segunda-feira, fevereiro 28, 2005

A Academia também acha

E os principais "Oscar" foram para... "Million Dollar Baby".
Yeeeehhhhaaaaaaa!!!!!!!

domingo, fevereiro 27, 2005

Portento

"Million Dollar Baby" é um portento. Clint Eastwood é genial.
Estas são as primeiras impressões, eventualmente as essenciais, depois de ter "dormido sobre o assunto" uma escassa noite.
Um filme violento, cru, sem grandes desvios narrativos. "What you see is what you get".
Um filme brutal. E belo. A beleza da redenção, das almas que se encontram, do AMOR - assim mesmo, em maiúsculas. Um filme triste, ou tão feliz quanto o pode ser a natureza humana.
E Clint Eastwood, cada vez melhor. Depois de "Mystic River", tem fôlego para "isto". E, espero, para muito mais. Como produtor e realizador, o que já se disse: um filme limpinho, que "vai ao osso". Só isso, como se isso fosse pouco, ou sequer simples.
Como actor, basta-lhe o olhar. Naqueles olhos, pequenos e rasgados, toda a expressividade, dezenas de anos de sabedoria e sensibilidade. Nada de "método", de "acting", só o olhar de quem vive uma história.
Com filmes destes, reconcilio-me com a América. Clint Eastwood à Casa Branca, já.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

O Independente

Sim, o jornal.
Nas duas semanas imediatamente anteriores ao acto eleitoral, "mancheteou" o envolvimento de Sócrates num alegado processo ilícito que conduziu ao licenciamento do Freeport, em Alcochete.
Da PJ e da Procuradoria vieram os desmentidos - o (então) candidato a PM não estava a ser investigado. Do PS, ouvimos que iriam processar o semanário. Do semanário, a reincidência.
Hoje, no Independente, realizadas as eleições e com Sócrates já indigitado PM, sobre este assunto, nada!
Algumas questões:
Há quanto tempo o Independente tinha aquela informação? De onde proveio? Porque a publicou nas duas sextas-feiras anteriores às eleições? E agora, o assunto, em termos jornalísticos, morreu? E sobre o processo que o PS iria levantar, alguém me sabe dizer alguma coisa?
Uma consideração:
O Independente foi, no tempo do cavaquismo, uma arma de afirmação política de Portas. As capas do jornal marcavam a agenda e tinham o especial dom de afrontar e irritar o poder. Por outro lado, as páginas do semanário celebravam o surgimento de uma nova geração, mais hedonista e menos passadista - uma geração que falava para um Portugal inteiramente democrático e livre dos espantalhos do fascismo e do anti-fascismo. Apesar dos muitos atropelos à verdade que praticava, o Independente era uma verdadeira pedrada no charco, arremessada todas as sextas-feiras.
Para mim, era quase um ritual: quando era dia de Independente, sentava-me na mesa do café e por lá permanecia uma manhã inteira a devorar o jornal, acompanhado com muitas "bicas" e nicotina (ai, os tempos de estudante...).
Com algum saudosismo desses tempos, é certo, custa-me muito ter que considerar que o Independente é hoje um jornal triste, patético, deplorável! Por mim, há muito que deixei de o comprar...

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Bronquite

Estou doente. Foi-me diagnosticada pela médica, simpática - numa clínica privada - uma "ligeira bronquite".
Amanhã fico a trabalhar em casa. Tele-trabalho, portanto.
Começo a sentir os efeitos do choque tecnológico.

O exercício do poder

Sócrates venceu mas não convence. Conquistou - com mérito dele, certamente, mas também com muito mérito dos "marketeiros" de campanha - a maioria absoluta, que acaba por lhe cair no colo quase tão imerecidamente - fruto de um massivo voto de rejeição - quanto o cargo de PM acabou por cair no colo de Santana.

Mas, pelo menos, Sócrates chega lá através do voto popular, o que é muito diferente.
Apesar da ausência de compromissos claros, Sócrates conta assim com todo o benefício da dúvida. Santana nunca contou. Era mau à partida e provou-o em escassos quatro meses.

Os portugueses esperam agora, e para isso votaram como votaram, um governo de quatro anos, com pessoas competentes e qualificadas, as melhores, para endireitar o País e permitir que todos, sem excepção, possamos viver melhor. Porque é disso que se trata: viver melhor.
Não vamos enriquecer todos de repente, com certeza, mas queremos algum desafogo, mais qualidade de vida, num País bem ordenado, onde a justiça, a saúde, a administração pública, a máquina fiscal, a educação e a solidariedade social funcionem bem, com equidade, sem que sejam entraves ao livre desenvolvimento da nossa qualidade de vida.

O exercício efectivo do poder, com o afrontamento de lobbies e corporações, não é, em democracia, confundível com prepotência. Foi para isso, Engº Sócrates, que o mandatámos. Ponha a casa em ordem, exerça sem desvios a sua efectiva autoridade. Dialogue, mas decida, quando tal for necessário, contra os "interesses instalados", contra o Portugal que todos já conhecemos e do qual estamos cansados. Força.

Muito sinceramente, espero, daqui a quatro anos, poder dizer: "estou convencido, Sócrates merecia a maioria absoluta".

PS e o Anjo Rosa

Para um partido que viveu três anos de convulsão interna num permanente calvário de auto-flagelação, entalado entre sucessivos episódios que até o mais imaginativo romancista teria dificuldade em imaginar (duvidam? ferro rodrigues sob suspeita de ir aos meninos, um filho pródigo do líder acusado e enclausurado, facções e mais facções às cabeçadas, conversas de traição de uma referência do partido, o pr, e etcetera) a cambalhota do destino foi... uma sorte dos diabos.

Talvez o PS e Sócrates venham a merecer a maioria absoluta quando no seu devido tempo fizermos o balanço da governação, mas a verdade é que agora ainda não o mereceu. Não foi o PS quem ganhou as eleições, foram os portugueses que fizeram o que queriam: despediram um primeiro-ministro de que não gostavam e em quem não se reviam. Ao PS coube-lhe a sorte de ter a casa arrumada quando teve de ir a votos e a inteligência de perceber que a melhor estratégia para vencer seria estar quieto que nem um rato. A Sócrates é-lhe devido o reconhecimento, porque se há partido que gosta de uma boa refrega é o PS.

Talvez tivesse sido interessante apresentar medidas e projectos para resolver os problemas. (Parece que os partidos costumam fazer isso quando vão a votos. Já não me lembro bem.) Houve conversas de um choque tecnológico mas de tão pouca susbtância apresentada receio que a muita gente tenha feito lembrar um desagradável choque de 220 volts numa tomada mais desmazelada lá de casa. Teria sido interessante e é uma das razões para o PS não dever embandeirar em arco com esta maioria. O país sente-se aliviado com os resultados mas é um capital de esperança enganador. O aluno vai à chamada com a reguada suspensa à espera.

Reunidas as condições para o governo ir à vida em condições cabe agora a Sócrates primeiro, e ao PS depois, a responsabilidade de responder ao desafio. A começar pela escolha dos membros do governo.

Nota final: No discurso da vitória Sócrates desenterrou aquela conversa de colocar 1000 recém licenciados em estágios nas PME. Mais valia estar calado. É patético e não deixa uma pessoa tranquila.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

20 de Fevereiro de 2005

E o folhetim do Governo da Nação chegou ao fim. Com um estoiro histórico que não devia deixar dúvidas a ninguém, mas que, pelos vistos, ainda não chegou para limpar o palco político de algumas personagens infelizes.

Se há um facto essencial a retirar do resultado destas eleições é que uma larga maioria de portugueses (dos 6,4% do BE à inédita maioria rosa) destilava um quase ódio a essa má ideia que é Santana Lopes. Está escrito no Programa Eleitoral do PS em lugar de todas as ideias e propostas concretas que não estão lá. A verdade destas legislativas é que a remoção de Santana Lopes do lugar de Primeiro-Ministro foi a grande proposta de governo do PS, e como se vê esta era uma medida amplamente popular e que ainda por cima não exigiu grandes sacrifícios (algo a que nós como país somos manifestamente avessos).

O bom de tudo isto é que a casa começa a organizar-se. O Durão Barroso fugiu para o exílio dourado de Bruxelas, o Portas teve mais um dos seus ataques de superioridade moral e decidiu-se pela demissão, e o Santana Lopes... Bem, o Santana Lopes parece um daqueles bandidos dos filmes de faroeste que leva quatro tiros à queima-roupa, agarra-se ao balcão em desespero, emite uns quantos impropérios contra quem estiver à mão, levanta-se quando se pensava que estava caído por terra, e parece não querer perceber que quem lhe deu uma marretada terá todo o gosto em lhe dar outra se para tal tiver a oportunidade. É dar tempo ao tempo. Mais pouco do que muito, por favor, porque enquanto mantém o PSD refém da sua liderança, o País vai perdendo o contributo de um partido que é instrumental ao bom funcionamento da nossa democracia. Ainda para mais agora, que o parlamento deu uma brutal guinada à esquerda.

Enfim, não se resolveu nenhum dos problemas de fundo de Portugal mas pelo menos deu-se um passo na direcção certa. Seria até uma bela história de amor se Sócrates conseguisse fazer qualquer coisa de jeito com o mandato cego que lhe demos.