quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Santa Engrácia

Passar pela experiência de ser, neste País, um "dono de obra" é verdadeiramente traumatizante. Os que já o foram sabem, decerto, do que falo.
Podemos começar pelos prazos. Não contam. Meras referências indicativas, ainda que contratualmente estabelecidas. Será que houve, alguma vez, em Portugal, uma obra concluída dentro do prazo estipulado? Não sou engenheiro nem arquitecto. Tenho, portanto, experiências episódicas em relação a esta questão. Mas, dessas experiências, a resposta que resulta é imediata: não!
Mandar construir uma casa é uma verdadeira odisseia, que se assemelha, muitas vezes, a um verdadeiro pesadelo. Somos obrigados a exercer uma fiscalização constante, mandando corrigir erros óbvios para qualquer olhar leigo. Parece mentira, mas o empreiteiro e os trolhas, apesar de serem eles, supostamente, os profissionais, não dão por metade deles. Ou, se dão, fazem figas para que o "papalvo" não repare.
Depois, os materiais e os custos. A forma como disparam, ao longo da empreitada, é delirante. Os orçamentos que nos apresentam são, também, exercícios extraordinários. Quem nos apresenta esses orçamentos, lamentavelmente, engana-se sempre nas contas que fez. Curiosamente, sempre em nosso prejuízo, nunca no deles. Correcções feitas - após expressão da indignação de quem vai pagar tudo - ficam só uns tímidos pedidos de desculpa pelos enganos. "Nunca me tinha acontecido", já ouvi de várias bocas, do canalizador ao electricista, passando pelo homem das bancadas da cozinha ou pelo carpinteiro.
Depois, ainda as burocracias autárquicas e bancárias. Todo um filme kafkiano à parte.
Em suma: mandar construir seja o que for, em Portugal, passa rapidamente de sonho a pesadelo.
E a construção civil é um dos sectores mais dinamicos e importantes da actividade económica nacional. Imaginem se não fosse.

2 ComentÁrios:

Anonymous Anónimo disse...

É uma triste realidade à qual já me vi submetida.

22 fevereiro, 2006 15:57  
Anonymous Anónimo disse...

Desta vez posso garantir-te que nao é um problema nacional. Esse filme também já o vi por aqui e também já me contou quem o viu noutros paises.

22 fevereiro, 2006 16:34  

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