segunda-feira, fevereiro 21, 2005

20 de Fevereiro de 2005

E o folhetim do Governo da Nação chegou ao fim. Com um estoiro histórico que não devia deixar dúvidas a ninguém, mas que, pelos vistos, ainda não chegou para limpar o palco político de algumas personagens infelizes.

Se há um facto essencial a retirar do resultado destas eleições é que uma larga maioria de portugueses (dos 6,4% do BE à inédita maioria rosa) destilava um quase ódio a essa má ideia que é Santana Lopes. Está escrito no Programa Eleitoral do PS em lugar de todas as ideias e propostas concretas que não estão lá. A verdade destas legislativas é que a remoção de Santana Lopes do lugar de Primeiro-Ministro foi a grande proposta de governo do PS, e como se vê esta era uma medida amplamente popular e que ainda por cima não exigiu grandes sacrifícios (algo a que nós como país somos manifestamente avessos).

O bom de tudo isto é que a casa começa a organizar-se. O Durão Barroso fugiu para o exílio dourado de Bruxelas, o Portas teve mais um dos seus ataques de superioridade moral e decidiu-se pela demissão, e o Santana Lopes... Bem, o Santana Lopes parece um daqueles bandidos dos filmes de faroeste que leva quatro tiros à queima-roupa, agarra-se ao balcão em desespero, emite uns quantos impropérios contra quem estiver à mão, levanta-se quando se pensava que estava caído por terra, e parece não querer perceber que quem lhe deu uma marretada terá todo o gosto em lhe dar outra se para tal tiver a oportunidade. É dar tempo ao tempo. Mais pouco do que muito, por favor, porque enquanto mantém o PSD refém da sua liderança, o País vai perdendo o contributo de um partido que é instrumental ao bom funcionamento da nossa democracia. Ainda para mais agora, que o parlamento deu uma brutal guinada à esquerda.

Enfim, não se resolveu nenhum dos problemas de fundo de Portugal mas pelo menos deu-se um passo na direcção certa. Seria até uma bela história de amor se Sócrates conseguisse fazer qualquer coisa de jeito com o mandato cego que lhe demos.

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