quarta-feira, agosto 17, 2005

Até logo

Algures numa ilha no Mediterrâneo nas próximas semanas, deixo o Revisão entregue às boas mãos e cabeça do Malagueta.
Espero que ele não tenha de me telefonar mais de duas vezes (duas vezes e meia, para aí) por uma razão qualquer. Faço saber à Nação que ele é, para todos os efeitos, o Revisão em exercício.
So long...

quinta-feira, agosto 11, 2005

Aplauso

Aplaudi o bronze de Rui Silva. Aplaudi, no final, a exibição do SCP. Mas com amargo de boca. Triste arbitragem, triste resultado. Mas, em Udine, a malta até pode ganhar, não pode?

quarta-feira, agosto 10, 2005

Conferências do Casino

Será que os que se lançam à discussão, em movimentos tipo "Conferências do Casino", organizarão sempre, na fase da "sagesse", tertúlias tipo "Vencidos da Vida"?
Será uma fatalidade?
Perorar, perorar, perorar sobre as coisas, para que tudo fique na mesma?
Feito o paralelismo, estará aquilo que de útil se produz, em termos de reflexão, nalguns blogues, condenado à inconsequência?
Os tempos são outros, as correntes filosóficas, políticas, artísticas e até económicas são distintas, mesmo as preocupações não serão necessariamente as mesmas dos idos de 1890´s...
Os meios - electrónicos - à disposição potenciam uma maior participação dos que "querem saber" e uma exposição aumentada dos que "querem dizer".
E no fim, sobrevirá sempre o desencanto e desilusão?
Pouco importa. Importa, sim, continuar a dizer. Ainda que ninguém nos oiça.

terça-feira, agosto 09, 2005

Amanhã

E é já amanhã que começa a época oficial do Sporting Clube de Portugal. Lá estarei no meu lugarzinho, em Alvalade, cerca das 21h00, primeiro para aplaudir o Rui Silva e a sua prestação em Helsínquia (transmissão em directo nos ecrãs do estádio) e depois para ver em acção os rapazes.
Este ano, o Sporting (prémio "melhor futebol praticado 2004/2005") está mais forte. Edson tem mais genica que Rui Jorge e remata muito bem. Rochenback perdeu seis quilos. Douala está como nunca o tinha visto. Luís Loureiro é alternativa credível a Custódio. Os putos ainda vão dar que falar (Varela, Semedo e Nani, sobretudo). Se Liedson ultrapassar os acessos de "prima donna", forma, com Deivid, um duo letal. Silva traz músculo e capacidade de choque ao ataque (para quando for preciso). Aparentemente, temos melhor equipa.
Mas a Udinese não é obstáculo fácil. De qualquer modo, espero poder ver, este ano, mais uns joguinhos para a "Champions" no meu "Lugar de Leão". Spooooorting...
(desculpa lá, oh Malagueta...)

Espectáculo...

Em Lisboa chove, chove bem.
Perdoem-me os que estão de férias e querem ir à praia, mas... que espectáculo!

"I' m singing in the rain, singing in the rain
what a glorious feeling
I'm happy again..."

segunda-feira, agosto 08, 2005

Exercício simples

Vai crescendo, nos blogues, nos jornais, nas conversas, a grande interrogação: para onde caminha Portugal?
Isso é positivo, porque vai crescendo a nova "maioria silenciosa" farta do "charco" que, à força de ser tão maioritária, se vai transformando em bruaá e, qualquer dia, se converte em "óbvio ululante".
E, nesse dia, o clamor vai ser tanto que a mudança, obrigatoriamente, acontecerá.
Entretanto, já li alguns apelos curiosos. Por exemplo, alguém que pergunta hoje, num jornal, para onde vamos. Eu respondo: assim, a lado nenhum.
E assim porque, feita essa pergunta àqueles que teriam, por maioria de razão, uma resposta mais nítida - os que "estão" nos partidos políticos - acho que as respostas seriam mais ou menos estas:
- "Quando acabar aqui a "missão", já me prometeram um lugarzinho naquela empresa a quem fiz o "jeito". É para ai que eu vou."; ou
- "Para onde vamos? - Eu acho que ainda vou a ministro, você não faço a mínima ideia..."; ou
- "Quando lá chegarmos, devo ir a assessor. O País? Eu quero que o País se lixe..."
Era assim, ou não era?

sexta-feira, agosto 05, 2005

Memória de Estimação (1)


Luís Osório, por serviços distintos no assassinato d'a capital.

ps: cada vez que reciclarmos a mira deixaremos em artigo a recordação devida.

Mais chamas para a fogueira da OTA

Neste clima de turbulência blogosférica à conta do grande emaranhado em que se transformou a história da necessidade (ou não) de um novo aeroporto para servir lisboa, o interesse (ou não) de o fazer na OTA (ou noutro sítio), e a falta de seriedade e transparência com que o Governo tem tratado este assunto, deixo aqui menção a uns artigos, que encontrei n'o Grande Estuário, que me mereceram leitura atenta.

VPV

Não sou o maior admirador de Vasco Pulido Valente. Gosto de ler as suas opiniões, porque destilam acidez acentuada e, as mais das vezes, arrasam tudo e todos. Mas falta a VPV, para que o possa admirar, um lado construtivo e uma ponta de esperança.
É certo que continuamos na "choldra" de D. Carlos. Mas VPV, talvez pela idade, já não acredita em nada, não vê salvação, é niilista. E isso é uma coisa que me custa a engolir, talvez por ainda ser "novinho". Eu acredito que ainda é possível "arrumar a casa", um dia...
Vem isto a propósito da crónica de VPV de hoje, no Público. Tem razão em tudo o que diz, quando aponta ao PS e PSD e ao pacto (tácito) de partilha do poder, sinecuras e dinheiro entre as gentes dos dois "aparelhos" a responsabilidade (nos tempos mais recentes) pela merda de País em que vivemos. Eles - e as grandes empresas que os sustentam e suportam - são os filhos da nação. Depois há os outros - nós, eu - "gente normal", para quem eles olham como enteados. Somos, está bom de ver, as Gatas Borralheiras deste País e da sua história. Mas "nós" estamos fartos. Acreditamos (eis, VPV, a grande diferença) que é possível fazer melhor.
Dizer mal - no balcão do Gambrinus, no Público, nas tertúlias, na TV - não chega.
Não chega, também, dizer mal neste blog. Um dia, talvez mais cedo do que pensem, alguém vai por ponto final na "choldra". Tudo pode começar por aqui. Quem está farto ponha o dedo no ar.

Bombeiros Voluntários de Portugal

A todos os bombeiros voluntários, de todas as corporações, de Norte a Sul do País, obrigado pela vossa coragem e pelo vosso esforço.
Não sei porque é que o País é martirizado, ano após ano, por este verdadeiro descalabro de fogo. É insano.
Não sei se há responsáveis.
Os proprietários não limpam as matas, os meios nunca são suficientes - por mais que se invista, alguma vez serão? - o calor aperta, a água falta, a formação dos "soldados da paz" pode não ser a mais adequada...
Sinceramente, não sei. Já ouvi falar disto tudo, mas não sei.
Há quem diga que são os que alugam os meios aéreos, na perspectiva do negócio. Há quem aponte o dedo aos especuladores imobiliários. Há quem discuta a "eucaliptização" do País. Eu não sei.
Só sei que isto é um desconsolo. E que, no meio disto tudo, o melhor são os bombeiros voluntários. Mais uma vez, obrigado.

quinta-feira, agosto 04, 2005

Hoje é dia de festa...

Cantam as nossas almas.

Directo voraz

Já não vejo a RTP1 porque me angustia pensar que tudo aquilo é feito com o dinheiro dos meus impostos. Já não vejo a SIC porque tenho mais que fazer do que ver a deriva parola do herman josé, e não gosto de telenovelas. Já não vejo a TVI porque... bem, é preciso dizer alguma coisa?

Mas ainda vejo a 2:. Porque já teve 'Os Sopranos' e 'Sete Palmos de Terra', porque ainda passa documentários que me fazem exercitar as células cinzentas, porque ocasionalmente tem em cartaz um filme menos previsível, porque faz entrevistas, porque ainda não está contaminada pela publicidade comercial. Enfim, ainda vejo a 2: porque está a léguas de ser um canal de qualidade (e nunca se percebeu muito bem o que era aquela coisa da sociedade civil) mas, ainda assim, é do melhorzinho que temos em canal aberto.

E é por ver a 2: que esta semana pude apreciar um daqueles momentos televisivos que ilustra na perfeição os mecanismos de distribuição de informação que impera na generalidade dos orgãos de comunicação nacionais.

Estava a Alberta Marques Fernandes (que, por falar nisto, vocês não acham que está um bocado para o inchada?) a debitar palavreado sobre mais um qualquer caso político no telejornal (tempos férteis estes) quando interrompe a emissão para nos dar conta de que no longínquo canadá um avião da air france estava todo espatifado e a arder. E é aqui que a coisa ganha embalagem: então, excelentíssimos telespectadores, não é que temos uma imagem do avião a arder em tempo real?! Parem as notícias, esqueçam o Governo, as autárquicas e as presidenciais, deixem lá a caixa, a ota e o tgv, o país está a arder mas não faz mal, ó maria deixa lá o bacalhau, suspendam a respiração, que vamos já para o directo.

E toma lá desta. Sinal de uma câmara de vigilância, salta para um canal local, salta para a CNN, salta para a 2:, salta para o televisor lá de casa. Temos coisas a arder (do que até podia ser um chouriço, porque ao avião nem vê-lo), temos auto-estrada, temos carros, temos carros dos bombeiros, temos luzes de emergência, e o comentário de voz necessário e suficiente para se perceber a pertinência de tudo isto nas nossas vidas.

"A CNN está a dizer que o avião saiu da pista." (A sério? Olha, de facto não tinha percebido como é que ele ali tinha ido parar) "A SKYNEWS diz que havia 200 passageiros no avião." (Epá, 200 gajos é muita gente) "Isto é mesmo agora. Estas imagens são da CNN." (Claro, toda a gente sabe que a CNN é toda em directo) "O avião é da air france." (Pois, da air france que é mesmo aqui ao lado) "A CNN diz que havia muita gente no avião." (Ó lecas, então não, são 200) "Não se sabe ainda o que aconteceu." (Pois não) "Dizem que foi um raio. Há uma tempestade." (Ah, agora já percebo porque é que não se vê patavina) "Estamos a traduzir a CNN." (O costume, portanto) "A CNN diz que se salvaram 211 pessoas." (Oops. Espera lá. Salvaram-se mais gajos do que os que iam no avião? Ressuscitaram-se gajos? Havia malta a marmelar nas silvas ao lado da auto-estrada no meio da tempestade?) "Parece que há aqui um problema com o número de pessoas." (Não. A sério?!) "Esta informação não é fidedigna." (Então, porra!, porque é que a estão a transmitir seus palermas travestidos de jornalistas???)

Ao fim de 5 longos minutos de augústia - pelo acontecimento, pelas imagens, pela 2:, pelo estado da televisão - o airbus lá fez marcha-atrás da sala de estar.

"Mais tarde voltamos a esta notícia." (Sim... Eu sei...)

Absurda Lucidez

Pelo estado das coisas, até parece que os malucos são as únicas pessoas que sabem o que andam a fazer neste país.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Alvo de Estimação

Este blog tem mais um alvo. Vem em forma de imagem que é para não deixar dúvidas a ninguém e pôr quem de direito no seu devido lugar. E como em matéria de ataque somos democráticos na mira decidimo-nos a manter uma saudável rotatividade nas personagens. Vai daí, mês a mês, semana a semana - ou, havendo matéria de facto, quando nos der a vontade-, toca a reciclar o caixote do lixo. Sai um, entra outro.

O Melhor no Ar

Um anúncio de televisão que dá uma valente lição à maior parte das porcarias que nos obrigam a ver de permeio na tv lusa.
São para aí uns 15s, com um fundo de imagem negro e em silêncio, onde passa a frase "Espaço de Desintoxicação Televisiva". No fim, surge "www.citemor.tv".
É simples, é inteligente, é relevante, é publicidade da boa. A mim fez-me desligar a televisão e ir para a net.

É na 2:, claro.

terça-feira, agosto 02, 2005

Depois, digam.

Quando tirarem do ar o "Preço Certo em Euros", e já agora o "Um Contra Todos", haja alguma alma caridosa que me avise. Que é para eu voltar a ver a RTP 1.

Obrigado, Hollywood!

Pelo canal de televisão que entra em casa pelo cabo, revi ontem a bela Vanessa Redgrave num filme que dava pelo nome de Agatha. Que pavão de mulher.

Voltaste, estás perdoado! (revisto)

Sim, tu, que vens cheio de ganas e gritos de revolta. Que já não consegues olhar para isto com um fino sorriso de ironia nos lábios. Que achas que a situação do País está a ficar tão grave que não nos podemos calar. Que já não suportas olhar para os "pais da Nação" sem um esgar de impaciência e repulsa. Mas que achas que ainda é possível. Não sabes é como.
Sim, tu, que pensas como eu e queres que a M. viva num Portugal melhor, sem estas merdas que nos desesperam.
Vamos a isso. Os amanhãs não cantam! O sol, quando nasce, não é para todos! Debaixo das pedras da calçada não está a praia! Isso tudo a gente sabe. Não precisamos de iluminados. Precisamos é de murros na mesa. E de alguém que diga, de uma vez por todas, que chega de brincarem connosco à democracia. Chega de economistas que já foram (todos) ministros, professores ou alunos de ministros. Chega dos que engordam as empresas à custa de negociatas com o Estado e fazem manifestos. Chega de burocratas. Chega de gente que nem sequer percebe uma frase inteira. Chega de donos da capoeira. Chega de "tunnings" que pensam que a estrada é deles. Chega de meninos de família que vivem à custa de apelidos. Chega de académicos, soterrados em quilos de papel pouco higiénico.
Portugal também é nosso. Chega!

Surrealistas ao poder! Outra vez!

O primeiro dos homens, que se percebe melhor o que quer dizer quando fala em inglês, vai receber em casa outro homem, o segundo, que já aqueceu a mesma cadeira mas depois saiu de lá porque tinha chegado a hora de dar o lugar ao primeiro, supostamente para o segundo indagar ao primeiro se acha que tantos anos depois o tempo ainda volta para trás.

Entretanto, do lado de fora, a olhar para dentro, um homem terceiro pergunta à mulher de que já nos tínhamos felizmente esquecido se na sua infinita sabedoria se sente com forças e vontade para se fazer à cadeira onde o primeiro dos homens anda a ouvir os outros, nomeadamente o segundo. Só que é tudo a fingir. É para ganhar tempo.

E depois ainda há os outros.

Há o quarto homem que está sentado na esquina, aborrecido e chateado, de caneta na mão, à espera. A ver se passa algum dos seus amigos de cadeira para lhes dar uma punhalada pela malvadez que lhe fizeram.

E o quinto, um homem assim meio mal disposto que não gosta de aturar os dislates dos outros, cheio de pompa e circunstância, que anda a asneirar convencido que assim trata dos outros. Este homem anda meio baralhado sem saber ainda muito bem como é que lhe caiu no colo o quarto, e depois a andar para trás, o segundo. E que, se calhar, por manias de personalidade até preferia ver ao terceiro na cadeira. Mas pronto, se tem que ser tem que ser.

Mas o mais engraçado deles todos é o sexto. Uma triste imagem de homem que está sentado a prazo numa cadeira mais pequenita, que ele ainda acha que não tem o tamanho devido. Primeiro, namorou a cadeira do primeiro mas os outros homens não lha queriam dar. Depois, um outro homem que entretanto fugiu da própria cadeira deu-lha mas vai o primeiro e tira-lha do assento, até com a ajuda do terceiro - coisa que lhe custou muito ver. Agora, deve andar à procura de outra cadeira qualquer e até ameaça para esperarem por ele. Esperar quem?

Todos estes homens, e todas estas cadeiras, é muito bom de se ver.

Volta, que estás perdoado.

Parafraseando um reclamo passado:
Se não for eu a dizer, quem dirá por mim?

Surrealistas ao poder!

Em dez anos não conseguimos sequer terminar ainda a modernização da linha ferroviária do Norte, o que permitiria tirar partido das verdadeiras capacidades da tecnologia pendular e reduzir significativamente o tempo de viagem entre as duas principais cidades do País (e acabar a porra do projecto!).

Mas o Governo acha que é absolutamente prioritário criar uma rede ferroviária de alta velocidade, com um desenho que ainda ninguém teve a bondade de nos contar qual é, justificado em estudos que o Governo parece achar que não é importante conhecermos (será por acreditarem que o povo é burro e não sabe pensar em coisas assim tão complicadas e sérias?), que já sabemos que vai custar uma pipa de massa mas não quanto (o que não é grave porque nos dizem que só pagamos mais tarde... lembram-se da sigla scut?), que terá os já habituais desvios financeiros milionários, com o argumento frouxo de que não podemos ficar na cauda da Europa (como se isso não fosse até uma verdade geográfica) e atrás dos espanhóis (como se o País, a Europa e o resto do Mundo fosse uma ficção).

O que esta novela sobre carris me leva a pensar é que mal um gajo se senta na cadeira do poder (qualquer gajo) perde o tino por completo, agarra na pá e é vê-lo a abrir gloriosas avenidas de betão rumo ao futuro moderno.

Raios partam esta corja de embevecidos com botas das obras, ceguinhos de espírito, incapazes de gizarem uma estratégia coerente, inteligente e articulada, que vá além das palavras de boa-vontade, e, principalmente, realista que para viajar por ideias e sonhos prefiro um bom poeta. Raios partam a mim que também sou culpado por cidadania.

PS: Sobre o fim de "a capital", sobre o carrasco do luís osório. Raios partam os intelectuais de esquerda com ar de meninos de escola bem-comportados.

A Capital

O encerramento dos jornais "A Capital" e "O Comércio do Porto" preocupa-me.
Desde logo, porque me salta à vista o estreitamento, cada vez mais acentuado, da pluralidade editorial.
Em Portugal, os meios de comunicação social concentram-se, aceleradamente, nas mãos de cinco poderosos grupos: Media Capital, Impresa/Balsemão, Lusomundo, Cofina e Impala (sim, a Impala também conta). Há ainda a considerar o Estado (RTP, RDP e LUSA).
Ainda não estão nas mãos dos principais "players" o Público, A Bola e o grupo Renascença, para além de outros de menor expressão.
Talvez por isso, assistimos a um cada vez maior "mimetismo" da informação que nos é oferecida (honra seja feita ao Público, que apesar de estar longe de ser bom é, ainda assim, o melhor jornal que se faz em Portugal, marcando por vezes a diferença).
Com o fim d' "A Capital", que eu, como sulista, elitista e liberal (entre ouras razões), conheço melhor que "O Comércio do Porto", desaparece mais uma voz que não estava subordinada aos grandes grupos e às "doutrinas dominantes". Se pensam que isso não é importante, recordem-se da tentativa de silenciamento do BES ao grupo Impresa. Desta vez não pegou, mas...
"A Capital" não era um bom jornal. Era um jornal agonizante, em luta pela sobrevivência, com carência absoluta de meios mas que, feito por "não-consagrados", conseguia fugir do "mainstream". O "beijo de morte" foi dado por um tal de Luís Osório, prodígio recente da rádio, TV e disco (e - pecado mortal - "criador" de Ana Drago). Um rapaz em vias de consagração, vivendo, ainda e sempre, à sombra da única coisa inovadora e interessante que fez na vida ("Portugalmente", lembram-se?).
Depois, cresceu e começou a "brincar" com e como os crescidos - por mim, ele até podia ter sido anti-fascista, activista no PREC, militante do PS e ter, hoje em dia, 60 anos, que eu não daria pela diferença.
Aproveitando uma redacção jovem (tentem verificar, por exemplo, a idade dos editores, peça fundamental da engrenagem), podia ter incentivado a criação de linguagens, grafismos e conteúdos específicos para um público-alvo definido (jovens urbanos, cosmopolitas, com habilitações médias/superiores e fartos do "charco"), que poderia garantir a sobrevivência da puiblicação.
Mas como, de jornais e de Portugal (desta nova geração portuguesa), percebe zero, orientou os critérios editoriais à esquerda e os conteúdos ao tal "mainstream" (é isso que os grandes fazem, não é?), cavando a sepultura da publicação moribunda. Um erro de casting.
No desemprego ficam cerca de quarenta jornalistas, que compunham a redacção mais jovem do País (com uma média de idades que não chegava aos 40 anos). Luís Osório vai, como quase-consagrado, continuar a dar-nos as suas iluminadas visões do mundo (RTP?). Tanto pior para a renovação de Portugal.
Os jornalistas da "A Capital" ainda acreditavam. Agora, ficaram a acreditar um pouco menos. Eu também.
A cada um deles, um abraço.

Jackpot

O País está mesmo em crise. Já nem o jackpot do euromilhões sai em Portugal ou a portugueses...