sábado, abril 22, 2006

Divagações soltas sobre religião I

Politeísmo
Os muçulmanos consideram que os Cristãos não passam de politeístas - e isso por causa da Santíssima Trindade, que, no lugar de um, tem três.
Tenho para mim que os muçulmanos têm razão mas não por causa do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Isso são complexidades bizantinas, que terão servido para condenar alguém como herege.
O que para mim é notoriamente bizarro, na religião cristã - enfim, na católica - é a profusão de santos e santinhos. Ah, eu sou devoto de Nª Srª de Fátima. Eu, pelo contrário, sou todo da Senhora do Caravaggio (não é igual?!). Eu trago sempre comigo uma medalhinha de São Sebastião, coitadinho... Espero que S. Pedro não nos mande chuva!
Por Toutatis e por Jupiter, estes católicos são doidos!

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segunda-feira, março 20, 2006

A expansão muçulmana

Aos 53 anos Maomé casou-se com Aixa, que tinha 9. Aixa era filha de Abu Bakr. Fátima, filha de Maomé, casou-se com Ali.

Depois da morte de Maomé, Abu Bakr foi eleito califa. Depois da sua morte, dois anos depois, foi eleito Omar, outro genro de Maomé. Ali concordou com estas duas eleições. No entanto, mais tarde zangou-se e dessa zanga familiar surgiu a divisão entre sunitas e xiitas – sendo que estes últimos eram (e são) seguidores de Ali, também chamados de Fatímidas (por causa da filha do profeta).

Sob o Califa Omar, o Islão expandiu-se abruptamente: Síria bizantina e o Iraque em 636, o Egipto em 641, a Pérsia em 642! Esta conquista rapidíssima explica-se pela fraqueza dos dois grandes poderes da zona, o império bizantino e os Persas, que se tinham esgotado mutuamente em guerras entre si.. Em 614 a relíquia da verdadeira cruz tinha sido mesmo levada para a Pérsia.. Em 630, a cruz regressou a Jerusalém (graças ao imperador Heráclio).
Continuação da expansão:
Em 714: Ásia Central, Norte da Índia, Espanha Visigoda.
Em 846, pilhagem da basílica de S. Pedro (Vaticano) pelos muçulmanos.
Em 878, a Sicília.
Fim séc X – 3 califados: Abássidas (Bagdad), Fatímidas (Cairo, Damasco) e Omíadas (Córdoba).
A conquista muçulmana foi bem aceite tantos pelos Judeus, que apreciavam mais a tolerância muçulmana do que a perseguição que os Cristãos lhes moviam, como pelos Cristãos monofisitas, que rejeitavam a doutrina ortodoxa relativa à natureza dual de Cristo e, por isso, eram perseguidos como hereges.
Os peregrinos cristãos tinham acesso a Jerusalém. A Igreja do Santo Sepulcro continuou sob controlo cristão.
O omíada Abd Al-Malik mandou construir uma segunda mesquita em Jerusalém, sobre a rocha onde Abraão ia sacrificar Isaac e a partir da qual Maomé teria subido ao céu. Essa segunda mesquita constitui uma maravilha arquitectónica. Tem a seguinte inscrição:
«Ó Vós, Povo do Livro, não ultrapasseis as fronteiras de vossa religião, e de Deus dizei somente a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, é apenas um apóstolo de Deus, e de Sua palavra, que Ele transmitiu a Maria, e de um espírito que dele se originou. Acreditai, portanto, em Deus e seus apóstolos, e não digais três. Será melhor para vós. Deus é apenas um Deus. Que esteja longe de Sua glória ter um filho».
Para além do apoio dos Judeus e de alguns "hereges", para a rápida expansão muçulmana também ajudou as divergências entre Cristãos orientais / ocidentais. Uns dedicavam-se à veneração imagens, os outros tornaram-se iconoclastas. O drama agravou-se e desembocou na divisão do Cristianismo nos ramos grego e latino – em 1054, excomungaram-se mutuamente.


Em 1071, os Seljúcidas (povo da Ásia Central, já muçulmano), sob o Sultão Alp Arslan, praticamente desbarataram os Bizantinos na batalha de Manzikert. Os Bizantinos estavam empenhados em 2 frentes: os referidos Seljúcidas na Anatólia e os Normandos da Sicília, sob Roberto Guiscard, a atacarem Bari, o último baluarte Bizantino em Itália.
A derrota de Manzikert foi um dos principais motivos para que Urbano II convocasse a primeira cruzada para 'libertar Jerusalém'. Pelo caminho, a ideia era aligeirar a pressão que se abatia sobre Constantinopla.

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sábado, março 11, 2006

Cristo vs. Maomé

COMPARAÇÃO ECUMÉNICA
Atitude
Amor e não-violência vs. espada
Mansos e pobres de espírito vs. exaltação do guerreiro vitorioso
“O meu reino não é deste mundo” vs. império teocrático
Carregar a cruz e aceitar o sofrimento vs. pilhagens, concubinas e escravos
Família
Monogamia (ou celibato) vs. até 4 esposas além de todas as concubinas que se possa
Jesus rescindiu a Lei de Moisés e proibiu o divórcio. Maomé permitiu o divórcio, bastando para isso uma simples declaração (já não me lembro em que país asiático um homem declarou o seu divórcio através de um SMS, há uns anos).
Jesus celibatário vs. Maomé com 9 esposas e uma porrada de concubinas (Maomé gabava-se de conseguir satisfazer todas as suas mulheres numa única noite – e quantas mais aparecessem!)

Tanto Cristo como Maomé cultivaram as virtudes da honestidade e da frugalidade.

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domingo, março 05, 2006

E depois de Abraão, Moisés, Jesus... Maomé!


Os descendentes de Ismael (o filho mais velho de Abraão) viviam no deserto adorando estrelas, ídolos e pedras sagradas. A divindade mais valiosa era uma pedra negra muito antiga, guardada na Caaba, em Meca, para onde se organizavam peregrinações a fim de se ver a tal pedra. Este facto dava muito poder aos coraixitas, que dominavam Meca.
Maomé nasceu por volta de 570 DC em Meca. Pertencia a um clã inferior da tribo dos tal coraixitas. Órfão, foi criado por seu avô (chefe do clã) e trabalhou com seu tio Abu, comerciante ao serviço de quem viajou para a Síria.
Maomé tinha cerca de 25 anos quando entrou numa missão comercial em representação de uma rica viúva, Cadija. Ela gostou tanto da prestação de Maomé que, apesar de ser 15 anos mais velha do que ele, lhe propôs casamento (espero que esta autonomia e liberdade das mulheres não ofenda nenhum muçulmano que leia isto no séc. XXI...).
Por volta de 610 DC, Maomé teve uma premonição de Alexandra Solnado e começou a ter grandes conversas com o Anjo Gabriel. Essas revelações ir-se-iam manter até à sua morte e começaram a ser registadas por escrito no Corão por volta de 650 DC. No entanto, Maomé foi um pouco mais cauteloso que Alexandra Solnado, e demorou 3 anos a revelar em público as suas conversas. Para isso foi fundamental o apoio da sua mulher, Cadija, e de um primo cristão de Cadija, Waraqah.
A mensagem de Maomé resume-se a um monoteísmo descomplicado: Existe apenas um Deus e Maomé é o seu Profeta. Ponto final parágrafo. É realmente uma religião um pouco ingénua...
Em 619 morreram os “protectores” de Maomé: a mulher Cadija e o tio Abu. Os poderosos de Meca já estavam um pouco fartos dos seus discursos e assim Maomé teve de ir morar para Medina – em 622 DC, que marca a “hégira”, o ano zero da era muçulmana.
Em Medina, Maomé continuou com as suas conversas com o Anjo Gabriel e com os seus discursos. Com os seguidores que conseguiu reunir no decurso das suas pregações, iniciou ataques a caravanas e contra mercadores. Em 630, conquistou Meca. A pedra negra da Caaba foi a única concessão que fez às crenças antigas – o resto foi destruído.
Maomé morreu em 632.
Em 620, Maomé teve uma visão onde cavalgava com o Anjo Gabriel (depois de tantos anos na palheta já eram compinchas) até ao Monte do Templo, em Jerusalém, para encontrar Abraão, Moisés e Jesus, e daí ascendia ao Trono de Deus. Este sonho é um dos motivos para que Jerusalém seja também uma cidade sagrada para os muçulmanos.
Maomé prometeu o Paraíso a quem morresse em batalha e pilhagem a quem sobrevivesse.
Para Maomé, o Islão era a religião de Abraão que fora abandonada pelos judeus.

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sábado, março 04, 2006

A institucionalização do Cristianismo


Constantino apreciava a companhia de bispos cristãos. Caso tivessem sido flagelados e mutilados em perseguições, beijava-lhes as cicatrizes (blaaargh!).
Mandou erguer a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém e recuperou o santo madeiro (a cruz onde Cristo foi crucificado) – a suprema relíquia do Cristianismo. Transferiu também a capital do império de Roma para Bizâncio (renomeada Constantinopla em sua homenagem, depois da refundação).

Cedo a intolerância também surgiu, tanto contra os pagãos como contra os inevitáveis judeus. Depois de uma sinagoga ter sido destruída, o imperador Teodósio mandou que se procedesse à sua reconstrução a custas dos cristãos que a tinham destruído. No entanto, o bispo de Milão, Ambrósio (uma referência incontornável do Cristianismo primitivo) impediu que se fizesse dessa forma, apresentando este fabuloso argumento: «O que é mais importante? A ostentação de disciplina ou a causa da religião?».
O império romano do Ocidente esboroou-se no séc V. Um dos factores comummente apontados como uma das causas (entre várias outras)para a queda do império é exactamente a religião cristã. A exaltação da bondade, do perdão, da resignação, da não-violência, do amor, revelou-se incompatível com as virtudes militares necessárias nesses tempos.
Ainda no fim desse século (498 DC, para ser mais exacto), Clóvis, Rei dos Francos, foi baptizado, assegurando assim a perpetuação da aliança entre a religião cristã e o poder terreno.
Com a queda do império romano iniciou-se a Era das Trevas, a imensa Idade Média - durou cerca de mil anos, terminando exactamente com a queda de Constantinopla às mãos do outro monoteísmo rival, que surgiu no século VII.

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quinta-feira, março 02, 2006

Constantino: "IN HOC SIGNO VINCES"


Desde cedo o Cristianismo foi sujeito a discussões, desavenças, diferentes interpretações. Recorde-se que na altura não havia ainda Evangelhos e os mais próximos de Cristo tinham sido todos supliciados. A morte de Pedro, crucificado de cabeça para baixo, é particularmente reveladora do que eram esses tempos e da força das convicções nessa altura. O primeiro concílio realizou-se em Jerusalém, logo em 51 DC.
O Concílio de Nicéia (séc. IV) foi particularmente importante para a doutrina. Foi aí que se estabeleceu a consubstancialidade do Pai e do Filho (polémica entre o “Homoousiano” e o “Homoiousiano”, Atanásio e Ário), a Santíssima Trindade, etc. Coisas importantes à brava, se bem que não estejam ao alcance de qualquer um.
Para além de concílios onde se discutiam aspectos obscuros da doutrina e se acusavam mutuamente de heresia (em linguagem do século XX chamar-se-ia revisionismo...), os Cristãos rapidamente tiraram partido da organização do império romano para se alastrarem.
Os tempos estavam difíceis para o império: Diocleciano acabou por instituir a tetrarquia, com dois Augustos e dois Césares a governarem o império. Diocleciano abdicou em 305 DC e regressou “à vida civil”. Constâncio Cloro era o César do Ocidente e tinha a seu cargo a Bretanha e as Gálias. O seu filho Constantino foi proclamado Imperador pelas suas legiões na Bretanha e estendeu o seu poder a todo o Império. Antes da crucial batalha com o seu principal rival Maxêncio mandou bordar uma cruz nos seus estandartes, depois do famoso sonho do “In hoc signo vinces”. Ganhou a batalha e tornou-se Imperador. O primeiro Imperador cristão.

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quarta-feira, março 01, 2006

A Nova Aliança entre Deus e o Homem

O novo monoteísmo chegou com uma enorme frescura: Cristo concebido por uma virgem (!), produzindo milagres vistosos (transformar água em vinho, andar sobre a água, multiplicar peixinhos, curar leprosos) e apregoando a brandura e a simplicidade. Acima de tudo, perdoar e oferecer a outra face.
Esta mensagem surgiu em tempos violentos e conturbados e conseguiu a adesão de vários seguidores nas camadas mais desfavorecidas da população. Constituiu de facto uma mensagem de esperança para quem tinha uma vida miserável, e a “boa-nova” espalhou-se como pãezinhos quentes. Mas, entretanto, Cristo morreu e todos os apóstolos também. A nova aliança entre Deus e o Homem corria o risco de desaparecer
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Paulo de Tarso era um judeu caça-cristãos. Carregado com mandatos de prisão de cristãos, teve uma visão no meio da estrada para Damasco. A grande visão de Paulo, a grande novidade do seu pensamento, é que “cristão” não era necessariamente um upgrade de “judeu”: Poder-se-ia ser cristão sem ter de cortar antes o prepúcio. Foi com esta amarga questão que alguns cristãos (ex-judeus) se revoltaram contra Paulo, mas a visão dele fundou uma religião universal – a primeira, já que o monoteísmo anterior era só para alguns eleitos, não era para todos.
Paulo era também um cidadão romano, o que lhe permitiu ser levado a Roma para ser julgado. Acabou por ser decapitado em 67 DC, ainda no rescaldo do incêndio que se abateu em 64 DC sobre a cidade.

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quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Fariseus; a Destruição do Templo

O Imperador Augusto decidiu nomear um Governador para a província problemática onde vivia aquele povo tão estranho que se recusava a honrar os deuses. Em 26 DC, Pôncio Pilatos assumiu o cargo.
A sociedade israelita estava dividida entre os Saduceus, defensores do establishment, pragmáticos, e os Fariseus, que eram mais rígidos e radicais. Austeros, os Fariseus criavam minudências legalistas para regular todos os aspectos da vida judaica. Os Fariseus mais radicais eram os Essénios, uma seita verdadeiramente fanática, e os Zelotes, uma organização terrorista composta por assassinos (sicários).
Os Fariseus eram violentamente contra a ocupação Romana. Em 66 DC ocorreu uma revolta em larga escala que expulsou os Romanos e permitiu atingir a independência. «O que deu coragem aos Judeus para desafiar o poder de Roma foi a intensa sensação de expectativa messiânica entre eles na Palestina do séc. I» (Piers Paul Read, in "Os Templários").
A reacção romana não tardou muito - o Imperador Nero enviou o General Vespasiano para abafar a revolta dos Judeus. Entretanto, Nero morreu e foi substituído por Galba. Galba também morreu, ficando o Império a ser disputado entre Oto e Vitélio. Para abreviar a história, Vespasiano acabou por se aborrecer e se tornar Imperador, indo para Roma e deixando a seu filho Tito a incumbência de acabar a tarefa.
Em 70 DC, Tito destruiu o Templo e dizimou praticamente toda a população de Jerusalém. Fala-se em cerca de 1 milhão de mortos, refugiados a viver nos esgotos (Milla 18?!), sobreviventes reduzidos à escravidão e a cidade arrasada. Mesmo assim, a rebelião não terminou, sendo ainda necessário o episódio do suicídio colectivo dos zelotes na Fortaleza de Massada.
Por esta altura, Deus, aparentemente, tinha adoptado uma postura mais liberal e menos ríspida, tendo procedido ao lançamento de novo produto, mais adequado à nova época. Começava a Era de Peixes.

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domingo, fevereiro 19, 2006

Pompeu, César e Herodes

Depois da morte de Alexandre, aos 33 anos, as suas conquistas foram divididas pelos seus Generais. Israel estava entre as zonas de influência de Ptolomeu (Egipto) e Seleuco (Mesopotâmia). Em 167 AC, 3 irmãos macabeus lograram obter a independência para Israel.
Cerca de 100 anos mais tarde, chegaram os Romanos. Pompeu zangou-se e morreram 12.000 Judeus. No entanto, o que na altura causou mais comoção em Jerusalém não foi esse facto, mas sim a profanação do Templo levada a cabo pelas tropas de Pompeu. Rezam as crónicas dessa altura que «nem mesmo durante a captura do Templo, quando eram brutalmente mortos em torno do altar, eles renunciaram às cerimónias preceituadas para o dia».
Em 47 AC, após a Guerra Civil que opôs Pompeu a Júlio César, e depois da ajuda que deu nos combates que César enfrentou em Alexandria, no Egipto, Antípater ficou à frente da Palestina, coadjuvado pelos seus dois filhos: Fasael na Judeia e Herodes na Galileia.
Este Herodes era um grande amigo de Marco António (esse mesmo, o Richard Burton).
Em 40 AC, os grandes rivais dos Romanos, os Partos, atacaram, aproveitando o rescaldo da Guerra Civil que opôs Marco António a Octaviano (esse mesmo, o Augusto). Octaviano providenciou ajuda, fornecendo um exército a Herodes, que conseguiu rechaçar os Partos.
Herodes construiu um segundo Templo em Jerusalém, um Templo verdadeiramente magnífico. Herodes foi um excelente Rei, justo, equilibrado, iluminado. À medida que envelhecia, no entanto, tornou-se simplesmente paranóico. É verdade que toda a sua vida foi acompanhada por conspirações, intrigas, assassinatos, violência. Mas no fim da vida Herodes exagerou, matando grande parte da família mais próxima. A sua irmã Salomé (essa mesma, a do Baptista) também era fresca.
Entre outros, Herodes mandou matar sua mulher, um cunhado, dois filhos, etc. A sua sanha persecutória ficou bem assente na famosa história da matança dos bebés, que supostamente levou um casal a viajar de jumento até ao Egipto depois de ter passado uma noite num estábulo.
No leito de morte, quando sentia uma comichão insuportável pelo corpo todo, dores constantes na porção inferior do intestino, edemas nos pés, inflamações no abdómen e, para finalizar, gangrena nos órgãos genitais de onde saíam vermes (aaargh!), ainda teve alento de mandar matar o seu primogénito, cinco dias antes de morrer.

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sábado, fevereiro 18, 2006

Moisés, David e Salomão - o Templo

Por volta de 1.300 AC, os territórios da Palestina foram afectados pela Fome. Os Judeus emigraram para o Egipto, onde puderam sobreviver.
Quando Ramsés se tornou Faraó, as coisas não estavam bem. Os Judeus queriam voltar para a sua terra, Ramsés não queria deixar. Deus deu uma ajudinha (na verdade, foram sete penalties assinalados contra os egípcios, para ser mais exacto, proeza só obscurecida por uma lendária prestação do famoso árbitro Calabote a favor do Benfica, nos anos 50, segundo creio) e os Judeus acabaram mesmo por fazer as malas. Quem os liderava era Moisés que, para além de conseguir encontrar um caminho por entre o mar sem molhar os pés, recebeu das mãos de deus Himself umas Tábuas onde estavam escritos os 10 Mandamentos, nova lei pela qual os Judeus se deveriam reger. Essas tábuas foram guardadas numa arca, chamada da Aliança (actualmente encaixotada num armazém do exército americano, a fazer fé no Indiana Jones). Os Judeus voltavam assim à Terra Prometida (misteriosamente transformada em Canaã).
Por volta de 1.000 AC, um pastor foi chamado para tratar do Rei, que estava muito doente. As capacidades curativas do moço circunscreviam-se a tocar flauta, mas isso acabou por ajudar o Rei a melhorar. O rapaz também jogava muito bem à pedrada, daí que tenha avançado quando foi necessário mandar uma pedrada à testa do Golias, um rapaz mais velho que chateava lá na rua. A partir desse momento, os Judeus passaram a olhar para David com mais respeitinho e não mais apenas como o "rapaz do pífaro".
David acabou por se tornar Rei de Israel, depois de umas peripécias que não vale a pena recordar aqui. Relevante para agora é que conquistou Jerusalém aos Jebuseus. O seu filho Salomão, em 950 AC, construiu o Templo, orgulho dos Judeus desde aí.
O Templo de Salomão manteve-se de pé quase 400 anos. Foi destruído em 586 AC pelos Caldeus, sob Nabucodonosor. Não contentes com isso, Nabuco ainda levou os Judeus para a Babilónia como escravos. Não passaram lá muito tempo: Os Caldeus cedo foram derrotados pelos Persas de Ciro. Os Judeus regressaram a casa e reconstruiram o Templo em 515 AC.
Os Persas começaram a fazer umas malfeitorias na Grécia (apenas se aproveitou uma prova olímpica que ainda agora continua a encerrar os Jogos) e, uns séculos depois, foi o refluxo: Alexandre, o Grande, passou por aquelas paragens na sua conquista do Mundo, levando os Persas à sua frente.

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sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Abraão - O Pai de Todas as Nações

Abraão era um homem rico de Ur, na Mesopotâmia. Por volta de 1.800 AC, viajou até à terra dos Cananeus, entre o rio Jordão e o Mediterrâneo.
Abraão foi escolhido por Deus para ser o "Pai de uma Multidão de Nações". A marca distintiva dos "filhos de Abraão" representativa desse novo vínculo entre Deus e o Homem seria a circuncisão.
Abraão seria um homem muito bom. Seria também muito crédulo, visto que a esterilidade da sua esposa, Sara, não o deixou duvidar, uma vez que fosse, da concretização da promessa.
Sara, que também seria pessoa de muita fé, é que acreditava mais em construir a sua sorte em vez de esperar sentada - daí que tenha acabado por convencer o seu marido a engraçar com uma serva egípcia. Afinal, de acordo com a mensagem divina, Abraão seria o Pai, mas a mensagem não era conclusiva quanto ao papel da Sara.
A egípcia, de seu nome Hagar, não era de de deitar fora. Das conversas que Abraão manteve com ela nasceu Ismael, um rapaz.
Tinha Sara 90 anos quando finalmente emprenhou de Isaac. Quando o seu filho nasceu, a velha convenceu Abraão a mandar Hagar para o deserto, juntamente com Ismael, um pedaço de pão mais um cântaro com água.
Deus velou pelo bem estar dos escorraçados, tendo conseguido levá-los até à Arábia. Ao que parece também prometeu a Ismael a paternidade de uma série de nações (a originalidade nas promessas apareceu mais tarde...).
Depois da expulsão de Ismael, Deus ficou na dúvida. Será que Abraão gostava Dele? Será que alguém gostava Dele? Será que Abraão gostava mais Dele ou do filho? Ou foi isso ou não passou de uma partida, mas na realidade Deus exigiu a Abraão que matasse o filho Isaac.
Abraão levou o seu filho até ao alto de um monte, afiou a faca e, quando ia começar a matança, Deus acorreu e disse-lhe que era tudo a reinar.
Desceram do monte como compinchas, Deus mais satisfeito, certo do amor que Abraão lhe dedicava, Abraão todo contente, afinal não tinha que assassinar o filho (será que tinha entendido mal?!). Isaac é que parece que nunca mais olhou para o velho da mesma forma.

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Revisões da Matéria - Religião

No seguimento da Guerra dos Cartoons (a propósito da qual coloco aqui o meu preferido, dos que vi), falou-se muito de Guerra entre Civilizações.
Nessa Guerra, os muçulmanos querem destruir o nosso modo de vida, restringir a liberdade e semear bombas. Apesar de parecer o resumo de um argumento fraquinho para um filme de série B, infelizmente isto tem correspondido à realidade: World Trade Center, Bali, Madrid, Londres, e tantos outros casos, têm sido ilustrativos desta raiva irracional que aparentemente tomou conta do islão.
A palavra-chave é "irracional". Pode falar-se nos califas, no império otomano, em Saladino, no que seja. Eu não consigo entender. Desconfio, enfim, que a explicação não se encontra na religião, mas a religião é sem dúvida um factor preponderante para entender o que se passa.
Sem qualquer tipo de presunção, pretendo iniciar aqui no RdM um breve apanhado dos aspectos que constituem os marcos fundamentais das 3 religiões monoteístas, dos seus pontos comuns e do que as separa - numa perspectiva que pretendo que seja "histórica" e não religiosa.

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