terça-feira, fevereiro 28, 2006

Carnaval soteropolitano


Vivi quase dois anos no Brasil - primeiro em Salvador da Bahia, depois em S. Paulo. O Carnaval baiano é uma experiência completamente diferente de tudo aquilo que conheço. Não tem nada a ver com o Carnaval carioca, que passa na TV. Enquanto que no Rio o Carnaval é rico, o cortejo é organizado, os enredos são treinados à exaustão e quem manda é o samba, em Salvador o Carnaval é dos pobres, anda tudo a monte, ouve-se e dança-se axé e quem manda é o sexo.
No meu segundo Carnaval brasileiro, emigrei durante uma semana para Buenos Aires. Já eram bundas a mais, 'tá vendo?

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Carne vale


É Brasil, é Brasil. O resto não existe, é festa triste.

BATNA

BATNA é uma sigla que significa "Best Alternative To Non Agreement".
Num processo de negociação, é essencial conhecer o nosso BATNA e o BATNA do "outro": Quem tiver o melhor BATNA terá vantagens comparativamente a quem negoceia entre a espada e a parede.
Este conceito aprendido em formações sobre Técnicas de Negociação pode estender-se a várias áreas e ajudar-nos a tomar decisões ou a entender melhor a realidade em que vivemos. Seguem alguns exemplos...
A despenalização do aborto
Os detractores da despenalização do aborto utilizam um argumento falacioso: a alternativa é a vida, ou seja, o não-aborto. Os defensores da despenalização do aborto (e não defensores do aborto, como por vezes são retratados estupidamente) olham a realidade de outra forma: a alternativa é o aborto clandestino, sem condições. Considerando este BATNA, como manter o aborto ilegal? Em nome de quê? Da protecção à Vida não será certamente, já que o aborto continuará a fazer-se sempre, mesmo em vãos de escada...
A adopção por famílias homossexuais
Não concordo com a adopção de crianças por famílias homossexuais. Ou seja, havendo uma família heterossexual nas mesmas condições, julgo que se deve optar pela segunda. Mas... vamos considerar o BATNA: entre a adopção por homossexuais e a não-adopção, defendo a adopção - mesmo que por famílias homossexuais. Julgo isso preferível para as crianças - primeiro critério (óbvio) de avaliação - do que ficarem entregues a instituições estatais...
Regionalização
Os defensores da regionalização apontam um objectivo claro: aproximar os centros de decisão das populações, de modo a melhorar a forma como são utilizados os dinheiros públicos. Os detractores de tal ideia falam do risco de se criarem "vice-reis" regionais tipo o Batráquio do Funchal. Aplicando o BATNA, concluo que não regionalizar é indubitavelmente melhor do que incorrer no risco da proliferação de coronéis e respectiva jagunçada...

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segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Sempre a tempo

Estou-me completamente a borrifar para os casamentos civis entre homossexuais. Se estes exigem que a lei o permita, reconhecendo, para todos os efeitos (civis, fiscais, penais, etc.), situações que já existem de facto, não vejo nenhuma razão gritante para que o legislador não o faça. No entanto, é preciso ter alguma atenção, porque a "coisa" irá evoluir para a luta pelo direito de adoptar por parte de casais homossexuais. Mas, aí, sou frontalmente contra. A lei de adopção deve tutelar, essencialmente, os direitos dos adoptados. E, para estes, deve ser assegurado o direito de não serem "diferentes" (leia-se "filhos" de casais homossexuais, uma impossibilidade biológica, como se sabe).
Mas tudo isto abre outras questões interessantes. Por exemplo, a poligamia. Seguindo todos os argumentos dos defensores da "coisa", porque há-de a lei proibir a poligamia? Não estamos, também aqui, no campo da liberdade dos afectos e das opções sexuais dos indíviduos? Quais os argumentos possíveis contra a poligamia?

Operação de Marketing: A Santíssima Trindade


«Nesse tempo, Deus estava farto de ser somente o Deus de Israel. (...)
O Deus de Israel era um Deus ciumento, e exigente, e severo, e vingativo, e colérico(...), e miudinho no ceremonial(...), sempre de sobrolho carregado, e jamais na brincadeira. (...)
Os Hebreus viam que os deuses dos Romanos eram uns porreirões coroados de rosas, sempre prontos a beberem um copo, sempre prontos a rebolarem-se na relva com as deusas de coxas ligeiras, e brincalhões como tudo, e nada orgulhosos para com os operários. E que, apesar de tudo, davam a vitória aos seus fiéis. (...)
Deus pensava na Sua cabeça que tinha saído muito pouco do Seu canto nos últimos séculos.E que talvez Ele devesse ter viajado um pouco, de vez em quando, quanto mais não fosse para Se manter actualizado.Porque, apesar de ser o único Deus verdadeiro, não se lembrava nada de ter criado tantos Romanos, nem Gregos, nem Gauleses, nem Germanos, nem Citas, nem Iberos, nem Negros todos pretos. Ele tinha-se mesmo esquecido um bocado que havia qualquer coisa para lá dos limites da Terra Santa. (...)
Deus teve de Se convencer que era um Deus sem aventuras e sem peripécias, um Deus de trazer por casa, um Deus de pantufas.E que igualmente era um Deus sem forma e sem cara. E até um Deus sem nome. Era Eterno, era Inefável, era Inominável, era Impronunciável, era o Não figurável, era o Abstracto.(...) É grandioso, mas ligeiramente seco.(...)
[Deus decidiu "ter aventuras".]
Subitamente o Deus Eterno deixou de estar só. Tinha ao pé de Si um outro Deus Eterno, e este era tudo semelhante a Ele-próprio, mas muito mais novo, e os Seus cabelos eram de linho, e a Sua barba era loura e encaracolada (...). E acima Deles havia um terceiro Deus Eterno que se Lhes assemelhava. (...) E podiam-se arrumar 3 a 3, ou de todas as maneiras que se quisesse, um sobre o outro, ou cabeça com pés, ou um no outro, ou em triângulo, ou em estrela, ou em bonecas russas. (...)
E a partir desse momento em que Eles tinham decidido começar a ser Eles, tinham sido desde a eternidade. Mas um instante antes desse instante a sua eternidade não tinha sequer começado. A isto chama-se o mistério da Santa Trindade.»
in AS SAGRADAS ESCRITURAS, As Aventuras de Deus e As Aventuras do Menino Jesus, Cavanna, Publicações Dom Quixote

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domingo, fevereiro 26, 2006

Leica foto



(clique nas imagens para ampliar)

Senhora cegonha

Ontem, em Sábado de muita chuva, almoço no restaurante da coudelaria da Companhia das Lezírias. Valeu pelo convívio e boa comida, servida em regime de buffet, de que se destacaram um magnífico cozido de grão, os nacos suculentos de "novilha" grelhada e uma generosa mesa de sobremesas, onde a pouco tradicional "baba de camelo" estava um primor. O vinho "Catapereiro" acompanhou bem todo o repasto, sem grandes fulgores mas também sem comprometer. O local é aprazível e o serviço simpático e eficaz.
A Companhia das Lezírias é uma jóia rara de beleza bucólica, ainda por cima bem às portas de Lisboa. O cenário convida a passeio e caminhadas, mas a chuva, ontem, não colaborou. Ainda assim, enquanto seguia de automóvel, tive oportunidade de observar inúmeros ninhos de cegonhas e as propriamente ditas. Belíssimo.
Que nenhuma privatização da Companhia das Lezírias ou funesto plano de urbanização tipo "clube de campo" permita que toda esta paisagem rural venha, algum dia, a ser adulterada e conspurcada. Assim, como está, a Companhia das Lezírias está muito bem (e creio até que dá lucro ao Estado).
Isto fez-me lembrar esta cantiga alentejana, que tantas vezes entoei:
-
Lá traz a cegonha
No bico o raminho
Que seja bem-vinda
Branquinha, tão linda
Ao seu velho ninho
-
Senhora cegonha
Como tem passado
Não há quem a veja
Voar prá Igreja
Pousar no telhado
-
Quando chega o Outono
E o bando levanta
Anuncia a hora
Que se vai embora
Leva a meia branca
-
É assim que a minha memória registou estes versos. Mas penso que com várias imprecisões. Alguém conhece, com mais rigor, esta letra?

Brinquedos electrónicos

Recentemente, adquiri 3 brinquedos electrónicos que irão contribuir para melhorar a minha vida.
Primeiro, falei com um amigo meu - o Cromo - para saber se ele conseguia recuperar um DVD que o pequeno gnomo que coabita comigo esfacelou. Tratava-se de um clássico, "Os Aristogatos", e a minha sanidade mental andava ligeiramente em baixo desde que o puto, depois de arranhar o disco todo, exigir a reposição das brincadeiras de Maria, Toulouse e Berlioz no écran lá de casa.
O Cromo disse-me que não só conseguia arranjar esse filme como uma data de gigabytes fabulosos, sacados da 'Mula da Cooperativa' e de outros sites manhosos. Acabou por me acompanhar a uma loja que, na sua opinião, é o "Paraíso dos Nerds". Trouxe de lá um disco de 60 GB, que ele entretanto se encarregou de encher - "A Dama e o Vagabundo" e o "Aladino", para um consumidor; "Capote", "King Kong", para outro. Na prática, são cerca de 100 filmes que enriqueceram a minha DVD-teca.
O segundo foi um canguru que acoplei ao meu portátil, permitindo-me assim ter acesso à rede mesmo quando não estou em casa - como é o caso, este fim-de-semana. Sou fã incondicional da tecnologia 3G!
O terceiro é o brinquedo mais giro, só que não faço ideia de como se brinca com ele. Trata-se de um ipod com vídeo, que me apareceu em casa. Tem uma capacidade de armazenamento de 30 GB, mas acho que é um desperdício utilizá-lo apenas como uma pen disk para o Cromo encher com mais filmes. Por coincidência, na revista do Expresso de hoje referem que em Portugal já é possível aceder à TV através destas coisas. Só não dizem é como... será que é possível ligar-me à SportTV? E para ver filmes e ouvir músicas, de que formato devem ser os ficheiros?
Socorro! O século XXI entrou-me pela casa adentro e eu sinto-me um analfabeto funcional...

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sexta-feira, fevereiro 24, 2006

O "senhor Jazz"

Tive, há dias, a oportunidade de conversar, mais uma vez, com José Duarte, que pode ser considerado o "senhor Jazz" em Portugal, pelo esforço continuado de divulgação e popularização deste estilo musical.
Nesse esforço de divulgação, merece especial referência o programa "cinco minutos de Jazz", que teve a sua primeira emissão, então na Rádio Renascença, no dia 21 de Fevereiro de 1966. Já lão vão 40 anos. Foi ainda emitido pela Rádio Comercial e, desde 1993, pode ser ouvido na RDP Antena 1.
Ficam aqui alguns extractos do que José Duarte me disse nesta nossa conversa:
"O Jazz não é nenhum mistério, tem Dó-Ré-Mi-Fá-Sol-Lá-Si e os mesmos compassos de muitas outras músicas, mas é uma linguagem diferente".
"As pessoas que gostam de jazz são melhores do que as outras, no sentido de que, se eu falar chinês, sou melhor que tu, que não falas chinês".
"Os 5 nomes fundamentais do Jazz são Louis Armstrong, Duke Ellington, Charlie Parker, Miles Davies e John Coltrane. Se conheceres bem estes cinco, ficas a saber 89,9 por cento do que há a saber sobre jazz".
Ao José Duarte, parabéns e obrigado por garantir que, em cada um dos nossos dias há, pelo menos, cinco minutos bem passados.
Adenda: é verdade, esqueci-me de dizer que espero que o João Miranda concorde.

Um coiso uma vez por semana

A internet reserva-nos boas surpresas. Há dias, aconteceu-me andar por aí, à procura de notícias sobre o gato das botas, quando encontrei uma referência a um programa de rádio de há 20 anos atrás.
Trata-se do Uma vez por Semana: "De Fevereiro a Maio de 1986, durante 17 semanas, a Rádio Comercial teve a ousadia de emitir o primeiro (e único!) programa humorístico de cariz sexual. Duas horas de sexo no ar, à meia-noite de domingo. A ideia foi do José Duarte, que também escreveu textos, assim como eu [nota: Artur Couto e Santos], o Mário Zambujal, o Mário de Carvalho, o Hélder José e o José Fanha. Esses mesmos textos eram lidos e interpretados, sobretudo, pelo Carlos Cruz, mas também pela Helena D’Eça Leal e pela Henriqueta Ricardo".
Foi aqui neste coiso que encontrei esta feliz referência - e com textos seleccionados do programa! Bem sei que passaram já 20 anos, mas ainda me lembro de uma crónica futurista (que não está n'O Coiso...) que relatava uma nova fonte de energia, longe já dos combustíveis fósseis: a energia sexual. A história versava sobre uma nave a vaguear pelo espaço, devido a um engine mal-function, ou seja, à espera que a indígena clitoridiana do motor se cansasse...
Vale a pena passar pel'O Coiso, tanto para relembrar alguns textos do "Uma Vez por Semana" como de outros programas ("Pão Com Manteiga", por exemplo). Tudo da autoria de Artur Couto e Santos, que anda na net desde 1999.

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quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Fariseus; a Destruição do Templo

O Imperador Augusto decidiu nomear um Governador para a província problemática onde vivia aquele povo tão estranho que se recusava a honrar os deuses. Em 26 DC, Pôncio Pilatos assumiu o cargo.
A sociedade israelita estava dividida entre os Saduceus, defensores do establishment, pragmáticos, e os Fariseus, que eram mais rígidos e radicais. Austeros, os Fariseus criavam minudências legalistas para regular todos os aspectos da vida judaica. Os Fariseus mais radicais eram os Essénios, uma seita verdadeiramente fanática, e os Zelotes, uma organização terrorista composta por assassinos (sicários).
Os Fariseus eram violentamente contra a ocupação Romana. Em 66 DC ocorreu uma revolta em larga escala que expulsou os Romanos e permitiu atingir a independência. «O que deu coragem aos Judeus para desafiar o poder de Roma foi a intensa sensação de expectativa messiânica entre eles na Palestina do séc. I» (Piers Paul Read, in "Os Templários").
A reacção romana não tardou muito - o Imperador Nero enviou o General Vespasiano para abafar a revolta dos Judeus. Entretanto, Nero morreu e foi substituído por Galba. Galba também morreu, ficando o Império a ser disputado entre Oto e Vitélio. Para abreviar a história, Vespasiano acabou por se aborrecer e se tornar Imperador, indo para Roma e deixando a seu filho Tito a incumbência de acabar a tarefa.
Em 70 DC, Tito destruiu o Templo e dizimou praticamente toda a população de Jerusalém. Fala-se em cerca de 1 milhão de mortos, refugiados a viver nos esgotos (Milla 18?!), sobreviventes reduzidos à escravidão e a cidade arrasada. Mesmo assim, a rebelião não terminou, sendo ainda necessário o episódio do suicídio colectivo dos zelotes na Fortaleza de Massada.
Por esta altura, Deus, aparentemente, tinha adoptado uma postura mais liberal e menos ríspida, tendo procedido ao lançamento de novo produto, mais adequado à nova época. Começava a Era de Peixes.

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quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Devolvam-nos o Terreiro do Paço

Ainda se lebram?
Era assim, o Terreiro do Paço - ou Praça do Comércio, embora prefira a primeira designação -, uma das mais bonitas praças do mundo, com o edificado monumental e o Tejo ali mesmo, ao nosso alcance, enquandrado pelas duas singelas, mas gloriosas colunas. Aquele pequeno cais com as colunas era, aliás, um dos sítios onde me reconciliava com a cidade sempre que a relação azedava.
O Terreiro do Paço, tal como o conheciamos, "fechou para obras" em 1997. Repito, 1997. Há 9 (repito, 9) anos atrás. Sabemos que as obras para o túnel e estação do metro correram mal, que houve inundações e aluimentos mas, caramba, nove anos não chegam para fazerem a porra da obra e nos devolverem a praça?
Tenho saudades, muitas saudades, do "velho" Terreiro do Paço, de pode usufruir da cidade e do Tejo naquele pequeno cais, de ter a vista desimpedida de tapumes, guindastes e aterros. No Terreiro do Paço, Lisboa fundia-se com o Tejo. Era aí o altar de tão sagrada união. Há nove anos que o altar está a ser profanado. Devolvam-nos o Terreiro do Paço, porra!

Santa Engrácia

Passar pela experiência de ser, neste País, um "dono de obra" é verdadeiramente traumatizante. Os que já o foram sabem, decerto, do que falo.
Podemos começar pelos prazos. Não contam. Meras referências indicativas, ainda que contratualmente estabelecidas. Será que houve, alguma vez, em Portugal, uma obra concluída dentro do prazo estipulado? Não sou engenheiro nem arquitecto. Tenho, portanto, experiências episódicas em relação a esta questão. Mas, dessas experiências, a resposta que resulta é imediata: não!
Mandar construir uma casa é uma verdadeira odisseia, que se assemelha, muitas vezes, a um verdadeiro pesadelo. Somos obrigados a exercer uma fiscalização constante, mandando corrigir erros óbvios para qualquer olhar leigo. Parece mentira, mas o empreiteiro e os trolhas, apesar de serem eles, supostamente, os profissionais, não dão por metade deles. Ou, se dão, fazem figas para que o "papalvo" não repare.
Depois, os materiais e os custos. A forma como disparam, ao longo da empreitada, é delirante. Os orçamentos que nos apresentam são, também, exercícios extraordinários. Quem nos apresenta esses orçamentos, lamentavelmente, engana-se sempre nas contas que fez. Curiosamente, sempre em nosso prejuízo, nunca no deles. Correcções feitas - após expressão da indignação de quem vai pagar tudo - ficam só uns tímidos pedidos de desculpa pelos enganos. "Nunca me tinha acontecido", já ouvi de várias bocas, do canalizador ao electricista, passando pelo homem das bancadas da cozinha ou pelo carpinteiro.
Depois, ainda as burocracias autárquicas e bancárias. Todo um filme kafkiano à parte.
Em suma: mandar construir seja o que for, em Portugal, passa rapidamente de sonho a pesadelo.
E a construção civil é um dos sectores mais dinamicos e importantes da actividade económica nacional. Imaginem se não fosse.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Frescos

De vez em quando - ainda que sem correspondência real com as actualizações - o RdM aparece no frescos. Ainda não percebi bem como funciona mas, ao disponibilizar uma lista seleccionada de blogues recentemente actualizados, o frescos torna-se uma ferramenta muito útil aos "blogonautas". Viva o frescos. (link introduzido na coluna da direita)

Há dias em que acordo assim*


(*powered by bomba)

Não, mas entendi o raciocínio...

A barata diz que tem
Sapatinhos de veludo
É mentira da barata
O pé dela é que é peludo
Mãe - "Quem tem uma pilinha?"
Gremlin - "Eu!"
Mãe - "E quem mais?"
Gremlin - "O papá!"
Mãe - "Muito bem!. E a mamã, o que é que tem a mamã?"
Gremlin - "Peludo!"
Imagem retirada do blog de Steve Raker

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segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Um ano de RdM

Faz hoje exactamente um ano que, com esta posta, o Malagueta inaugurava o Revisão da Matéria, precisamente no mesmo dia em que Sócrates e o PS conquistavam, nas urnas, a maioria absoluta. Pura coincidência. Desde então, muito se passou nas nossas vidas, em Portugal e no mundo. Olhando para trás, um ano é muito tempo.
No dia 2 de Novembro, o Rantas juntou-se à equipa e escreveu aqui o seu primeiro post. O Malagueta é que, depois do entusiasmo da "inauguração", vai primando por uma quase ausência. Mas esta é a casa dele.
Só em Junho de 2005 instalámos o contador do Sitemeter. Desde então, somámos um total de 5 234 visitantes, com uma média diária de 44. O número de page views é mais imponente: 17 257 no total, uma média diária de 160. Somos um blog pequenino, mas muito honrado.
Já falámos aqui sobre quase tudo, desde os assuntos mais umbiguistas, com algumas referências aos livros que lemos, filmes que vemos ou músicas que ouvimos, passando por algumas reflexões sobre a blogosfera, até às questões mais "macro", com alguma ênfase, admitimos, em questões de política nacional e internacional.
No início, também aqui falávamos muito sobre futebol e, sobretudo, do Sporting, mas depois criámos o "blog irmão" Revisão da Jornada, onde abordamos agora essas magnas matérias.
A experiência tem sido óptima. Fazemos o RdM porque nos dá prazer. Este não é um blog monotemático nem monolítico. Abordamos os assuntos que nos apetece abordar e, já por várias vezes, discordámos entre nós. Não temos agenda, não procuramos atingir um objectivo concreto, não pretendemos fazer doutrina. Hedonismo, é do que se trata. O RdM dá-nos prazer, como nos dá sermos lidos.
A blogosfera não nos tem ligado muito. Sabemos que não somos perfeitos, que já escrevemos muitos disparates e que, por vezes, chegamos ao ponto de escrever mal. Mas acreditamos que merecemos, ainda assim, um pouco mais de atenção. Sem jactância, sabemos que postas nossas já serviram de inspiração a muitas postas de outros blogs. Mas são raros aqueles que nos linkam (só uma pequena minoria de muito bom gosto o faz). Essa é uma das dificuldades da blogosfera, entrar no "círculo dos virtuosos". Há como que uma ostracização de quem aqui chega sem ser conhecido ou sem pertencer aos circuitos mediáticos instituídos "lá fora". Há como que uma reserva, uma coutada do espaço limitado de notoriedade e de leitores. Mas não é importante. Continuaremos a fazer o RdM até que deixe de nos apetecer. Por enquanto, apetece.
Usamos nicknames porque sim. Se, algum dia, me pedirem responsabilidades por algo de grave que aqui tenha dito, não terei hesitações em assumir essa responsabilidade em nome próprio. Mas, até agora, não difundimos calúnias, não seguimos o caminho da insinuação, mantivemo-nos sempre num registo razoável de bom senso. Sem ignorar que as visões que por aqui passam são pessoais, meras opiniões, muitas vezes críticas e necessariamente sujeitas a contraditório. Tentamos, de qualquer maneira, manter-nos dentro dos registos da boa educação e bom gosto. Há sempre excepções, claro, mas é um risco que corremos ao escrever todos os dias sobre todos os assuntos.
O Revisão da Matéria faz hoje um ano. Obrigado a todos os que nos lêem.

domingo, fevereiro 19, 2006

Comprar dinamarquês



Contra a censura, contra o boicote, contra todos os fundamentalismos, esta é uma boa forma de solidariedade com a Dinamarca: comprar dinamarquês!

Bang & Olufsen, BoConcept, Carlsberg, Lego, queijo, bolachas, design... Faz-se tanta coisa boa na Dinamarca, que se pode dizer que nem sequer fazemos nenhum favor.

Siga...

Ao fim de sete dias, apetece dizer: ok, já percebemos que não gostaram que o profeta fosse caricaturado. Podem agora parar de queimar bandeiras, atacar embaixadas e lançar fatwas?
É que, se a reacção foi sempre excessiva, agora já é requentada. Não têm mais nada para fazer?
A sério, a gente já percebeu. A mensagem passou. Ide agora às vossas vidas, rapazes.

Pompeu, César e Herodes

Depois da morte de Alexandre, aos 33 anos, as suas conquistas foram divididas pelos seus Generais. Israel estava entre as zonas de influência de Ptolomeu (Egipto) e Seleuco (Mesopotâmia). Em 167 AC, 3 irmãos macabeus lograram obter a independência para Israel.
Cerca de 100 anos mais tarde, chegaram os Romanos. Pompeu zangou-se e morreram 12.000 Judeus. No entanto, o que na altura causou mais comoção em Jerusalém não foi esse facto, mas sim a profanação do Templo levada a cabo pelas tropas de Pompeu. Rezam as crónicas dessa altura que «nem mesmo durante a captura do Templo, quando eram brutalmente mortos em torno do altar, eles renunciaram às cerimónias preceituadas para o dia».
Em 47 AC, após a Guerra Civil que opôs Pompeu a Júlio César, e depois da ajuda que deu nos combates que César enfrentou em Alexandria, no Egipto, Antípater ficou à frente da Palestina, coadjuvado pelos seus dois filhos: Fasael na Judeia e Herodes na Galileia.
Este Herodes era um grande amigo de Marco António (esse mesmo, o Richard Burton).
Em 40 AC, os grandes rivais dos Romanos, os Partos, atacaram, aproveitando o rescaldo da Guerra Civil que opôs Marco António a Octaviano (esse mesmo, o Augusto). Octaviano providenciou ajuda, fornecendo um exército a Herodes, que conseguiu rechaçar os Partos.
Herodes construiu um segundo Templo em Jerusalém, um Templo verdadeiramente magnífico. Herodes foi um excelente Rei, justo, equilibrado, iluminado. À medida que envelhecia, no entanto, tornou-se simplesmente paranóico. É verdade que toda a sua vida foi acompanhada por conspirações, intrigas, assassinatos, violência. Mas no fim da vida Herodes exagerou, matando grande parte da família mais próxima. A sua irmã Salomé (essa mesma, a do Baptista) também era fresca.
Entre outros, Herodes mandou matar sua mulher, um cunhado, dois filhos, etc. A sua sanha persecutória ficou bem assente na famosa história da matança dos bebés, que supostamente levou um casal a viajar de jumento até ao Egipto depois de ter passado uma noite num estábulo.
No leito de morte, quando sentia uma comichão insuportável pelo corpo todo, dores constantes na porção inferior do intestino, edemas nos pés, inflamações no abdómen e, para finalizar, gangrena nos órgãos genitais de onde saíam vermes (aaargh!), ainda teve alento de mandar matar o seu primogénito, cinco dias antes de morrer.

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sábado, fevereiro 18, 2006

Desalento

Há mais de 3 meses deixei aqui um voto de esperança, depois de me ter levantado às 5:30 da manhã a fim de inscrever o gaiato num Colégio. Quando lá cheguei era o segundo da fila; mesmo assim, o pequeno gnomo terá sido o primeiro inscrito para a turma dos 3 anos. Repito: O primeiro. Não entrou.
Entretanto, inscrevi o puto num outro colégio, este de Padres Franciscanos. É verdade que quando o fiz as inscrições já tinham aberto há dois meses, reduzindo as probabilidades de sucesso quase a zero. No entanto, havia um factor importante que permitia manter a esperança: Há una anos atrás, pouco depois de ter tirado a carta, o meu cunhado atropelou um jovem numa passadeira. Esse acaso acabou por fomentar uma boa amizade. O jovem atropelado era seminarista, tendo-se entretanto ordenado padre franciscano - com excelente relacionamento no tal colégio! Boa cunha, portanto. E já que no outro colégio o primeiro lugar, sem cunhas, deu no que deu, desta vez uma cunha poderia ultrapassar o facto da inscrição não ter sido atempada. Não entrou.
Voltei a repetir a graça, para outro. O despertador voltou a tocar às 5:30 (este puto há-de pagá-las, a seu tempo!), voltei a ser o primeiro nas inscrições. Além disso, com uma cunha. O meu cunhado - o mesmo, mas desta vez não teve de atropelar ninguém! - é ex-aluno e conhece uma directora. Boa! Primeiro lugar mais valente cunha, desta ninguém nos pára! Não entrou.
O mundo estranho dos colégios e dos externatos particulares deixa-me sempre surpreendido. Sei de um caso em que as inscrições abriram no dia 2 de Janeiro, às 9:00. Um casal pagou a uma pessoa para estar na fila, desde as 7:00 ... do dia 1 de Janeiro. E não se pense que foi a primeira da fila!
Mas afinal não havia uma crise demográfica?! De onde vêm tantos putos? E a crise? Estes colégios não são baratos! Estou, sinto-me, verdadeiramente, fodido! Porra, pá ...

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Moisés, David e Salomão - o Templo

Por volta de 1.300 AC, os territórios da Palestina foram afectados pela Fome. Os Judeus emigraram para o Egipto, onde puderam sobreviver.
Quando Ramsés se tornou Faraó, as coisas não estavam bem. Os Judeus queriam voltar para a sua terra, Ramsés não queria deixar. Deus deu uma ajudinha (na verdade, foram sete penalties assinalados contra os egípcios, para ser mais exacto, proeza só obscurecida por uma lendária prestação do famoso árbitro Calabote a favor do Benfica, nos anos 50, segundo creio) e os Judeus acabaram mesmo por fazer as malas. Quem os liderava era Moisés que, para além de conseguir encontrar um caminho por entre o mar sem molhar os pés, recebeu das mãos de deus Himself umas Tábuas onde estavam escritos os 10 Mandamentos, nova lei pela qual os Judeus se deveriam reger. Essas tábuas foram guardadas numa arca, chamada da Aliança (actualmente encaixotada num armazém do exército americano, a fazer fé no Indiana Jones). Os Judeus voltavam assim à Terra Prometida (misteriosamente transformada em Canaã).
Por volta de 1.000 AC, um pastor foi chamado para tratar do Rei, que estava muito doente. As capacidades curativas do moço circunscreviam-se a tocar flauta, mas isso acabou por ajudar o Rei a melhorar. O rapaz também jogava muito bem à pedrada, daí que tenha avançado quando foi necessário mandar uma pedrada à testa do Golias, um rapaz mais velho que chateava lá na rua. A partir desse momento, os Judeus passaram a olhar para David com mais respeitinho e não mais apenas como o "rapaz do pífaro".
David acabou por se tornar Rei de Israel, depois de umas peripécias que não vale a pena recordar aqui. Relevante para agora é que conquistou Jerusalém aos Jebuseus. O seu filho Salomão, em 950 AC, construiu o Templo, orgulho dos Judeus desde aí.
O Templo de Salomão manteve-se de pé quase 400 anos. Foi destruído em 586 AC pelos Caldeus, sob Nabucodonosor. Não contentes com isso, Nabuco ainda levou os Judeus para a Babilónia como escravos. Não passaram lá muito tempo: Os Caldeus cedo foram derrotados pelos Persas de Ciro. Os Judeus regressaram a casa e reconstruiram o Templo em 515 AC.
Os Persas começaram a fazer umas malfeitorias na Grécia (apenas se aproveitou uma prova olímpica que ainda agora continua a encerrar os Jogos) e, uns séculos depois, foi o refluxo: Alexandre, o Grande, passou por aquelas paragens na sua conquista do Mundo, levando os Persas à sua frente.

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O Gato das Botas

Em visita aos Cromos da bola, encontrei esta pérola. Queixa-se o Fitzx da inexistência de fotografias do inigualável, inimitável e inenarrável Luís Pereira de Sousa. Decidi enfrentar o desafio e, depois de porfiar, acabei por encontrar uma fotografia que, não fazendo justiça ao Gato das Botas, não deixa de ser uma sentida homenagem ao Homem por trás do Apresentador de TV. Pelo caminho, encontrei outras referências a esse ícone cultural do Portugal dos anos 80, que não resisto a linkar: este texto no inepcia.com e este outro no idiotbox.weblog.com.pt. É um artista português com certeza!

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sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Fulgor

Com a nova Lei da nacionalidade, ontem aprovada na Assembleia da República, estima-se que, só no Brasil, existam cerca de 5 milhões de netos de emigrantes portugueses que podem, agora, requerer a nacionalidade portuguesa. E ainda falam em crise demográfica... De um dia para o outro, gerámos milhões de novos compatriotas. Que fulgor.

Obvious

Mais um link a entrar ali para a coluna da direita, desta feita o blog Obvious. Depois de o visitarem, a escolha torna-se óbvia.

O profeta Pacheco

Hossana, hossana, a blogosfera já tem o seu profeta.
José Pacheco Pereira revela-nos as "Dez leis do Abrupto sobre os debates na blogosfera" . Para já, nas tábuas, só foram inscritos seis destes mandamentos. O divino ditado foi subitamente interrompido, mas segue depois dos compromissos comerciais. Ai dos infiéis, a partir de agora. Não se brinca com o profeta.
(caricatura retirada daqui)

Abraão - O Pai de Todas as Nações

Abraão era um homem rico de Ur, na Mesopotâmia. Por volta de 1.800 AC, viajou até à terra dos Cananeus, entre o rio Jordão e o Mediterrâneo.
Abraão foi escolhido por Deus para ser o "Pai de uma Multidão de Nações". A marca distintiva dos "filhos de Abraão" representativa desse novo vínculo entre Deus e o Homem seria a circuncisão.
Abraão seria um homem muito bom. Seria também muito crédulo, visto que a esterilidade da sua esposa, Sara, não o deixou duvidar, uma vez que fosse, da concretização da promessa.
Sara, que também seria pessoa de muita fé, é que acreditava mais em construir a sua sorte em vez de esperar sentada - daí que tenha acabado por convencer o seu marido a engraçar com uma serva egípcia. Afinal, de acordo com a mensagem divina, Abraão seria o Pai, mas a mensagem não era conclusiva quanto ao papel da Sara.
A egípcia, de seu nome Hagar, não era de de deitar fora. Das conversas que Abraão manteve com ela nasceu Ismael, um rapaz.
Tinha Sara 90 anos quando finalmente emprenhou de Isaac. Quando o seu filho nasceu, a velha convenceu Abraão a mandar Hagar para o deserto, juntamente com Ismael, um pedaço de pão mais um cântaro com água.
Deus velou pelo bem estar dos escorraçados, tendo conseguido levá-los até à Arábia. Ao que parece também prometeu a Ismael a paternidade de uma série de nações (a originalidade nas promessas apareceu mais tarde...).
Depois da expulsão de Ismael, Deus ficou na dúvida. Será que Abraão gostava Dele? Será que alguém gostava Dele? Será que Abraão gostava mais Dele ou do filho? Ou foi isso ou não passou de uma partida, mas na realidade Deus exigiu a Abraão que matasse o filho Isaac.
Abraão levou o seu filho até ao alto de um monte, afiou a faca e, quando ia começar a matança, Deus acorreu e disse-lhe que era tudo a reinar.
Desceram do monte como compinchas, Deus mais satisfeito, certo do amor que Abraão lhe dedicava, Abraão todo contente, afinal não tinha que assassinar o filho (será que tinha entendido mal?!). Isaac é que parece que nunca mais olhou para o velho da mesma forma.

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Islamita

Toda esta discussão em torno dos cartoons apresenta, pelo menos, uma vantagem não despicienda: gente que, com certeza, passou pelas melhores universidades, passou a saber a palavra correcta. Islamita, em vez de islamista, como no início da discussão se lia na maioria dos blogs (incluindo alguns dos mais "populares").

Revisões da Matéria - Religião

No seguimento da Guerra dos Cartoons (a propósito da qual coloco aqui o meu preferido, dos que vi), falou-se muito de Guerra entre Civilizações.
Nessa Guerra, os muçulmanos querem destruir o nosso modo de vida, restringir a liberdade e semear bombas. Apesar de parecer o resumo de um argumento fraquinho para um filme de série B, infelizmente isto tem correspondido à realidade: World Trade Center, Bali, Madrid, Londres, e tantos outros casos, têm sido ilustrativos desta raiva irracional que aparentemente tomou conta do islão.
A palavra-chave é "irracional". Pode falar-se nos califas, no império otomano, em Saladino, no que seja. Eu não consigo entender. Desconfio, enfim, que a explicação não se encontra na religião, mas a religião é sem dúvida um factor preponderante para entender o que se passa.
Sem qualquer tipo de presunção, pretendo iniciar aqui no RdM um breve apanhado dos aspectos que constituem os marcos fundamentais das 3 religiões monoteístas, dos seus pontos comuns e do que as separa - numa perspectiva que pretendo que seja "histórica" e não religiosa.

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quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Tolerância e respeito

ATT: beato Freitas do Amaral

"Parlamento Europeu declara apoio unânime à Dinamarca, diz que liberdade é inegociável e apela aos 'media' para evitarem ofensas".
(Manchete de hoje do jornal Público)
Senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Professor Freitas do Amral: está a ver como, em poucas palavras, sem chamar a Virgem Maria e Cristo ao assunto, e indo directamente à questão, se consegue dizer o que tem de ser dito? Nem mais, nem menos. Só isto. Aprenda.
(a resolução que manifesta esta posição do PE vai hoje ser votada. Tenho curiosidade em saber qual o voto dos eurodeputados do PS).

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Munich

No dia 6 de Setembro de 1972, um comando palestino toma de assalto a aldeia olímpica de Munique e faz reféns 9 membros da equipa israelita, matando no local outros dois.
Já no aeroporto da cidade alemã, onde conseguem chegar após duras negociações, terroristas e reféns são todos mortos pelas autoridades germânicas.
A partir daqui, vamos assistir a uma guerra de eliminação, de ódio e de consciência. Uma espiral de morte que ainda hoje não tem fim. O filme não toma partido e não dá respostas.
Fica só o beco sem saída da violência.
Memorável é o diálogo entre o protagonista, um agente da mossad, e um elemento da OLP. Vamos saltando de argumento em argumento, ora dando razão a um, ora reconhecendo pertinência no outro. Terrível dilema.
No fim, Spielberg, um reconhecido sentimental, ainda acena com a redenção do crime através do amor.
"Munich" é um filme que se deve ver. Mas é, também, uma história só em esboço. E essa é a sua principal fraqueza.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Conselho avisado

Vozes avisadas aconselham-me a ser mais selectivo em relação às fotografias que aqui posto, na série "Leica Foto". Estão, obviamente, carregadinhas de razão. Assim o farei (não sei se alguma vez repararam na fina ironia, mas sempre pretendi que o título da série se lesse "like a photo". Dig it?).
Hoje fui ver o "Munique", mas já é tarde para escrever sobre o filme. Fica para depois.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Fitas de fim-de-semana

Sábado, após alguns afazeres, regresso a Lisboa, ainda a tempo de apanhar em cartaz, no Saldanha Residence, "O Fiel Jardineiro" ("The constant gardner"), realizado por Fernando Meirelles - o mesmo de "A Cidade de Deus - , com Ralph Fiennes e Rachel Weisz e inspirado numa obra do magnífico John Le Carré.
Amor em tempos de tuberculose, filmado com a câmara ao ombro. Trama tensa, magníficas interpretações e, no fim, alguma revolta. Para quem não viu, fica forte recomendação.
No Domingo, girou no DVD "Charlie e a Fábrica do Chocolate", fábula semi-musical, algo lamechas. Bom entertenimento.

domingo, fevereiro 12, 2006

Leica foto




(clique nas imagens para ampliar)

Hoje é Domingo, dia da santa


Liberdade de expressão e bom-senso

Reafirmar a liberdade de expressão e dizer que, nos países civilizados, ela não pode ser limitada pela política, economia, religião ou qualquer outro tipo de interesses - organizados ou não - é um passo fundamental para o diálogo intercultural, não o contrário.
Dizer que, no exercício da liberdade de expressão, deve sempre prevalecer o bom senso, é dizer nada. Porque, na realidade, o bom senso (nomeadamente o aplicável à liberdade de expressão) não pode ser legislado, regulamentado, regulado. É uma impossibilidade teórica e prática. Qualquer tentativa nesse sentido conduz à censura.
A liberdade de expressão deve sempre ser defendida e reafirmada, apesar dos erros e abusos que dela resultem. A responsabilidade por esses erros e abusos é individual (podendo, em certos casos, transmitir-se solidariamente a outros sujeitos). E é no campo do estado de direito democrático (e, acrescente-se, laico) que serão dirimidas as questões de abuso. Não há responsabilidades colectivas.
Dizer isto, aqui, em Portugal, na Europa, é dizê-lo, sem hesitações, ao mundo. Porque esta não é uma "questão europeia". É uma questão de defesa de direitos básicos dos homens, de todos os homens. É a defesa dos que, nos países muçulmanos, gostavam de se exprimir livremente. Porque se calam os muçulmanos moderados? Não podem ter medo de falar. Essa é, também, a nossa luta. Ao afirmar (e praticar) a liberdade de expressão, transmitimos uma mensagem fundamental:. quem é contra os radicais, deve avançar, falar, combater politicamente. O exemplo tem de ser o nosso. Porque, com os radicais, não pode haver diálogo, ajudemos os outros.

Inimigo Público


Já que estou numa onda de plágio, aproveito para colocar aqui algumas das coisas que mais me fizeram rir na edição desta semana do melhor jornal português: o Inimigo Público.
Um grande bem-haja para quem consegue colorir desta forma as minhas sextas-feiras!

CARTOONS
Budistas dizem-se gozados pelo Ocidente há mais anos
Países islâmicos treinam cartoonistas suicidas para contra-atacar Ocidente
Louras lançam Fatwa contra 'Malucos do Riso'
Alexandra Solnado troca Jesus por Maomé

"Este Maomé que Vos Fala" é o título do próximo livro de Alexandra Solnado. Depois de vários anos de conversas com Jesus Cristo, a escritora confessou já não ter grande assunto com Ele - "ultimamente, só falávamos do tempo" - pelo que resolveu escolher um novo interlocutor [...]
DESPORTO
Benfica suspende salário de Moretto para motivar jogador
Koeman garante que vai continuar a utilizar caricaturas tácticas

[...] depois de concluir a exposição dos seus trabalhos nos relvados portugueses, pretende continuar a sua carreira de caricaturista no metro de Barcelona.
Valentim Loureiro considera-se 'praticamente inocente'
'Doping' ajudava Assis a sentar-se no banco de suplentes

[...] as substâncias que tomou não tiveram qualquer influência no seu rendimento desportivo, não porque não fizessem efeito, mas sim porque o jogador passa a vida no banco de suplentes e nem sequer teve oportunidade de experimentar os últimos esteróides que recebeu da mulher no Natal.
SOCIEDADE
Sede do Google é a casa da bruxa má
Desperdícios da plástica de Lili Caneças incinerados em Souselas

Polémicas à parte, sou a favor do casamento homossexual. Aliás, o casamento homossexual faz mais sentido do que o casamento heterossexual. Ao menos, há duas pessoas interessadas nos arranjos de flores, nas toalhas e no serviço a usar no copo-de-água.

Numa entrevista, o líder dos superdragões declarou que ninguém na claque gosta de Co Adriaanse. Penso que assim é melhor. Sempre há menos confusão. Não nos podemos esquecer do que aconteceu ao José Mourinho só porque havia pessoas nos superdragões que gostavam mais dele do que do marido.

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sábado, fevereiro 11, 2006

Apresentamos os nossos pedidos de desculpa...


No último post ("Onde está o Malagueta?"), por lapso saiu uma imagem onde aparece um sujeito pequenino, de barba, que está a espreitar atrás de Wally.
Queremos deixar aqui desde já os pedidos antecipados de desculpas pelas sensibilidades que possamos ter ofendido. Se houver alguém que identifique a imagem com um certo e determinado profeta conhecido, pedimos que não espalhe, não conte a ninguém. Avise-nos por favor, que nós teremos o cuidado de substituir a imagem por outra que não fira quaisquer susceptibilidades. Está combinado? Temos de ser uns para os outros, pá!

Nota: Se alguém me acusar de plágio, terá toda a razão. Esta ideia surgiu na edição do Inimigo Público de ontem. Se não leu, peça emprestado o jornal, porque todo ele vale a pena!

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Onde está o Malagueta?

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Churchill e os maometanos

"Eu preocupo-me menos com os princípios que advogo do que com a impressão que as minhas palavras produzem e com a reputação que elas me proporcionam, Isto parece terrível. Mas não se deve esquecer de que não vivemos uma época de Grandes Causas. Cedi muitas vezes à tentação de adaptar os meus factos às minhas frases". (à especial atenção do obtuso Daniel Oliveira, que sempre pode encontrar aqui algum respaldo).
Esta frase, escrita numa carta de Winston Churchill à sua mãe em 1897, resume aquilo a que o estadista chamava a sua "falha mental".
Churchill era então um jovem oficial de cavalaria colocado no norte da Índia, onde se viu envolvido em combates com tribos afegãs muçulmanas sublevadas. Sobre esses combates escreveu, em carta publicada pelo Daily telegraph: "a civilização está frente a frente com o maometismo militante. Dadas as forças materiais e morais" mobilizadas uma contra a outra, "não há que temer o resultado final, mas quanto mais tempo durar a política de meias-medidas, mais distante estará o fim da luta".
Infelizmente, Churchill revelou estar historicamente certo em relação a muitas outras questões. Foi, por exemplo, dos poucos políticos ocidentais a alertar contra o perigoso Hitler, dizendo que a Inglaterra se devia preparar para a guerra. Só o ouviram tarde demais, quando a Europa já estava mergulhada na mais cruel das guerras, com "holocausto" à mistura. Será que, já em 1897, estava também certo em relação a esta questão? Ou procurava só, com estas palavras, "reputação"?

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Parecem bandos de pardais à solta


Pavões, pavões...

Leica foto


Cor ou PB?
(clique nas imagens para ampliar)

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Abaixo assinado


O Ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu ontem um comunicado, assinado por Diogo Freitas do Amaral, que reproduzimos na íntegra:

"Portugal lamenta e discorda da publicação de desenhos e/ou caricaturas que ofendem as crenças ou a sensibilidade religiosa dos povos muçulmanos. A liberdade de expressão, como aliás todas as liberdades, tem como principal limite o dever de respeitar as liberdades e direitos dos outros. Entre essas outras liberdades e direitos a respeitar está, manifestamente, a liberdade religiosa - que compreende o direito de ter ou não ter religião e, tendo religião, o direito de ver respeitados os símbolos fundamentais da religião que se professa.
Para os católicos esses símbolos são as figuras de Cristo e da sua Mãe, a Virgem Maria. Para os muçulmanos um dos principais símbolos é a figura do Profeta Maomé. Todos os que professam essas religiões têm direito a que tais símbolos e figuras sejam respeitados.
A liberdade sem limites não é liberdade, mas licenciosidade. O que se passou recentemente nesta matéria em alguns países europeus é lamentável porque incita a uma inaceitável «guerra de religiões» - ainda por cima sabendo-se que as três religiões monoteístas (cristã, muçulmana e hebraica) descendem todas do mesmo profeta, Abraão."
Eu, cidadão português e contribuinte activo, lamento e discordo do conteúdo desta declaração. Num post aqui em baixo já remeti para os fundamentos de Francisco José Viegas e podem ler outros bons argumentos para rejeitar esta declaração do MNE através da listagem que está a ser recolhida por Paulo Gorjão, no Bloguítica (além de tudo o que fui dizendo aqui no RdM).
Assim, solicito ao senhor Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros que nunca mais utilize a fórmula "Portugal" no início das suas declarações. Pode começar com "O Governo português lamenta..." ou outra que lhe pareça mais adequada e que não nos vincule a todos, enquanto Nação. O que não pode é fazer passar declarações cobardes como esta, como se fosse o dono do sentimento geral da Nação.
Nunca, por nunca, "Portugal lamenta..."! Eu também sou "Portugal" e este comunicado não fala por mim.
(subscreva nos comentários, faça link..)

Vénus e Apolo


Estreia hoje, quarta-feira, na Fox Life (canal 58 da TV Cabo), uma série.
"Vénus e Apolo", chama-se.
Não sei do que trata, só vi a apresentação (que me pareceu ligeiramente badalhoca, por sinal), mas quero acompanhar.
Entra a Maria Medeiros, o que é suficiente para não fazer mais perguntas e comparecer ao encontro.
Espero não faltar (não sei a que horas passa...).

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terça-feira, fevereiro 07, 2006

Embora queimar bandeiras inglesas?

(clique no texto para continuar a ler, que [não] vale a pena).
Isto foi publicado no "The Sunday Times" no final de Agosto do ano passado e o autor, seguramente um bife completamente amaneirado, atrasado mental e alcoólico, chama-se AA Gill. Esta caricatura de Portugal é feita completamente a despropósito, no âmbito de uma suposta crítica ao restaurante londrino Tugga's.
Malta, a questão é esta: como ainda só passaram 5 meses da publicação desta cagada, como isto é um insulto ao País e ao povo e um abuso da liberdade de imprensa, é de todo em todo aceitável que comecemos, já hoje, a queimar em holocausto bandeiras do Reino Unido. Depois, vamos até à embaixada e invadimos e partimos aquela porcaria toda. E podemos sempre culpar o norte da Europa, que nos mantém nesta pobreza franciscana. Então, ' bora lá? Todos ao Marquês, hoje à noite. Vamos mostrar ao mundo que, connosco, ninguém brinca. Freitas do Amaral, alinha?

É lamentável

Depois de ler isto , ia escrever qualquer coisa parecida com isto.
Mas o Francisco José Viegas já disse praticamente tudo.

Quem muito se agacha...

Só para esclarecer, porque pode não ter ficado muito claro nas anteriores postas: os muçulmanos não são, para mim, todos iguais. Existem países e enormes grupos de moderados, que devem ser apoiados, de modo a que possam, eles próprios, "moderar" os radicais.
A ideia que tenho querido expressar é que, quanto a radicais, não podemos (mais) estar com "paninhos quentes", tolerância e relativismos. Eles declararam-nos (à civilização ocidental) guerra há muito tempo, e as caricaturas são um simples pretexto. No presente caso, a tibieza, pedir desculpas e fazer penitências, é dar um sinal errado, um sinal de fraqueza e complacência. Na senda das novas crónicas do Miguel Esteves Cardoso no Expresso, impõe-se aqui o ditado "quem muito se agacha, vê-se-lhe o cu" (há uma versão que termina em "rabo", mas a utilizada é que é a verdadeiramente popular).
PS: de acordo com o DN, um jornal iraniano anunciou um concurso de cartoons sobre o holocausto, na senda do que a Liga Árabe já tem vindo a fazer e divulgar. Receia-se o pior do mau gosto. Será que, para os "multiculturalistas de serviço", o mau gosto será desculpado com... o mau gosto?

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Isto não são caricaturas!





















E, ou admitimos que estas cenas são toleráveis nas ruas de, digamos... Lisboa, ou rejeitamos estes radicalismos, fanatismos e violência. É uma questão de escolha. Não há relativismo nem tolerância possível.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Dansk



Acabei de ver, no telejornal, vários grupos de alienados a queimarem bandeiras da Dinamarca. Hoje, sou dinamarquês.

Grande título


"Kamasutra provoca menos estragos que o previsto". Aqui.

Radicalismo

Como podem verificar no fim desta posta, todos os crentes religiosos, se seguissem o actual exemplo dos radicais islâmicos, teriam razões para queimar bandeiras, expulsar estrangeiros, invadir embaixadas. A diferença é que, no Ocidente, a liberdade religiosa está equiparada à liberdade de expressão. Ambas são sagradas. O elemento comum é LIBERDADE. No islão ou, pelo menos, para os radicais islâmicos, a liberdade de expressão decai perante a religião. Aliás, a religião é A lei, a Sharia. Não há distinção entre vida religiosa e vida secular. E é isso, sobretudo, que os distingue das civilizações ocidentais.

Já todas as grandes religiões e os seus ícones foram objecto de caricaturas. O islão é o único que, aparentemente, não sabe conviver com isso (apesar de existirem alguns grupos radicais nas outras religiões, mas residuais e enquadrados por leis laicas).

As caricaturas de Maomé, que suscitaram toda esta algaraviada, não pretendem brincar com Maomé, mas com o que os radicais islâmicos fizeram dele. Mas são só umas caricaturas, caramba.

Outros casos houve, bem mais graves. Não foram os radicais islâmicos que rebentaram com a escultura de Buda do vale de Bamian, património mundial da humanidade? - Foram. Houve embaixadas invadidas, bandeiras queimadas, islamitas expulsos? - Não. Houve liberdade de expressão da indignação, o que é natural, e pouco mais. Não me recordo de ver os islamitas muito preocupados e a pedir desculpa ao mundo. É isso que nos distingue, que nos torna diferentes deles. E eu não tenho dúvidas: com todos os seus defeitos, prefiro de longe a nossa civilização ocidental e o seu respeito e tolerância pela diversidade.