa Mendes).
Enfim, um chorrilho de queixas e lamúrias, proferidas por pessoas que vão de Teodora Cardoso a José Gil, passando pelo já citado Pedro Rosa Mendes ou Rui Cardoso Martins...
Triste imagem. Seria impensável, creio, ouvir um espanhol a dizer tantas coisas más acerca do seu povo. Eles, os que falam, devem ser perfeitos nas suas vidas. O mal é dos outros, dos portugueses, essa cambada. Desditosos portugueses, que tais compatriotas têm.
Parece não ter ocorrido a estas mentes iluminadas que Cavaco ganhou porque era o menos mau dos candidatos. Só isso. Ninguém está à espera que ele resolva miraculosamente os problemas (que são muitos) do País. O que os portugueses fizeram foi, sobretudo, rejeitar outras propostas, bem menos interessantes. Os portugueses, convençam-se, caras elites intelectuais, não são estúpidos. E, sobretudo, merecem mais respeito e consideração da vossa parte, cambada de arrogantes...

A pedido



Nos comentários a um post aí para baixo, um amigo aqui do revisão pedia outros... ângulos de abordagem a Scarlett Johansson. Nós nem queriamos voltar ao assunto, mas já que insistem...

segunda-feira, janeiro 23, 2006

A Bem da Imagem de Portugal no Mundo


Toda a gente sabe que (às vezes) uma imagem vale mais do que mil palavras. E, no caso do nosso Presidente "to be", dados os seus conhecidos dons de oratória, receio que o balanço seja ainda mais desproporcionado.

Por isso me parece tão urgente e necessário que o país tome nota do grave atentado à nossa imagem no Mundo que se levanta no horizonte. E que rapidamente, e em força, sejamos capazes de tomar as devidas precauções. Antes que seja tarde.

Se queremos militar no pelotão da frente da Europa moderna e desenvolvida não podemos vacilar nem mais um minuto. É preciso resolver, e já, o problema da roupagem da futura Primeira-Dama da Nação.

Convoquem as elites da moda. Telefonem à Ana Salazer. Avisem a Moda lisboa. Façam qualquer coisa. Mas, por favor, mudem os hábitos à senhora e digam-lhe para deixar a 'valise' de mão em casa.

Imaginem o dinheiro que vamos ter de gastar em campanhas de promoção no estrangeiro para apagar as fotografias da Hola da cabeça dos espanhóis.

Rebaldaria-Geral da República

Sua Excelência, o Procurador-Geral da República, prescreveu.

Caiu de maduro e, pura e simplesmente, perdeu toda e qualquer capacidade de exercer o cargo. Haja alguém que tenha a bondade de o avisar, se ele não chegar lá sozinho.

E se por acaso o homem resistir e ensaiar uma fuga de fininho por entre um qualquer discurso cheio de pompa e circunstância digam-lhe assim:

- Ó pá, então tu tens uma rapariga no estaminé que dá o sumiço a uns documentos quentes e depois os tenta vender por fora a uns maltrapilhos que andam a fugir com o rabo à seringa? E depois queixas-te?

- Ó pá, então tu andas durante uma data de tempo a dizer à malta que está tudo bem com a investigação dos meninos e depois a gente descobre que aquilo afinal é um relambório e está tudo coxo e se calhar os gajos ainda se safam? Tu tás maluco?

- Ó pá, então tu deixas que os teus gajos se chibem por dá cá aquela palha, e depois ainda tens a lata de tentar fechar a boca à malta dos jornais com ameaças de porrada? Achas que vais a algum lado com isso?

- Ó pá, então tu deixas-te apanhar com a lista de mercearia dos escutas na mão? E logo aqueles? Tu andas a dormir em pé, ou quê?

- Ó pá, tu deixas-te ir a S.Bento e fazes aquela figura triste enquanto a minorca da Ana Drago te morde as canelas até ao osso? E com os mirones da tv a verem? Tu nasceste ontem, pá?

O que é que tu estavas à espera? Agora, tás fodido.

Bandeiras



Um dos aspectos que deve ser analisado no rescaldo destas eleições é o da actual falta de "bandeiras" políticas fora do "centrão". O "anti-fascismo" e, do outro lado, o "fascismo", entraram definitivamente para o espólio museológico da democracia. Esta é uma grande vitória dos portugueses.

Penso, aliás, que esta seria uma óptima ocasião para se proceder ao rearranjo do estapafúrdio espectro político-partidário português. Para quem ainda não entendeu, a vitória de Cavaco Silva resulta, no essencial, dos mesmos votos flutuantes que deram a maioria a José Sócrates. E o que querem estes "eleitores flutuantes"?

- Que "o trabalho seja feito" - Que se reforme, decididamente, o Estado. Que o seu peso na economia diminua. Que se dê cada vez menos espaço aos compadrios, corporativismos e negociatas. Que nos tirem desta estagnação, triste e sem esperança. Quem votou Cavaco foi quem ainda tem uma última esperança de que Portugal, sem tergiversações, pode ser um País viável. Quem olha para o futuro, mais do que para o passado.

Esta é também, curiosamente, a mesma "população eleitoral" que votou em Alegre. Aquela que está farta da arrogância, autismo e exclusividade dos partidos, de quem acha que a sociedade civil é mais pujante do que aquilo que lhe reconhecem, de quem rejeita "donos" do País e da política. De quem acha que PS e PSD, o tal bloco central, são iguais. Alegre, na óptica dos eleitores, é instrumental, servindo de recado a TODOS os partidos. Os portugueses que decidem eleições já não votam nestes partidos, que são uma espécie de "albergues espanhóis". Ouvem as propostas e escolhem a que melhor lhes serve. É uma prova de maturidade.

Claro está que, para muitos analistas, a votação em Alegre é a votação dos descontentes com Sócrates: não é. Esses, na sua maioria, votaram Soares. Sócrates, as políticas de Sócrates, o PS de Sócrates, não se revêm em Soares. Com a rejeição de Soares (mesmo através de uma votação mais expressiva em Alegre) o eleitorado dá força ao Governo, abrindo-lhe caminho a reformas mais profundas.

A actual maioria no governo e na presidência é uma e a mesma maioria. É uma maioria de "centro-ainda-estatizante", não obstante o governo de Sócrates ser, talvez, aquele que está a por em curso as políticas que mais combatem a "estado-dependência" instalada em Portugal desde bem antes do 25 de Abril. Sócrates e Cavaco são gémeos políticos e aliados. Podem, os dois, fazer parte de um mesmo partido, que agrupe a ala direita do PS e a ala esquerda do PSD. Eles são os lídimos representantes desse centro amalgamado. Como tal, não agradam nem aos "puros" de esquerda, nem aos liberais de direita.

A direita mais liberal na economia e conservadora nos costumes não se revê neste "centrão". A soma do PP com a ala direitista e liberal do PSD são um outro partido.

A ala esquerda do PS (Alegre e... Soares) podem agrupar-se num outro partido, que engole o BE e vai, paulatinamente, comendo o PCP. Esquerda estatizante e anti-globalizante, seja lá o que isso for. Talvez esta seja uma injustiça histórica para Soares, inclui-lo neste grupo, mas este Soares LBV permite essa injustiça.

Esta é a arrumação partidária que urge fazer em Portugal. Para, quando formos chamados às urnas, podermos saber o que estamos, de facto, a escolher. Para que a culpa não morra solteira. Para que tudo faça mais sentido. Ainda que ganhe o"centrão", as suas políticas serão alinhadas mais à direita ou mais à esquerda, de acordo com os compromissos post-eleitorais necessários para a governabilidade. Aliás, a tendência, nesse caso, será para o esvaziamento progressivo do "centrão", coisa que não é carne nem é peixe, é mais do género alforreca ou, como diria o outro, "pura gelatina política".

Fica-lhe bem.

Faz muito bem, Medeiros Ferreira. Porque a derrota é também sua, na realidade. Sua, e de todos os que fizeram Soares acreditar que ainda é o "homem providencial". Só um grande autismo de toda a entourage permitiu o embarque nessa espécie de messianismo de que, paradoxalmente, sempre acusaram Cavaco. O povo, a democracia, disse. Está dito.

Estás a pedi-las...

A malta andou distraída com a feira presidencial mas agora que acabou a festa chegou a hora de dizer umas coisas àquele senhor ali ao lado com um alvo da testa.
Exmo. Senhor Doutor Souto Moura, prepare-se que vem daí coisa grossa.

Pérolas de rodapé

No meio dos atropelos das comunicações ao país dos candidatos vencidos e vencedores, passaram-se coisas memoráveis:

- No Pinhão a população aproveitou o acto eleitoral para manifestar-se a favor do reforço do contingente da GNR local, pelo regresso dos dois carteiros, e por outra qualquer causa ligada à ponte sobre o Douro cujos contornos, por me estar ainda a rir, escaparam.

- Em Canas de Senhorim 500 lenços brancos assinalaram a despedida do Presidente que lhes negou o estatuto de concelho. Cuidado Cavaco!, que ainda vais ter de lidar com estes malucos megalómanos.

- As senhoras do povo com a revista Homem colada ao peito na fila da frente das televisões. Marketing de guerrilha no seu melhor. (Espero que lhes tenham pago uma bifanita pelo trabalho.)

A província lá se conseguiu intrometer à sucapa na perfeita encenação tecnocrática do cavaquismo presidencial.

Presidenciais 2006

Pontos positivos a assinalar:
1. A vitória de Cavaco. À primeira.
2. A clarificação na esquerda entre PC e BE.
Pontos negativos a destacar:
1. A elevada abstenção que se verificou.
2. A campanha eleitoral. Muito chocha. Verdadeiramente incompreensível, para mim, é como é que na sexta-feira ainda havia 10,1% de indecisos. Estão à espera de quê, afinal, para tomarem uma decisão?
3. Os debates. O formato não é feliz, espero que não repitam.
4. Sondagens (aparentemente) manipuladas, ou pelo menos com resultados totalmente erróneos. Na sexta Mário Soares era dado como estando à frente de Manuel Alegre!
5. A morte política de Mário Soares.
Ponto péssimo, a recear:
1. Já tive oportunidade de referir aqui que não tive qualquer tipo de simpatia pela candidatura de Manuel Alegre. Reconheço que nunca esperei que fosse mais votado do que Soares. Este resultado levanta um problema - MA disputou, há pouco tempo, a liderança do PS com Sócrates. Agora foi candidato contra a candidatura oficial do seu partido, tendo saído enormemente reforçado desse desafio. Em contrapartida, o PS e o governo saem mal desta história.
A maioria absoluta que apoia o governo de Sócrates assenta, obviamente, nos deputados do PS na Assembleia da República. Desses deputados, existirão bastantes seguidores de MA (para lá dele, claro).
Como é que MA irá capitalizar esta vitória que obteve sobre o aparelho partidário? Retirará o apoio a Sócrates? Este cenário pode arrastar-nos para novas eleições antecipadas, agravando o estado da nossa economia e da nossa futura recuperação. Espero que não se verifique, mas sinto MA muito ressabiado e revanchista para me despreocupar. Veremos...

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Cavaco Presidente


Vitória de Cavaco Silva. Felizmente foi à primeira, o que lhe assegura toda a legitimidade. Espero que faça um bom lugar. Será o nosso Presidente nos próximos 10 anos. Parabéns, prof. Aníbal. Boa vitória. Votos que tudo lhe corra de feição.

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Presidente Sampaio - um balanço


Depois do consulado de 10 anos de Sampaio como Presidente, há que fazer um balanço.
Os momentos mais definidores dos seus dois mandatos ocorreram há muito pouco tempo.
O primeiro foi ao dar posse a Santana Lopes. Houve choros, ranger de dentes, até demissões!
Aí, qualquer das duas decisões possíveis (nomeá-lo ou convocar eleições) era legítima, não se colocando a questão jurídica que tantas vezes paraliza a tomada de medidas. Era uma opção estritamente política.
Sampaio tomou a decisão mais acertada. Na altura, pensei que o mais indicado fosse convocar eleições antecipadas. Sampaio não considerou assim, e agora concordo com ele. Santana Lopes mais cedo ou mais tarde iria revelar-se um flop (humor fácil...). Para o interesse de Portugal, seria melhor que o flop se revelasse nas condições em que nos encontrávamos (logo depois de Durão nos ter abandonado, depois da melhor oferta de emprego que lhe fizeram), do que depois de umas eleições que Santana poderia vencer contra Ferro Rodrigues, capitalizando e promovendo a sua "vitimização" (ele nisso é inexcedível).
O segundo momento, apesar de para mim não ter sido tão marcante, será mais passível de ser utilizado como jurisprudência no futuro: tratou-se do despedimento de Santana, já numa altura em que se tornara do conhecimento universal a sua total inépcia para o cargo.
A Presidência de Sampaio foi muito positiva. Espero que o próximo Presidente mantenha o mesmo nível de atenção e de intervenção.

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domingo, janeiro 22, 2006

Ironia


Não deixa de ser irónico ver António Vitorino a comentar e lamentar a "derrota da esquerda" na RTP.

A história é escrita por quem vai à luta. Vitorino desertou do PS,da esquerda e de Portugal.

Tem todo o direito de contrariar as expectativas que ele próprio ajudou a construir, mas...

Cavaco é o PR eleito.

Espero que "a Constança" nunca mais seja chamada à "festança".

Profissionalismo

Das declarações de vitória de Cavaco Silva. Tudo muito profissional. Os cenários, os discursos, a falta de atropelos, a postura e um grande et caetera
E eu gosto de bons profissionais. Claro que a política é mais e pode ser, até, emoção, mas a organização da campanha de Cavaco Silva é notável. Parabéns, Cavaco Silva.
Pela negativa, a falta de profissionalismo e de respeito democrático do staff do PS, com a declaração de Sócrates a iniciar-se quando ainda falava Manuel Alegre. Muito feio.
Parabéns, também, a Manuel Alegre. "Fica a lição", de facto: os partidos não podem fazer o que querem, têm que sentir o povo.
Mário Soares teve a derrota que, ao candidatar-se, só ele não adivinhava. A democracia portuguesa, ao emancipar-se do "pai" é, definitivamente, adulta.

Novas ideias no Merdex


Quero aqui saudar Obelix, um novo membro da redacção do nosso blog "irmão", o Merdex. Já postou aqui, expressando algumas ideias "originais" (desde o papel desempenhado por Mário Soares na "descolonização criminosa" à sua sede de protagonismo, auto-convencimento e arrogância) que ajudam a reforçar a pluralidade democrática da blogosfera.
Não serão ideias com que eu concorde, creio até que derivarão de algumas más leituras que terá feito na sua adolescência, mas julgo que é positivo dar voz às franjas mais extremistas da nossa sociedade. Um abraço!

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sábado, janeiro 21, 2006

Pausa para reflectir ...

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Dia de Reflexão


Pensai, Senhores!

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Lavem-se os cestos


Big news: acaba hoje a campanha para as eleições presidenciais!
Dela, o melhor que se pode dizer é o que está escrito na folhinha da imagem.
Antes da campanha começar, fui aqui deixando algumas opiniões sobre os candidatos anunciados. Logo em Julho de 2005, escrevi esta posta com a minha opinião sobre os mais que prováveis principais candidatos. Em Outubro, esta e esta. Em Novembro, esta. Em Dezembro, esta e esta. Finalmente, já neste mês, com a campanha a todo o gás, consegui entrar no pensamento profundo de Cavaco Silva, aqui, e registei alguns sound bytes pela TV, aqui .
Chegados ao último dia da campanha, confesso que a dispensava. Nada acrescentou, para além de me convencer que Manuel Alegre também nunca será um bom Presidente da Republica. Até simpatizo com o homem, mas o seu discurso, para além do "Há sempre alguém que diz não", é relativamente oco ou piora quando não o é ("dissolvo a AR se o sector das águas for privatizado...")
Aliás, confesso que Alegre, nesta campanha, me pareceu uma espécie de major Valentim Loureiro, obviamente mais culto, polido e aristocrático. Louçã, Jerónimo ou Garcia Pereira? Não, obrigado!
O que me resta dizer? - Gostava de poder votar num dos candidatos. Sei que a política é um exercício de escolhas entre diversas opções. De todas, parece-me que a que melhor servirá Portugal é Cavaco Silva. Mas o homem não será, com certeza, eleito com o meu voto. Cavaco dá uma má imagem de Portugal, na minha opinião. É um tipo de que não gosto. Não me sinto nem um fiozinho de cabelo representado por ele. Não posso, em consciência, votar no Cavaco (e a Maria, senhores, não esquecei a Maria). Assim, sobre as presidenciais e sobre o futuro presidente, disse!

COISAS REALMENTE INTERESSANTES



Não ganhou nenhuma eleição presidencial, nem sequer um Golden Globe Award (assim, em inglês, para não confundir com uma piroseira que, anualmente, a SIC nos tenta impingir).
Mas digam lá se, pelo menos a julgar por estas fotos, tiradas na cerimónia dos "Globes", a menina não merecia ganhar qualquer coisinha?
Uma coisa é certa: como se pode verificar, apresenta um semblante austero quando é necessário, sorri à vida se for caso disso. Onde andaria a Scarlett no 25 de Abril? E de bolo-rei, será que gosta?


PS: com este post pretende-se, além do mais, proporcionar uma lufadazinha neste pivete de fim de arraial presidencial.

Choradinho



Diz o Dever Devamos, numa caixa de comentários:

«Relativamente ao Soares, acho que para além da idade ele teve outros problemas:
- A forma como "arrancou" o apoio do PS quando o Alegre estava já lá com os dois pés;
- A estratégia de dramatização relativamente à candidatura de Cavaco, reforçada com ataques pessoais;
- O menosprezo com que levou a candidatura, pois como ele disse, pensava que era o pai da pátria e como tal estaria acima da democracia (relembro que Soares em eleições recentes e por duas vezes infringiu a lei que impede qualquer tipo de propaganda em dia de reflexão). »

Muito poderia dizer sobre estas questões. Por exemplo, que considero que Mário Soares é de facto a figura tutelar da democracia portuguesa e o principal responsável pela forma como Portugal, sendo uma autarcia corporativista, paternalista e provinciana, se abriu ao mundo e se transformou numa democracia integrada no maior mercado do Mundo. Isso depois de passar por vários combates, em que esteve sempre do lado certo das barricadas: o anti-fascismo, a descolonização, os retornados, a tentativa totalitária do Verão Quente, a integração europeia, etc.
Mas isso já o disse aqui.
Agora o que me fez responder a este comentário do Dever com um post foi a primeira questão abordada: a alegada facada nas costas ao Manuel Alegre. Diz a sabedoria popular que Mário Soares atraiçoou o amigo - e nem sequer lhe telefonou antes!
Eu considero que tenho uma memória razoável. Não leio muitos jornais, não vou a muitos blogs, não vejo muita televisão. Mas leio umas coisas, vou-me mantendo minimamente informado. E lembro-me de algumas coisas.
Lembro-me, por exemplo, que o PS nunca apoiou Manuel Alegre. Quando se falava nessa hipótese, Manuel Alegre assobiava para o lado. Nunca teve a coragem de assumir que era candidato, teve receio, foi calculista. Demasiado "político". Demasiado consciente da sua fraqueza, demasiado consciente do seu carácter de terceira escolha do PS.
Quem avançou com a alternativa Soares foi o PS, também ele demasiado consciente de que Manuel Alegre é um bluff, um balão cheio de ar, sem qualquer hipótese de estragar o desfile festivo de Cavaco a caminho de Belém. Alegre é militante do PS há mais de 30 anos, e se não o é há mais anos é porque o PS não existe há muito mais tempo.
Soares não soube dizer que não ao seu partido, ao partido que fundou.
Alegre ficou sentido com o amigo. Tadinho. Decidiu avançar. Não consta que tenha tido algum cuidado com os seus amigos antes de anunciar a sua candidatura num comício. Amigos que estavam, recorde-se, num dilema difícil: socialistas, militantes do PS, apoiavam o candidato oficial, o fundador, o camarada Mário, o Bochechas, ou aguardavam pelo estado de espírito do Poeta? Pois é, estavam enrascados. Alegre teve o cuidado de os avisar? Pois pois. O tanas. Atraiçoou-os? Claro que não! Foi atraiçoado por Mário Soares? Evidentemente que não!! Então se ele andava indeciso e a fazer-se difícil há tanto tempo, havia de ser o Mário Soares o culpado do PS continuar à procura dum candidato credível, apresentável, para levar às urnas?
Enfim. Mas acima de tudo, a campanha de Alegre tem sido rasteira. Nojenta. Capitalizou a sua pseudo-vitimização, capitalizou o tradicional asco que os portugueses sentem pelos partidos políticos, tem uma bela colocação de voz, escreveu uns fadunchos, e é tudo.
Está a prestar um péssimo serviço à maturidade cívica e democrática do povo português.
Porque se candidatou? Não.
Pela forma como tem atacado os partidos (apesar das suas décadas de militância partidária) e os políticos (apesar de o ser há mais de 30 anos).
Renegando as suas convicções mais profundas. Ou (só) agora, ou nos últimos 30 anos. É dose.

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quinta-feira, janeiro 19, 2006

Eu, Manifesto

Eu, Malagueta, cidadão votante deste Portugal, declaro sobre os candidatos cujo nome vou ver no boletim de voto no próximo domingo. Por ordem de sorteio.

Garcia Pereira, O Totalista
Presidenciais, Legislativas, Autárquicas, e suspeito - a ignorância, e falta de tempo, não me permite confirmar - também para a Junta de Freguesia. É impressionante, o homem vai a todas. Parece um forcado, cheio de gana e genica, que mal vê sombra de um boletim de voto agarra-se a ele sem dó e compaixão - principalmente por nós que nos cansamos de o ver calcorrear os noticiários televisivos a reboque da imparcialidade mediática.
A mim lembra-me um daqueles tios por quem não tenho uma especial ligação afectiva, mas que me habituei a ver em todas as reuniões familiares. No dia que deixar de aparecer se calhar vou-lhe sentir a falta. Agora, não.

Aníbal Cavaco Silva, O Falso Messias
Não gostando da personagem, e não querendo que saia vencedor destas eleições, também não me parece que a democracia portuguesa esteja em perigo, ou que venha especial mal ao País, por o termos como presidente. Não. O que me irrita solenemente é ver o equívoco histórico que infecta a percepção de quase metade dos meus concidadãos.
Essa ideia peregrina, que até já deu canção no folclore da campanha, que o candidato Silva é competente, honesto, e nos vai salvar a todos e ao País. Aos meus olhos isto é falso e trai os factos, para além de ser tão demagógico que o Bloco de Esquerda deve andar com ciúmes. Senão, veja-se.
O candidato Silva conduziu os destinos do Governo durante 10 anos e o que é que aconteceu? Portugal teve o maior impulso de desenvolvimento económico e social do período pós-25 de Abril. É verdade. Mas devemo-lo a ele, ou ao dinheiro e directrizes da União Europeia, que provocaram alterações profundas na organização económica do país e explodiram a diminuta capacidade de investimento do Estado? Este senhor mudou alguma coisa de estruturante e relevante na forma como o Estado vai à sua vida? Da cabeça do seu Governo veio alguma orientação estratégica para o país que tivesse efectivamente resultado em algo mais do que uns inflamados discursos de circunstância para enganar a populaça? Gastou-se uma pipa de massa para colocar um satélite em órbita, é certo (ó Pátria, levantam-se as almas!), mas o país mudou para melhor?
Não. Não mudou.
Não bastante ainda tivémos de aturar a sua pose de superior inteligência que tudo sabe e tudo resolve.
Para mim, a grande infelicidade de toda esta história é que esta imagem messiânica que parece existir do candidato Silva não o seria se esse grande palerma que dá pelo nome António Guterres não tivesse deitado por terra a confiança de um Portugal que acreditava.
A fechar, lembro-me ainda que nos tempos idos este senhor tinha hesitações sobre a União Europeia (oh, Thatcher, volta para trás), e o Santana Lopes como Secretário de Estado da Cultura (?!).
Candidato Silva, não obrigado.

Francisco Louçã, O Iluminado Canhoto
Rapaz dado aos livros e ao estudo sério, eminente farol do economês luso, é orgulho supimpa de uma certa esquerda burguesa que aprecia as coisas boas da vida, e se revê numa ideia de último reduto independente das maquinações partidárias. Especialista das contas, e perito na palavra, daria um espectacular líder de direita. Mas deu-lhe para o outro lado e assim se perdeu uma bela oportunidade política. Até porque daquele lado da barricada a questão resume-se a ver por quanto tempo ainda os comunistas de bifana à boca vão resistir à marcha do tempo.
E, embora até o compreenda, não aceito a instrumentalização grosseira que o BE, com o Francisco Louçã à frente, tem feito destas eleições assumindo-as despuradamente como um tempo de antena para programas de governo.
Até lhes prefiro os comunas. Sempre são mais típicos, com o Avante e a foice.

Manuel Alegre, O Poeta Excursionista
Um pulinho à raia para ver o sítio do pulo para a fuga do exílio. Um beijo no busto do Miguel Torga porque este homem era - e ainda é - grande. Uns tirinhos aos pratos para prazer dos senhores telespectadores que assim podem ver como eu amo a terra-pátria. Conhecem aqueles folhetos para excursões de terceira idade? Do tipo "Visita a Fátima. Com partida de manhã da Praça das Cebolas, passeio pelo Santuário, oferta de uma imagem da santinha. Volta a Lisboa. Asterisco: Farnel não incluído". É o que esta campanha do Manuel Alegre me faz lembrar. Se calhar como negócio tem pernas para andar - Viagens À Memória da Democracia -, mas como proposta de candidatura não vai longe. É irrelevante e inconsequente.
O melhor resumo de substância que vi do Manuel Alegre foi-me dado por uma peixeira de Matosinhos - grande terra! - quando ele por lá se passeou em homenagem-que-depois-não-foi ao falecido Sousa Franco. Dá um grande chocho no candidato e dispara à queima-roupa: ó Senhor Doutor, você é o mais giro deles todos.
Coisa que deve ter deixado o Manuel todo Alegre.

Jerónimo de Sousa, O Risco no Disco
Confesso que me sinto dividido pelos comunistas. Por um lado, admiro-lhes a constância de ideias e ideais. Pelo outro, cobro-lhes a incapacidade de se adaptarem ao mundo de hoje. Se há partido necessitado de uma 'terceira via' é o PCP. Era útil para eles e para nós, porque considero que a paisagem política nacional precisa do PCP para meter umas buchas polémicas no Parlamento. Senão quem é que vai defender as causas do aborto, da regionalização, e outras coisas importantes de se falar, que tantas vezes caem pelo chão vítimas das oportunidades do Bloco Central. O BE é que não é, porque pelo meio de tanta demagogia barata acabam por ser desonestos.
Quando o Jerónimo apareceu nas legislativas o homem surpreendeu os Portugueses com um discurso mais simpático e menos institucional. Falou com palavras mais simples e mais familiares, distante da praxis comunista. Depois de décadas de Cunhal a coisa fez alguma mossa e segurou o eleitorado. Mas chegou a hora desta campanha e o que é que se ouviu? A lenga-lenga do costume, mas agora pior, sem o apelo e simpatia da outra vez. É pena porque o Jerónimo perde, o PCP perde, e o País e nós também.
Até amanhã, camaradas.

Mário Soares, O Pápa-Pátria
Velhote, o tanas. Devia ter sido o grito de guerra da entourage socialista para esta campanha. É verdadeiramente incrível a resistência que mostra aos 81 anos. Impressionante!
É verdade que vê-lo novamente sentado na cadeira da Presidência não é coisa que me leve às lágrimas, mas de todos os que se apresentam a votação ainda me parece a melhor escolha. Porque se é para olhar para um passado de combate pela democracia o homem bate-os aos pontos. Porque se é para olhar para um passado de interesse pela economia do país os acordos do FMI - que foram difíceis e polémicos, mas necessários -, e a opção decidida por um futuro europeu, demonstram-no efusivamente. Porque se é para olhar para um passado de capacidade de leitura estratégica a crítica feroz à guerra do Iraque não deixam margens para dúvidas.
Porque não há melhor.

DECLARAÇÃO DE VOTO

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quarta-feira, janeiro 18, 2006

Resignação

Acabadinho de consultar nos Frangos para Fora, não resisti à tentação de roubar a foto. Desculpem... Mas está genial, reconheço.

Noutro aspecto, tenho também de reconhecer uma outra coisa: Aníbal Cavaco Silva, o simpático alien da imagem ao lado, vai ser o nosso próximo Presidente da República. Não posso dizer que esteja muito satisfeito com isso, mas também não posso dizer que esteja preocupado com o futuro da democracia, e tal. Isso são balelas.

Considero apenas que não é a opção mais indicada.

Na realidade, as alternativas não eram famosas. Mário Soares não conseguiu ultrapassar o seu grande handicap, a idade. Manuel Alegre não passa de um poeta marialva de voz radiofónica... os restantes não contam verdadeiramente, pois não?

Espero que Cavaco tenha evoluído nestes últimos 10 anos. Não o creio, mas tenho essa esperança.
No domingo, vou votar no Mário. É o mínimo que posso fazer por ele, por tudo o que ele fez por nós, pela democracia, pela liberdade, pelo desenvolvimento, pela Europa, por Portugal.

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terça-feira, janeiro 17, 2006

A treta da "linkagem"

Vou desabafar. Esta treta da "linkagem" já há muito que me anda a meter galo. Passado algum tempo de ter fundado o RdM (com o ilustre "desaparecido" Malagueta), já lá vai quase um ano, aprendi a fazer links. Comecei a pôr, ali na coluna da direita, ligações a alguns dos blogs que visito mais assiduamente. Sem estar à espera de qualquer espécie de contrapartida.
Obviamente que, passado um ano, esperava que o RdM já estivesse também linkado em muitos outros blogues. Mas, até agora, quase nada...
Estamos linkados permanentemente pelo Bichos Carpinteiros e pelo Mãos ao Ar e já fomos ocasionalmente linkados pelo Bloguitica e pelo Blogouve-se.
Para além destes, constamos na coluna de links do Merdex, do Revisão da Jornada e do Rantanplan, mas isso é tudo gente "cá da casa".
Mas que porra...
Porque será? Esta falta de "linkagem", este défice de notoriedade, faz-me por vezes pensar que, afinal, não dizemos nada de jeito e/ou escrevemos mal. Pequenas crises existenciais, que querem...
Ou será que os blogs "de referência" só se linkam uns aos outros e, pelo caminho, aos blogs de jornalistas ou de personalidades mediáticas, perpetuando assim um círculo vicioso (ou será virtuoso?) que mais não faz do que mimetizar o "main stream" dos media portugueses?
Eu sei que andam por aí muitos blogs interessantes dos quais ainda não dei conta e que, provavelmente, até merecem aqui um "linkezito"... mas é difícil furar o "bloqueio".
Assim, apelo a quem, por acaso, acaba por descobrir o RdM: deixem o link dos vossos blogs nas caixas de comentários, para que a gente vos possa descobrir.

Novos links

Comecei a escrever aqui há cerca de dois meses. Tempo para me habituar a este ambiente. Tempo para convencer o El Ranys a fazer-me administrador deste blog (apesar das nossas pontuais desavenças republicanas...).
Correndo o risco de acharem que estou a "armar ao pingarelho" (expressão imortal já antes utilizada neste blog), tomei a liberdade de trazer uns tarecos meus para a coluna da direita: alguns LINKS de que gosto.
Começando pelo Being José Mourinho, "uma expressão, em formato blog, do José Mourinho que existe em todos nós". Quantidade reduzida, elevadíssima qualidade de postas.
De seguida, os Queridos Anos 80. Nostálgico. A não perder: a última sexta-feira 13 trouxe um brinde - a tradução de um poema fabuloso que guindou os Modern Talking a ícones do mau gosto intemporal. Aaaaargh! Dá para relembrar Sigue Sigue Sputnik, Billy Idol, Mike Scott, Sabrina, Simon Lebon, Sheena Easton. Eclético. O tempo parece voltar atrás, por momentos, à época do acne, das festas de garagem, do boom dos telediscos...
O blog Olhe que não, shô doutor! Olhe que não... tem pérolas que têm de ser divulgadas. Atente-se neste magnífico poste. Depois de o ler, o terceiro segredo de Fátima torna-se uma evidência. O que uma mulher não faz por pura calhandrice...
O Daltonic Brothers é um blog artístico. BD, cinema, boa pinta, humor.
Roma Antiga é, segundo creio, uma das apostas mais originais da blogosfera. Escrever, explicar e divulgar os costumes da Roma Republicana e Imperial num blog especializado é das boas surpresas que tive na internet.
Bem hajam todos por me fazerem sorrir, pensar, sonhar.

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segunda-feira, janeiro 16, 2006

Prescrever dívidas

Ao amigo ou amiga do Brasil que chegou a este blog à procura de uma "matéria" sobre "prescrever dívidas", lamentamos a desilusão.
Aconselhamo-lo a procurar por aqui.

Bocejo III

O Mário Soares que ouvi agorinha mesmo, no telejornal, afirmar sem sombra de hesitação que nunca recusou nenhum debate com ninguém, será o mesmo que, não há muito tempo, recusou um debate com Paulo Portas, acrescentando delicadamente "ele que cresça e apareça"?
Que desfaçatez.
E o Cavaco Silva que vi agorinha mesmo, no telejornal, no seu cachecolzinho Burberry's, sem um esboço de sorriso irónico, afirmar que não aceitava mais nenhum debate porque não quer contribuir "para descredibilizar a democracia" (assim, sem mais), vai mesmo ser o próximo Presidente da República?
Irra...

domingo, janeiro 15, 2006

Leica foto



(clique nas imagens para ampliar)

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Jornadas de Divulgação

Consciente das suas obrigações sociais e de várias lacunas na cultura da nossa sociedade, o Revisão da Matéria inicia hoje aqui uma secção de divulgação que bem se poderia apelidar de "Você Sabia Que..." e que promete revolucionar algumas ideias feitas e desfazer os fundamentos de diversos mitos firmemente implantados no nosso subconsciente colectivo.
Eheheh!
Não é nada disso, pá. Apenas queria partilhar convosco uma coisa sobre sexo que descobri há algum tempo e que me deixou surpreendido.
Trata-se de uma receita. Uma receita para fazer filhos.
Julgava eu, na minha enorme ignorância, que quando um casal andava activamente a tentar uma gravidez, o fazia baseado essencialmente na quantidade de remates e não necessariamente na sua pontaria, passe o linguajar futebolístico.
Imagens de filmes vêm-me à memória (por exemplo o saudoso Alfredo, Alfredo, com Dustin Hoffman), com homens frenéticos a sairem dos empregos a meio do horário laboral, escravos do método das temperaturas, os colegas de escritório exuberantes a fazerem claque e as colegas a oferecerem receitas de gemadas "infalíveis".
O regresso sorumbático ao trabalho depois de mais uma tentativa, sob o olhar compassivo das colegas e o escárnio dos colegas, sempre prontos à piada boçal ("precisas de ajuda? eheh"), enquanto palitam os dentes com a unhaca do mindinho.
O sexo ditatorial, com horas marcadas, sob o olhar inquisitorial da sogra ("lá vem o paneleirote que a minha filha arranjou sabe Deus onde, que nem é homem o suficiente para me conseguir arranjar um neto").
Uma leitura deste site desfez logo esse mito.
Então é assim: parece que o sucesso na obtenção de uma gravidez está mais dependente da parcimónia do que propriamente do esbanjamento. Também aqui se aplica a máxima dos Monthy Python que copiei na posta anterior ("every sperm is sacred, every sperm is great, ... e por aí adiante, mas retirando a parte da fúria divina).
Por outro lado, e arrumada esta questão da quantidade, vamos à escolha da qualidade, que é como quem diz da marca, do género, do sexo, enfim: menino ou menina?
Dizem os entendidos que os espermatozóides Y, de que resultam meninos, são mais rápidos dos que os seus parceiros de brincadeira, os X. Por outro lado, devido talvez a essa mesma lufa-lufa do dia-a-dia, a andarem sempre numa correria, vivem bastante menos que os X.
Meninas
Quem pretende meninas deve então ter relações 6, 5, 4 e 3 dias antes da ovulação, devendo abster-se nos dois dias anteriores à ovulação. Os Y hão-de correr incansavelmente, de um lado para o outro, até caírem para o lado. Os X vão-se mexendo devagar, mas aguentam-se até 6 dias. Faz sentido. Nos dias subsequentes à ovulação, não devem ter relações.
Sendo mais rápidos, os espermatozóides Y têm um poder de arranque superior aos X - ou seja, quanto mais à frente partirem, mais avanço tomam, ou menos recuperação permitem à concorrência. Sendo assim, se se pretende fazer uma menina, mais vale atrasar a linha de partida: posição de missionário, papai-mamãe, feijão com arroz.
Os ínvios caminhos do sucesso nesta área podem tornar-se bastante inóspitos. Parece que aqui quem sofre mais, potencialmente, são os X, já que a velocidade dos Y lhes permite deixar rapidamente os territórios hostis para trás. Como resultado, a mulher não deverá dar largas à sua alegria por estar a fazer uma menina - ou seja, em linguagem médica, "no orgasm for her". Como diria o poeta, "quem faz um filho, fá-lo por gosto". Já quanto a fazer uma filha não se registou a opinião do poeta - aqui está a fundamentação científica dessa lacuna.
Meninos
E meninos, como é que se fazem meninos?, perguntam os leitores do Revisão da Matéria, maravilhados com tanta sapiência e já desaustinados com tanto erro acumulado - "Viste, viste? No orgasm for her. Não podes ser assim, pareces uma lambona, pensa na tua filha!".
Bom, para fazer meninos a receita é fazer sexo entre 3º dia antes da ovulação e os dois dias seguintes, para dar mais hipóteses aos velozes Y. Para aumentar as possibilidades perante os lentos X, a partida é colocada mais à frente, mais perto da meta, digamos assim. Em linguagem técnica, "do it doggy style".
Há um detalhe curioso - ao 4º dia antes da ovulação, "he should ejaculate today but not inside her vagina". Não vamos tecer aqui comentários a acto tão potencialmente indecoroso, a bem da decência e do carácter didáctico deste poste.
Digamos apenas, em jeito de conclusão, que fazer meninos é uma festa: orgasmos permitidos para elas, sexo à canzana. No entanto, deverão ser estabelecidos limites: Não sujar as cortinas, especialmente se a sogra se encontra por perto a preparar gemadas e mezinhas milagrosas.

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Respeitinho, sim?


Every sperm is sacred
Every sperm is great
If the sperm is wasted
God gets quite enraged

Notícia lida no Público de hoje dá nota que numa localidade da Colômbia as autoridades multam os homens maiores de 14 anos que não transportem consigo pelo menos um preservativo.
A medida visa combater a disseminação de SIDA.
O padre da terra não gostou. Modernices, diz ele.
Está no seu direito, evidentemente.
O padre comparou esta medida à "venda de armas na rua".
Ò senhor padre, não estará a exagerar um pouquinho?
O padre referiu que o que "é preciso é educação e respeito pela moral e valores cristãos".
!!!!
Estas ideias pacóvias não provêm apenas de padres pacóvios.
Toda a estrutura da Igreja Católica insiste em defender esta posição insensata.
Combater a SIDA com respeitinho e um chazinho, numa questão de saúde pública, é CRIMINOSO. Constitui até, na minha opinião, um crime contra a humanidade. Em nome de dogmas medievais, colocam em perigo a vida das pessoas.
Há espaço para a moral e para a ética que não passa necessariamente pela abstinência.
O uso do preservativo é um instinto de preservação, não um sinal de imoralidade, licenciosidade, libertinagem, luxúria. A abstinência é que é o comportamento desviante e anómalo.
Parafraseando o outro, é urgente fazer um 25 de Abril na Igreja Católica Apostólica Romana!

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quinta-feira, janeiro 12, 2006

Bocejo II

Senhor candidato, que livro tem na mesa de cabeceira?
- Quem quer ser presidente da república não deve dizer que livros lê nem promover escritores.
Concorda que a insistência do Irão no desenvolvimento de um programa nuclear pode desencadear um conflito internacional?
- Respeito toda a comunidade muçulmana que reside em Portugal e, em especial, a iraniana. Quem quer ser presidente da república deve respeitar as minorias e todos os credos, não se manifestando sobre essas questões.
O que pensa do impasse na União Europeia, com a rejeição da constituição em França e na Holanda?
- A constituição europeia é um assunto que só aos europeus diz respeito. Quem quer ser presidente da república não deve enveredar pelo caminho da ingerência.
E bolo rei? Gosta de bolo rei?
- Respeito também os monárquicos, como aliás respeito todos os portugueses. Quem quer ser presidente da república não deve discriminar os bolos pelas suas convicções.
E em relação à OTA e ao TGV, qual a sua opinião?
- Penso que a OTA é um novo aeroporto e o TGV é um projecto de comboios de alta velocidade. Quem quer ser presidente da república tem que ter essa noção clara.
Sobre a recente polémica em torno da EDP, o que se lhe oferece dizer?
- Os portugueses precisam de energia. Quem quer ser presidente da república tem que estar disponível para transmitir essa energia.
Qual a sua concepção do exercício dos poderes presidenciais?
- Um Portugal maior. Quem quer ser presidente da república tem de pensar, sempre, num Portugal maior.
Em que circunstâncias admite poder dissolver a Assembleia da República?
- Sim, gosto de bolo rei.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Bocejo



Dedicado à campanha eleitoral, ao País em geral e ao mundo em particular.

E especialmente a este senhor.

Enviesamento


Eu acho que a comunicação social trata mal e discrimina o blog "Revisão da Matéria". Nunca falam de nós, nunca fomos citados, somos olimpicamente ignorados.
Na realidade, a comunicação social já elegeu os futuros blogs da República. Nós só andamos por aqui a apanhar bonés. E somos tão bons, temos tantas qualidades...
'Tá mal!

Novo aeroporto

Esta fotografia foi tirada na pista do Campo de Tiro de Alcochete, que tem milhares de hectares (não habitados), já pertencentes ao Estado.

O avião que aparece na imagem é de brincar, um aparelho telecomandado. Tal como brincadeira parece continuar a ser a decisão (irreversível?) de apostar num novo aeroporto na Ota.

Porque razão os terrenos do Campo de Tiro de Alcochete nunca foram considerados nos estudos para o novo aeroporto?

Porque razão só foram estudadas duas localizações (Ota e Rio Frio), sabendo-se de antemão que a última implicava insanáveis obstáculos ambientais, pelo que a escolha recairia, sempre, na Ota?

Porque razão se optou por uma localização que fica a mais de 40 km de Lisboa, em que será necessário proceder a inúmeras expropriações, movimentar milhões de toneladas de terras, construir infraestruturas caríssimas que evitem o alagamento das pistas, as quais, devido à geomorfologia local, nunca poderão ser mais de duas, o que se traduz numa esperança de vida operacional da infraestrutura de, no máximo, cerca de 30 anos?

Porque será que os estudos que apontavam para o Campo de Tiro de Alcochete, alegadamente realizados pela NAER (ou pela ANA, não me recordo agora), foram escondidos e fechados numa gaveta?

Porque será que nenhum membro do governo (PM, MOPTC) responde, de forma satisfatória, a estas perguntas legítimas?

Porque será que tudo isto me parece um absurdo inexplicável? O que é que está errado aqui? O que é que não percebo bem? Senhor Primeiro Ministro, exijo explicações. Podemos ser todos muito estúpidos, mas é sua obrigação ter "paciência democrática" para explicar tudo de forma a que não restem dúvidas de que a Ota é a única opção possível (ou a melhor).

Afinal, podemos estar a falar de um dos maiores erros estratégicos do Portugal democrático. A responsabilidade será sua. Mas quem paga somos todos nós e as gerações vindouras.

A foto foi retirada daqui.

terça-feira, janeiro 10, 2006


Broken Flowers, de Jim Jarmush é, ao que julgo, um filme sobre depressão.
Don Johnston teve sucesso no negócio dos computadores. Enriqueceu e teve inúmeras aventuras amorosas. Um Don Juan.
Agora, a entrar na "velhice", vive nos subúrbios, é abandonado pela circunstancial namorada e passa os dias de fato de treino, num estado "catatónico-vegetativo". Tem uma vida vazia. Mas parece não se importar. Aliás, nada parece importar-lhe.
Broken Flowers é, parece-me, um filme sobre a possibilidade de escolher destinos alternativos e sobre a escolha do nada e da solidão. Um filme sobre o "homem-ilha" que existe (por opção) sem nada mais à sua volta.
Uma questão interessante poderá ser: ele gosta ou não disso? - Eu acho que não. A breve inquietação, introduzida na sua "vida morta" por uma anónima carta escrita em papel cor de rosa, cheira a esperança e a renascimento renitentes. E fátuos.
Bill Murray, quase minimalista na sua representação, é magistral, porque extremamente ambíguo, o que permite, a cada espectador, uma diferente leitura do personagem. Em "Broken Flowers", nada é plano e tudo se passa num registo lento. Este é um "slow movie", que deve ser mastigado e saboreado como verdadeira "delicatessen".
Broken Flowers é um filme de que gostei.
PS: gosto cada vez mais do King, que não é apêndice de nenhum centro comercial nem tem pipocas. É só cinema (e uma livraria e um bar agradáveis).

Este fim-de-semana fiz/não fiz

Da lista que deixei aqui na sexta-feira, não fiz:

- Ler o "Palnisfério Pessoal", do Gonçalo Cadilhe. Vou tentar recuperar durante a semana;

- Ver episódios do "Sexo e a Cidade: ontem já recuperei, vi um (vou no primeiro DVD da 4ª temporada). É certo que esta é uma série de e sobre gajas, mas vê-la não é, decididamente - apesar de algumas opiniões mais marialvas (terá sido "o meu pipi"?) - "coisa de roto".

- Só consegui ver, pelo canto do olho, a segunda parte do Braga - Sporting. Cheguei a acreditar na reviravolta.

- Ganhar o €uromilhões. Acho que acertei um número.

Mas, à lista, acrescentei o seginte:

- Almoço, no Domingo, com gente boa. O belo bacalhau assado e a costela, no "Fuso", em Arruda dos Vinhos.

- Vi o "Broken Flowers", de Jim Jarmush, o que só por si merece um post "dedicado".

Enfim, o balanço não foi mau. O que mais me chateou: a derrota do Sporting e não ter ganho o €uromilhões. Um homem esforça-se, mas a bola é redonda e não sei quê, não sei que mais...

domingo, janeiro 08, 2006

Leica foto

Expresso miserável

Aqui ao lado está a fotografia com que o Expresso entendeu ilustrar a sua manchete de hoje. O grande furo jornalístico, a merecer destaque na primeira págima, é "Soares reconhece que arrancou tarde".
Eu simplesmente considero isto um acto miserável, de pseudo-jornalismo. Baixaria completa. E porque não uma fotografiazinha de Cavaco a comer bolo-rei de boca escancarada? Afinal, seria tão mau jornalismo como esta amostra. Mas claro que não, o Expresso tem o seu candidato escolhido e não o esconde. Não considero isso condenável, julgo até que é saudável um jornal promover esse tipo de transparência. Mas daí a ridicularizar um outro candidato com uma má fotografia é que não me parece ser deontológico.
O grande handicap de Mário Soares é, sem dúvida, a sua idade. Partisse ele para estas eleições com menos 10 anos e seria um cenário completamente diferente!
Já a forma como alguns comentadores tentam denegrir Soares pela sua idade é perfeitamente indecente. É curioso notar que os sectores da sociedade que mais se atiçam contra a idade de Soares são os mesmos que elogiaram piedosamente o sacrifício de João Paulo II. Mesmo com as duas tentativas de assassinato que o debilitaram profundamente, na fase final da sua vida, mesmo com a doença de Parkinson que praticamente o impediu de comunicar, foi praticamente unânime o aplauso dos comentadores. Já Soares, que apesar de ter também uma provecta idade, não padece de qualquer doença grave (as gaffes não são uma doença, são uma característica dele há pelo menos 30 anos), é atacado por todos os lados. É justo, é coerente? Acha que sim?

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sábado, janeiro 07, 2006

Leica foto

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Planos de fim-de-semana

  • Recuperar horas de sono perdidas durante a semana;
  • Tentar encontrar alguma diferença no conteúdo - e não só na forma - do Expresso. Aparte a crónica do Miguel Sousa Tavares, uma boa aquisição, baixas expectativas de sucesso;
  • Jantar de "Reis", no sábado;
  • Não obstante, tentar ver, pela TV, o Braga - Sporting;
  • Ler "Planisfério Pessoal" de Gonçalo Cadilhe (um dos sacanas que mais invejo, não tanto pela forma como escreve mas, sobretudo, pela "forma de vida");
  • Embora alguns digam que "é de roto", ver alguns episódios de "Sexo e a Cidade" (o Rantas emprestou-me a colecção das seis séries, que tiveram tratamento de polé na SIC, tornando-se impossíveis de seguir com um mínimo de sequência lógica);
  • Namorar;
  • Ouvir Lhasa;
  • Tirar fotos com a Leica e passar mais algumas horas a tentar perceber o Photoshop;
  • Ganhar o €uromilhões.



Será que vou conseguir fazer isto tudo?