quarta-feira, janeiro 11, 2006

Novo aeroporto

Esta fotografia foi tirada na pista do Campo de Tiro de Alcochete, que tem milhares de hectares (não habitados), já pertencentes ao Estado.

O avião que aparece na imagem é de brincar, um aparelho telecomandado. Tal como brincadeira parece continuar a ser a decisão (irreversível?) de apostar num novo aeroporto na Ota.

Porque razão os terrenos do Campo de Tiro de Alcochete nunca foram considerados nos estudos para o novo aeroporto?

Porque razão só foram estudadas duas localizações (Ota e Rio Frio), sabendo-se de antemão que a última implicava insanáveis obstáculos ambientais, pelo que a escolha recairia, sempre, na Ota?

Porque razão se optou por uma localização que fica a mais de 40 km de Lisboa, em que será necessário proceder a inúmeras expropriações, movimentar milhões de toneladas de terras, construir infraestruturas caríssimas que evitem o alagamento das pistas, as quais, devido à geomorfologia local, nunca poderão ser mais de duas, o que se traduz numa esperança de vida operacional da infraestrutura de, no máximo, cerca de 30 anos?

Porque será que os estudos que apontavam para o Campo de Tiro de Alcochete, alegadamente realizados pela NAER (ou pela ANA, não me recordo agora), foram escondidos e fechados numa gaveta?

Porque será que nenhum membro do governo (PM, MOPTC) responde, de forma satisfatória, a estas perguntas legítimas?

Porque será que tudo isto me parece um absurdo inexplicável? O que é que está errado aqui? O que é que não percebo bem? Senhor Primeiro Ministro, exijo explicações. Podemos ser todos muito estúpidos, mas é sua obrigação ter "paciência democrática" para explicar tudo de forma a que não restem dúvidas de que a Ota é a única opção possível (ou a melhor).

Afinal, podemos estar a falar de um dos maiores erros estratégicos do Portugal democrático. A responsabilidade será sua. Mas quem paga somos todos nós e as gerações vindouras.

A foto foi retirada daqui.

4 ComentÁrios:

Anonymous Anónimo disse...

Aqui tens aquilo que já é considerado como a primeira grande causa civica nascida na blogosfera

http://ablasfemia.blogspot.com/2006/01/referendo-ota-e-tgv.html

e que pelos vistos já teve alguma cobertura de alguns media

http://ablasfemia.blogspot.com/2006/01/referendo-sobre-ota-e-o-tgv-nas.html

11 janeiro, 2006 15:02  
Blogger El Ranys disse...

Certo Harpic, essa já tinha visto.
Mas, muito sinceramente, acho que querer referendar esta questão é um verdadeiro disparate.
A decisão deve ser (só pode ser) estritamente técnica: a Portela está esgotada a prazo? - tem de se fazer um novo aeroporto!
Aonde? - No local que reúna as melhores condições técnicas, comerciais, com menos custos e que contribua para um bom ordenamento do território.
O que muita gente (incluindo alguns especialistas) questionam é se a Ota é, tecnica, estrategica e economicamente a melhor opção. De tudo o que já li, não é.
E não é nenhum referendo (imagine-se, até, que o SIM ganha) que vai alterar isso. O Governo foi eleito para decidir. Em última instância, a questão pode ser levada à Assembleia da República.
Defender um referendo, nesta matéria, parece-me um absurdo e só vem acrescentar ruído à discussão, não contribuindo para uma melhor clarificação.


De qualquer modo, é sempre bom contar com as tuas indicações de leitura. Ainda que apontem para o "Blasfémias". Obrigado.

11 janeiro, 2006 17:28  
Anonymous Anónimo disse...

Caro Ranys,

Olha que umas visitas de quando em quando ao Blasfémias nao te fazem mal nenhum; eles nao mordem!

Quanto ao referendo ele nao me parece nem um absurdo nem um verdadeiro disparate. A permissa de que a Portela está esgotada, logo temos que construir um novo aeroporto senao o pais nao avanca; ou a de que temos que ter um tgv senao o país também nao avanca parecem-me simplstas. Porque? Justificarei em post.

Quanto ao referendo: Ruido? discutir questoes técnicas é que acrescenta ruido à discussao. O que eu gostava de ver referendado era mesmo as questoes de fundo: se num momento em que o país atravessa uma das suas mais profundas crises é também o momento indicado para nos lancarmos nos maiores investimentos publicos da nossa história.

Depois, caro Ranys, eu nao considero que o governo deva ser eleito para decidir o que é melhor para mim. Do governo eu só espero que ele garanta a minha própria liberdade para eu decidir o que é melhor para mim.

12 janeiro, 2006 09:13  
Blogger manolo disse...

O fundamental é perceber Porquê a Ota? Quais as vantagens, relativamente a Alcochete (cujas mais-valias me parecem claramente justificadas)? Este é o problema: não consigo perceber qual a razão da opção pela Ota. E esta é função do Governo: decidir investimentos do Estado, após avaliações técnicas e explicar as suas decisões ao País. Isso não foi feito. Por favor, J. Sócrates, explique quais as vantagens da escolha da Ota.

13 janeiro, 2006 18:21  

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