terça-feira, novembro 29, 2005

Mais postais da serra gaúcha






Fui ao Brasil
E de lá te enviei
Um bilhete postil

Soares é fixe

Nas próximas eleições presidenciais, votarei em Mário Soares.
Considero que tenho vários motivos para isso...
Memória
Mário Soares é o pai da democracia portuguesa, com todos os seus defeitos, sim, mas com todas as suas virtudes. Lutando à direita e à esquerda, com pragmatismo, sentido de missão, submetendo as tácticas a uma estratégia previamente definida - e bem definida, diga-se de passagem - definindo as metas fundamentais, que se hoje parecem evidentes, óbvias e naturais, há 30 anos não pareciam.
Ele esteve em todas as batalhas fundamentais dos últimos 50 anos - o difícil anti-fascismo, a vitoriosa consolidação da democracia, a traumatizante descolonização, a visionária adesão à CEE, o normalizador regresso dos militares aos quarteis e a inevitável devolução da política aos civis, a necessária restrição orçamental ditada pelo FMI, etc.
E tudo isto antes de ser Presidente de todos os Portugueses durante 10 anos!
Afectividade
Mário Soares sempre gerou fortes reacções emocionais e afectivas nas pessoas - amor ou ódio, alegria ou tristeza, mas nunca indiferença. Gera consensos, é um pacificador, um negociador por excelência. Une de facto os Portugueses, não é um mero slogan!
Os últimos 20 anos
Mário Soares foi Presidente durante 10 anos. Nesse período, transformou-se num símbolo vivo de Portugal, aceite, respeitado e ouvido por todo o povo português e na cena internacional. Nos últimos 10 anos, Soares continuou a agir, a intervir, a participar. Errou, falhou - sem dúvida, por vezes. Mas actuou. Foi para o Parlamento Europeu lutar onde considerou que a sua participação seria mais importante. Não se remeteu para um silêncio cómodo, de gestão dos timings políticos, não: deu a face. Virou substancialmente à esquerda, é verdade. São sinais do tempo...
O Futuro
O que pretendemos ter no futuro? Um Presidente que una os portugueses, que os ouça, que os motive, que não pretenda o poder executivo? Temos Mário Soares.
Tem-se dito que Cavaco Silva tem um perfil mais executivo, mais de primeiro-ministro. Concordo - apesar de não assinar de cruz as opiniões relativas à má prestação de Soares como primeiro-ministro: chefiou um dos governos mais dificeis que tivémos em Portugal, o tempo dos salários em atraso, das bandeiras negras. Era um tempo de consolidação orçamental, em que, pela primeira e última vez, tivémos um pacto de regime entre os dois partidos de poder: PS e PSD no chamado Bloco Central. Creio que isso demonstra a amplitude da crise...
Bom, dizia eu que Cavaco tem um perfil mais executivo, de acção. Mas ser Presidente requer mais reflexão ao invés de acção. Mais consenso ao invés de crispação. Mais afectividade ao invés de racionalismo. Mais humanismo ao invés de economicismo.
Esclareço: não estou a atribuir um peso mais positivo ao humanismo do que ao economicismo, nem o resto das características. Penso é que as primeiras qualidades que referi constituem um bom requisito para o perfil de Presidente, enquanto as segundas - que também são qualidades, atente-se - definem um bom primeiro-ministro.
Um Presidente não deve ser conflituoso. Não poderá acusar de "forças de bloqueio" quem não concorda com ele. Não pode fechar os ouvidos à sociedade, pedindo silêncio para o deixarem trabalhar. Não deve referir o "ser político" como uma coisa negativa.
Deve trabalhar pelo diálogo, pela colaboração, pela cooperação, para ajudar a atingir acordos, consensos, equilíbrios. Não deve ter medo de assumir o que é: um político, com tudo o que de mais nobre isso acarreta.
Bom, e era isso que eu tinha para dizer hoje. Saúdinha!

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Parabéns !!

O meu pai fez 75 anos hoje. Uma vida cheia, interessante, preenchida. Que continua recheada de novos desafios e alegrias. Muitos Parabéns!!

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segunda-feira, novembro 28, 2005

Os otários somos nós

Caro Rantas,

Há 30 anos que se andam a estudar alternativas à Portela. Os técnicos sabem que a capacidade do aeroporto estará esgotada a curto prazo.

Decerto, as pessoas que "perderam" tempo com estes estudos, entre políticos e técnicos, não o fizeram só por diversão.

Apesar de não ser um "técnico especializado", concederás que devo conhecer, melhor do que a maioria dos mortais, as limitações operacionais do actual aeroporto. É, aliás, por causa delas, que se têm feito - e terão que se continuar a fazer - inúmeras obras na Portela, até à entrada em funcionamento de um novo aeroporto internacional. Só para garantir uma operacionalidade mínima e capacidade de resposta ao actual crescimento do número de passageiros.

Assim, se assumires que quem diz que é necessário um novo aeroporto o faz com competência (e não por uma qualquer cabala que nem consigo imaginar), vamos ao ponto seguinte.

Como disse no meu post anterior, o problema, para mim, é que ao fim de 30 anos de estudos o melhor que têm (os técnicos, os politicos) para nos dar é um aeroporto que não permite a construção de mais de duas pistas e estará, também ele, esgotado passados 30 anos de entrar em funcionamento. Ou seja, daqui a 30 e tal anos, se ainda por cá andarmos, poderemos estar outra vez a discutir estas questões. Isso, para mim, é que é grave.

Caramba, não haverá nenhuma localização que permita arrancar com duas pistas, depois mais uma, e outra, e por aí fora, sempre que seja necessário aumentar a capacidade? Barajas, em Madrid, já vai para a quinta pista.

Quanto ao TGV, toda - ou quase - a Europa já está ligada em alta velocidade. Portugal vai ficar de fora? Na via férrea temos, aliás, um grave problema, que se chama "bitola ibérica". Os rodados dos nossos comboios são iguais aos espanhóis e diferentes do resto da Europa. (O AVE espanhol já resolveu esta questão para os "nuestros hermanos"). É um problema que devemos resolver, uma ligação em bitola europeia, pelo menos entre Lisboa e Madrid e daí para o resto do continente, e com ramal em Sines, para que este possa ser o grande porto da Europa.

Estes são os investimentos necessários. Que devem ser feitos. Não há, na minha opinião, volta a dar-lhe. Mas, como são muito elevados, têm de ser BEM FEITOS. E o problema é que a Ota não cumpre os requisitos. Recordo-te: ao fim de 30 anos, estará, também ela, esgotada. Há-de se arranjar melhor, não?

A Ota e os otários

El Ranys disse: «O aeroporto da Portela está esgotado (...) Torna-se, assim, fundamental procurar uma localização para um novo aeroporto internacional principal em Portugal, próximo de Lisboa».
Alex disse: «1 - A questão não é política, mas técnica. A Portela não é solução. Portanto, a construção de um novo Aeroporto é o problema a solucionar. 2 - A solução é técnica.»
Nos dias que correm, há poucos assuntos mais importantes do que este para o futuro do país. Apesar disso, é dos assuntos que menos têm sido debatidos de uma forma alargada. E pública, que é a forma mais adequada de o fazer.
Eu, para ser sincero, não consigo ser assim tão taxativo em sentenciar o Aeroporto da Portela. Está mesmo esgotado? As questões técnicas até podem ser claríssimas, e aí concordo com o Alex. Mas...
Se sim, porque foi gasto tanto dinheiro nas obras que ocorreram nos últimos anos?
Se sim, porque não divulgar isso convenientemente ao público?
Se sim, porque permitir que se adensem suspeitas sobre a falta de transparência do processo?
Recentemente, tivémos um Ministro das Finanças que se demitiu por não concordar com o investimento no Aeroporto da Ota e no TGV. Logo foram chamados os "jornalistas" do costume para retratarem a divergência de opiniões entre "concordar ou não com investimento público", quando o certo seria "concordar ou não que esses investimentos constituem (ou não...) o investimento público mais adequado para Portugal".
E aqui não posso concordar com o Alex.
Se tecnicamente a Portela vai esgotar ou não, os técnicos lá saberão, e melhor andaríamos todos se houvesse maior visibilidade sobre as conclusões (que me parecem um pouco inconclusivas, pelo que tenho lido, mas nem me quero meter por aí...).
A questão torna-se claramente política ao se escolher esses dois projectos, especificamente, e não outros quaisquer. É que não estamos propriamente em altura de vacas gordas, e convinha - desta vez - que não se esbanjasse mais uma oportunidade. Governar é escolher. Os estádios de futebol às moscas estão aí para lembrar que as escolhas erradas se pagam caro. As notícias mais recentes que vieram a lume relativamente ao TGV não permitem antever nada de positivo: aparentemente, mais uma vez se cedeu aos interessezinhos regionais em detrimento do interesse nacional. No caso da Ota, repito: não consigo ser tão taxativo como no caso do TGV. Mas tenho uma sensação de estarmos à beira de um precipício e de haver alguém a incentivar-nos: «Salta!».
Quanto a isto ser uma questão essencialmente política, lá isso...

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Cacarejar carpinteiro


Passei por aqui porque alguém bem intencionado elogiou este post.

De facto, esse post faz sentido, está escrito de uma perspectiva equilibrada, faz-nos pensar... enfim, é um bom post. Os meus parabéns. Concordo vivamente!

Acabei por dar uma vista de olhos mais alargada no blogue, até que me deparei com esta pérola.

"O Sr. cacareja?" constitui, na minha opinião, um apelo aos instintos mais básicos e mais primários que existem. E isso vê-se pelo nível rasteiro de alguns dos comentários que suscitou. Não basta pedir/exigir elevação no debate político, tem de se exercer essa elevação no quotidiano. E estes posts incendiários, a puxar pelo lado mais "futebolístico" (por vir de adepto grotescamente faccioso, pelos vistos), não ajudam. É puxar o debate sobre as Eleições Presidenciais, entre Soares e Cavaco (e os outros, naturalmente), para uma discussão burgessóide de Sporting-Benfica (e os outros, naturalmente), a arrotar cerveja e tremoços. Não apreciei. Discordo frontalmente!
Espero então que concordemos em discordar :)
Nota: Finalmente aprendi a fazer links. E que bonitos que estão!

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domingo, novembro 27, 2005

Notável sentido de golo


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Complemento ao post anterior


Na verdade, LFV não necessita de estar preocupado com falta de candidatos para brincar com o Benfica. À partida, o povo lampião nunca deixará de nos ir fazendo o favor de nos dar motivos para isso. Um grande bem-haja para a lampionagem, que nos garante assim a boa disposição e o bom-humor!

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Deixe-nos brincar com o Benfica...

Notícia no Record
Luís Filipe Vieira: «Não tentem boicotar projecto Canal Benfica»
Um dos desejos da actual direcção é o lançamento do canal do clube. Ontem, em Vizela, Luís Filipe Vieira voltou a focar o tema. "Vamos dar voz a todos os benfiquistas pelo Canal Benfica que sempre foi um ponto de honra nosso. Este projecto será uma realidade. Portanto, não tentem boicotar-nos. Não vamos rasgar contratos mas prometo que concretizaremos este objectivo até ao final do mandato. É a forma de responder aos cegos na mesma moeda. Não vai aparecer mais um 'pato' corado ou assado para brincar com o Benfica", adiantou.
Alto! Mas afinal o que é isto??! Se querem lançar um canal, lancem-no, porra! Será necessário andar sempre a desmontar cabalas? Mas quem serão as forças ocultas que andarão a boicotar o trabalho do senhor?
Que raio de maneira é esta de lançar uma iniciativa: «Não boicotem. Responder aos cegos na mesma moeda. 'Patos' corados e assados. Brincar com o Benfica».
Ele estará a falar de quê, em concreto, valha-me Deus? Até parece que teve aulas com o Octávio Malvado... Deixe-nos lá andar a brincar com o Benfica à vontade, que há motivos de sobra para isso, e não esteja sempre a pôr-se a jeito para ser gozado. Palhaço!

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Ota: o essencial


Na discussão sobre o aeroporto internacional da Ota, eis o que penso ser essencial:

1. O aeroporto da Portela está esgotado. Por muitas obras que se façam, a sua capacidade será sempre limitada ao curto prazo. Com o previsível aumento do número de passageiros e movimento de aeronaves, é necessário encontrar alternativas.
2. A solução Portela + 1 (Montijo?) para as companhias Low Cost parece ser, também, uma solução a prazo.
3. Torna-se, assim, fundamental procurar uma localização para um novo aeroporto internacional principal em Portugal, próximo de Lisboa, que sirva como hub para toda a operação da TAP, que cresceu, só nos últimos 4 anos, 40%.
4. Segundo li, na Ota só se podem contruir duas pistas. Os terrenos estão localizados em leito de cheia, pelo que a construção da infraestrutra exige fundações especiais, que muito encarecem a obra. Com duas pistas e a impossibilidade de se construirem mais, o "tempo útil de vida" para a Ota não passará muito dos 30 anos.
5. Ora, Portugal vai investir 3 mil milhões de euros para um projecto que durará 30 anos, findos os quais será necessário procurar novas alternativas?????
6. Os senhores que, há 30 anos, procuram a melhor solução, não foram capazes de encontrar melhores propostas? Uma localização que permita construir 2, 3 ou 4 pistas adicionais, logo que necessário? Só Rio Frio constitui alternativa? Nada mais?
7. Foda-se!

Rantanplan




Rantas, um moço que se estreou nas lides blogueiras aqui pelo "Revisão", já deu o seu grito do Ipiranga.

Para quem não saiba, Rantas é diminutivo de Rantanplan, alcunha antiga do moço que se lançou, agora a solo, em Rantanplan.

Claro que presumo que não seja um adeus ao Revisão. Será só uma coisa mais umbiguista. Que, pelos primeiros posts, promete.

Este caminho de "autonomização" de alguns conteúdos já vem sendo, aliás, ponderado por mim há algum tempo. Rantas, Malagueta e rapazes do Merdex: acho que está na hora de criar um blog só sobre futebol. Onde nada mais entre. Futebol puro e duro. E guardamos os outros blogs para coisas menos...hum...esféricas? Quem aceita o repto?

Hola, Peru

sábado, novembro 26, 2005

25 de Novembro: data histórica

Um pequeno momento de Poesia

1-0 Valerij Karpin (16)
2-0 Claude Makalele (29)
3-0 Mario Turdo (39)
4-0 Juanfran Garcia (43)
5-0 Turdo (50)
6-0 Karpin (53)
7-0 Alexander Mostovoi (62)

Obrigado, Bulhão Pato, por teres recordado esta efeméride. Ainda não sei fazer isto como deve ser, então aí vai o link, mesmo feioso, porque é destas leituras que se constrói carácter.
http://maosaoar.blogspot.com/2005/11/o-coro-dos-ranhosos.html

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Hoje é Sábado

Não quero saber de política, economia ou futebol. Não me rala que chova ou que faça sol.
Ignoro a globalização e o efeito de estufa, não me interessa toda essa lufa-lufa.
Hoje é Sábado, é um dia bom, amanhã é Domingo, também não é mau.

Fiat Lux

Revisão da Matéria - 1970

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Revisão da Matéria - 1971

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Revisão da Matéria - 1972

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Revisão da Matéria - 1973

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Revisão da Matéria - 1974

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Revisão da Matéria - 1975

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Revisão da Matéria - 1976

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sexta-feira, novembro 25, 2005

Fado Tropical


Oh, musa do meu fado
Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo...(além da sífilis, é claro)*
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."

Com avencas na caatinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas do Alentejo
De quem numa bravata
Arrebato um beijo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas o meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa..."

Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre Trás-os-Montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial

Chico Buarque - Ruy Guerra/1972-1973
Para a peça Calabarr de Chico Buarque e Ruy Guerra

Fiat Lux


Faça-se luz.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Serra Gaúcha






Não tem samba, não tem praia, não tem sol, mas é Brasil. A Serra Gaúcha, no coração do estado do Rio Grande do Sul, é uma infinitude de verde esperança, altivas araucárias (espécie de árvore autóctone), água solta em cachoeiras, canyons imponentes, natureza pura e liberdade.

Das rodas do chimarrão desprende-se um espírito peculiar, muito próprio. Há um Brasil assim, diferente e igualmente lindo.

O tempo que dura uma viagem é sempre curto. Não cabe nele o que fica por descobrir. Mas guarda-se a esperança do regresso incerto que permita percorrer trilhos agora anunciados.

As memórias fotográficas são limitadas. Por detrás das fotos, os irrepetíveis dias passados. E a extraordinária aventura gaúcha, que fica muito para lá de qualquer fotografia. Memorável.

Merdex

Ali ao lado, na coluna dos "enlaces", já está a ligação ao Merdex, um blog novinho feito por malta que é do melhor que há e que é muito "cá da casa". Têm, naturalmente, um gravíssimo defeito: dos quatro autores, três são lampiões. Mas, para compensar, o quarto recebeu o emblema de 25 anos de sócio do Sporting Clube de Portugal. Parabéns, Manolo, companheiro de bancada. Viva o Sporting.
A todos os elementos do Merdex, saúdinha e obrigado por distinguirem o Revisão da Matéria com a honrosa categoria de "correspondentex".

quarta-feira, novembro 23, 2005

Nos últimos dias tirei estas fotos...







Entre centenas de outras. "Tá-se" bem!

PS: parabéns, Rantas, por um punhado de excelentes posts.

Looking for Nemo?

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terça-feira, novembro 22, 2005

Os vampiros

No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés de veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Zeca Afonso, Os Vampiros





A sociedade portuguesa encontra-se cada vez mais dividida, antagónica, injusta.
A divisão é cultural, social, económica.
Função Pública para um lado (os "privilegiados"), privados para o outro.
Gente que trabalha e paga impostos contra a turminha da fuga ao fisco.
Gentinha que acha que João Pedro Pais é um grande poeta (aaaargh!).
Que classe social (ou profissional) te choca mais em Portugal? Sim sim, estou mesmo a falar contigo, a ti que estás a ler isto.
Muitas classes poderão ser consideradas. Haverá quem acuse os patos-bravos da construção civil, para outros os fiscais da EMEL representam o ocaso da civilização, há quem apresente os adeptos benfiquistas como prova de que Deus não existe ... enfim, haverá de tudo.
Estou convencido, no entanto, que o resultado de um inquérito destes teria como resultado quase único a classe política. E isso é dramático para todos nós: o facto de vermos os nossos eleitos como chupistas, ladrões, corruptos é péssimo.
Não acredito em profetas da desgraça - se X ganhar as eleições, vem aí o revanchismo, a ditadura, o populismo, os fuzilamentos, o aborto obrigatório, o casamento entre homossexuais (riscar o que não interessa).
Mas incomoda-me muito, mesmo muito, que as pessoas que têm a cargo a condução do nosso país tenham esse estatuto. E o mais incómodo ainda é concluir que essa imagem corresponde, por demasiadas vezes, à verdade - ou seja, que é por culpa exclusiva dos políticos portugueses que em Portugal se chegou ao grau zero da política, onde quem vai para lá são as pessoas que têm menos escrúpulos de ordem ética. E estou a utilizar um eufemismo, para que isto não se converta numa gritaria ("Só querem é poleiro. Chulos! Chulos!").
O que fazer para ultrapassar este beco sem saída, em que a actividade política, de tão desprestigiada, tende a atrair gente cada vez menos qualificada?
Não sei.
Virar as costas aos políticos profissionais? Não me parece ser a melhor solução. Chega de amadores, não? Sinceramente, não sei. Mas não devemos, em hipótese alguma, fechar os olhos a situações menos próprias - há que alertar, denunciar, gritar, barafustar.
O caso Eurominas. Que promiscuidade! Ex-ministros a sacarem indemnizações ao Estado. Indemnizações essas que o Governo a que pertenceram negou terem razão de ser!
O caso das reformas dos políticos, anunciado por Sócrates como exemplo do combate aos privilégios. Que vergonha! Deputados a atrasarem o envio para a promulgação, texto da lei mal elaborado propositadamente, tudo para que os novos autarcas ainda apanhassem a lei antiga. E os autarcas que se prestaram a isso, antecipando as cerimónias de tomada de posse para manterem os seus privilégios.
Alguém já perguntou a Carmona Rodrigues, por exemplo, porque antecipou a cerimónia - do início de Novembro para fim de Outubro? É triste termos estes políticos. E dá vontade de chorar quando nos lembramos da alternativa que tínhamos a este - o político-filósofo, o Rei-Sol iluminado que nos queria demonstrar que é muito inteligente e muito elegante, com boa pinta, com uma esposa bárbara, o mal foi o povo, esse camelo, não ter entendido as suas propostas!
Bom - vou terminar por aqui. Hoje estou a sentir-me deprimido. Mas que raio de post comecei eu que deu nisto?!

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segunda-feira, novembro 21, 2005

A bem da Nação!

Ministro não autorizou a Madeira a contrair empréstimo de 100 milhões
O Governo Regional até poderá ter razão. Não sei e, sinceramente, nem estou muito interessado em saber. Desta notícia que li no Público retive apenas duas informações:
1ª - Ao contrário dos anteriores (ou de muitos deles...), este Governo parece não se encolher perante a chantagem do batráquio madeirense. E isso é positivo para todos nós, para a democracia portuguesa, para a seriedade do Governo. Assim, sim - estamos no bom caminho!
2ª - Parece que o régulo do Funchal está bem encavado. E isso, meus senhores, é sempre positivo. Fazendo lembrar o que se dizia da General Motors - independentemente do que seja, tudo aquilo que seja mau para este cabrão, é óptimo para Portugal. A bem da Nação!

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Grande Encontro


"Grande Encontro" era o nome do primeiro programa tipo "Domingo Desportivo" de que eu me lembro. Era apresentado por Mário Zambujal e começava com um magnífico solo de bateria ("Montana", Frank Zappa, se não estou em erro).
Hoje apeteceu-me fazer um resumo do fim-de-semana desportivo. Podia dar-me para pior, reconheço. Na ausência do Elranys, este blog arrisca-se a deixar de ser um "óptimo blog de futebol", e à falta de outra etiqueta, temos de ir agarrando o que podemos... e achei uma boa oportunidade para colocar aqui esta caricatura do Ronaldinho.
Então, vamos lá:
1. Vou começar pelo excelente resultado do Sporting em Penafiel, que lhe permitiu ultrapassar o Benfica (já vai em 6º! lol!). Mais importante que o 4º posto na tabela, é o facto de se poder dizer que a equipa ganha confiança a cada semana. Ainda vamos olhar para este ano de centenário com um grande sorriso nos lábios!
2. O bom resultado do Braga contra os lampiões permite-lhe manter a liderança e colocar em sentido a concorrência - eles são mesmo candidatos este ano!
3. O V. Setúbal continua sem dinheiro mas com uma produtividade que mete inveja. Desta vez foi à Figueira espetar 3 na Naval e já está à frente dos SLB. O Nacional também anda bem afinado - que saudades devem ter de Manuel Machado em Guimarães...
4. O Benfica perdeu em Braga. Apesar de ter empatado aos 93 minutos com um penalty fantasiado pelo árbitro, ainda assim conseguiu perder - levou o 3º golo no minuto seguinte. Posso estar a ser injusto, pode não ter nada a ver - mas julgo que é sintomático que, exactamente à hora de início do jogo, um jogador do Benfica que está lesionado tenha entrado no Toys 'R'Us do Carrefour, passando lá todo o período que durou a primeira parte. Até entendo que não goste de ver futebol, que esteja saturado - mas bolas, não será desinteresse a mais?
5. O Barcelona venceu o Real Madrid por 3-0. Em Madrid. O resultado foi injusto - justo teria sido 5 ou 6 a zero. Quando estava 2-0, Roberto Carlos deveria ter sido expulso por rasteirar Eto'o dentro da área, sem bola. Ronaldinho esteve imparável. Luxemburgo deve andar a deitar contas à vida - Beckam continua um artista. Figo estreou-se a marcar pelo Inter.
6. Em termos de Liga Record, a semana não correu muito bem, fruto essencialmente do Braga, mesmo tendo ganho, ter encaixado 2, e do Rio Ave ter sido surpreendido em casa. Além disso, apostei que o Edson finalmente iria retirar o lugar ao Tello, mas ainda tivémos de gramar o chileno mais um jogo... na Betandwin correu razoavelmente: acertei na vitória do Barcelona, que deu 3.10. Falhei redondamente ao apostar que o Benfica iria conseguir empatar em Braga. Quem me manda a mim apostar naqueles gajos?
Caricatura de Ronaldinho é de Hoisel

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sábado, novembro 19, 2005

O Fiel Inimigo

Hoje foi dia de Inimigo Público, o melhor jornal português. Razão suficiente para comprar o Público às sextas, mesmo que não viesse a crónica do Miguel Sousa Tavares (e mesmo que venha a coluna do Eduardo Prado Coelho).
O Inimigo Público faz lembrar o "Fiel Inimigo", depois só "Inimigo", que foi fiel companheiro durante cerca de um ano (ou terá sido um pouco mais?), lá para o fim dos anos 80, ou início dos 90.
Era o tempo do cavaquismo sisudo, do "deixem-me trabalhar", das forças de bloqueio. Do "não leio jornais", dos fundos estruturais, das auto-estradas.
Foi uma revolução na imprensa portuguesa, o Kama Sutra dos lutadores de Sumo, um exercício saudável de humor puro, sob as ordens do Director Júlio Pinto (que depois regressou como argumentista da memorável BD "Filosofia de Ponta", com o Nuno Saraiva). É um acto de cultura de leitura obrigatória. Tão diferente do humor parvinho do "Inevitável" do Expresso! Já se aguenta há mais de dois anos - que continue por muitos e bons!

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sexta-feira, novembro 18, 2005

Quebras de rotina

Pequenos gestos do quotidiano que executamos sem pensar duas vezes, de tantas vezes os termos feito.
Coisas pequenas, rotineiras. O despertador. A higiene da manhã, composta sempre dos mesmos passos, sempre na mesma ordem: o chichizinho, a seguir o barbear, depois o banho. Primeiro o shampoo no cabelo, depois o sabonete no corpo. A dúvida fatal, nas manhãs em que o acordar foi mais dificil: hoje já lavei o cabelo ou não?
Ir trabalhar. Enfiar a moeda na máquina, tomar o primeiro cafézinho do dia. Já nem se precisa de olhar: moeda na ranhura, colocada pela mão direita; mão esquerda já a carregar no botão onde diz "café expresso".
Acordar o desktop. As mãos já fazem tudo sózinhas, nem se olha para o teclado para escrever a password.
Ir almoçar. Antes, ir levantar dinheiro ao multibanco mais próximo. Enfiar o cartão, digitar o código secreto, escolher o montante. Tudo em piloto automático, por serem gestos tantas vezes repetidos. "Deseja receber talão?". Um tap com a mão esquerda, querendo dizer "Não", enquanto disfarça um bocejo. Recolher o dinheiro... recolher o dinheiro! Não! Então a sacana da máquina não me deu dinheiro e está a devolver-me o cartão?! Ora bolas - está sem papel. Quando a máquina está sem papel, tem de se dar o toque com a mão direita, não é a esquerda, que estúpido, toda a gente sabe isso! As pessoas da fila murmuram, irritadas, quando se volta a inserir o cartão na máquina para repetir o ciclo.
Benfazeja SIBS que, ignorando noções básicas de usabilidade e de ergonomia, combate assim o tédio, a queda na rotina, a baixa produtividade... que coisa tão bem pensada! O mais importante não é o objectivo do utilizador, levantar dinheiro, não - é tudo uma choldra, uma escumalha, têm é de estar com atenção ao que lhes perguntamos, pois então! O "Sim" sempre do lado esquerdo, o "Não" do direito, tudo arrumadinho, tudo lógico. Não interessa que umas vezes o "Sim" queira dizer "Sim, venha o dinheiro sem papel", e noutras signifique "Não, se não há papel, não quero dinheiro".
Feliz o país que tem instituições destas a velar pelo nosso bem-estar.
Bardamerda para isto, que nem nos pormenores mais insignificantes conseguimos sentir-nos num país evoluído!

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As desculpas da gerência


No poste anterior referi um determinado boneco como sendo amariconado. Reparei agora que não fui rigoroso. Atente-se, pois: no caso dos Teletubbies, é uma tentativa estéril, totalmente condenada ao fracasso, discutir qual deles o é mais, uma vez que todos o são.
É como discutir quem é mais abichanado: o Joaquim Monchique ou o Herman. Exercício inglório!
Ou enfim, discutir qual dos candidatos à Presidência é mais profissional, se o Cavaco se o Mário. Não vale a pena. Se é para ir por aí, discuta-se não o "político profissional" mas sim o profissionalismo, o gosto e o brio com que cada um deles exerce a sua profissão - de forma mais ou menos honesta, num caso, de uma forma completamente encapotada e dissimulada, no outro.

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E de repente, era o verde...


Apesar da preferência dele ir toda para a Pô (a teletubby vermelha), o pequeno gnomo hoje exigiu um balão verde.
Verde, enfim, na sua linguagem: Pô para vermelho, Lala para amarelo.
Até aqui tudo bem. Agora começa a complicar.
Mão direita no braço esquerdo para azul - o teletubby mais amariconado tem uma pochete (valha-nos Deus, estes bifes são tontos ou quê? Mas que raio de role models criaram eles!?).
Mão na cabeça: verde. O Dipsy usa um chapéu...
Deixa de ser tão estranho depois de nos habituarmos. E note-se bem: descobrir, através destas sinaléticas, que lhe apetece gelado de morango e pistachio, envolve uma sensação de vitória que dispensa comentários!
Bom, mas ia eu dizendo - um balão verde.
Voltei atrás com ele para ir à loja comprar um balão. Simples, liso, verde. Daqueles que eu gosto - fáceis de encher.
Que não, que não era aquele. O pequeno gnomo começa a ficar vermelho porque não o consigo entender. Mas não era verde que tu querias?! Sim! E é nesse momento que ele aponta para dois balões cheios que estão pendurados na loja - um, vermelho, com um galináceo zangado. O outro, lindo, verdinho, com um leão e o equipamento Stromp.
É nestes momentos que a paternidade compensa :)

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Reality TV

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quarta-feira, novembro 16, 2005

Estes Brasileiros são doidos!

Analisando essa cadeia hereditária Quero me livrar dessa situação precária
Onde o rico fica cada vez mais rico E o pobre cada vez mais pobre
E o motivo todo mundo já conhece É que o de cima sobe e o de baixo desce

Mas eu só quero Educar meus filhos Tornar-me um cidadão Com muita dignidade
Eu quero viver bem Quero me alimentar

Com a grana que eu ganho Não dá nem pra melar
E o motivo todo mundo já conhece É que o de cima sobe e o de baixo desce


Já repararam neste poema (se é que lhe podemos chamar isso?).
Parece saído directamente de um manual anarco-sindicalista comunistóide, de guerrilha sul-americana, para o pelotão de fuzilamento declamar antes de despachar mais uns burgueses.
E no entanto trata-se apenas de um sucesso do Carnaval baiano de 2000. Com o título Xibom Bom Bom (!), cantado pelo grupo As Meninas.
Estes Brasileiros são doidos.
Mas não há dúvida que são o povo mais curtido que existe! Axé!

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Secção Internacional

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You Stupid Woman!

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terça-feira, novembro 15, 2005

Nómada II

Tenho de dar a mão à palmatória: há de facto aperitivos melhores do que um parágrafo minado com alguns termos coloquiais mais expressivos (fónix - isto dito assim ganha outro calibre, não acham?).
O meu objectivo era chamar a atenção para um livro de que gostei bastante, mas acho que meti a pata na poça.
Confesso que gostei da pinta da escritora em arrasar no seu primeiro livro com um "foda-se" logo a abrir as hostilidades. Não propriamente pelo que isso até poderia representar (asneirola boçal, burgessa, a fazer lembrar o Herman dos últimos anos?) mas pela atitude "que se dane!" que representa.
O resto do livro, mantendo a atitude, nem tem muitos palavrões. Enfim, pelo menos que me lembre, afinal também já o li há cerca de um ano e essas coisas não me chocam particularmente.

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segunda-feira, novembro 14, 2005

Don't cry for me...

Como vou estar ausente do País durante a próxima semana, deixo o Revisão nas mãos do Rantas e do Malagueta, declinando, durante esse período, qualquer responsabilidade pelas barbaridades que aqui se forem produzindo ;)
Fiquem bem.

Pancadaria

Sobre o futebol de fim de semana, o da "equipa de todos nós", tenho que manifestar a minha indignação pela porrada de três em pipa de que o João Moutinho anda a ser alvo. Dão-lhe na perna, vão-lhe ao osso, batem no miúdo que se farta, e ele lá se aguenta, sempre a jogar bem e com humildade. Grande Moutinho.
Depois, dizer que é muito bonito ver o entendimento entre Quaresma e Hugo Almeida. Que luxo poder contar com estes dois jogadores na mesma equipa.
Gostava de ver os senhores do FCP contestarem agora Bruno Vale, como contestam Ricardo. Há muito tempo que não via um erro tão clamoroso de um guarda redes. Os erros de Ricardo, ao menos, costumam ser mais discretos.
Nos "crescidos", excepcional golo de Pauleta. Petit parece ter ganho maior pontaria nos livres directos. Pudera, à custa de tanto treino proporcionado pelos árbitros portugueses...
Nélson (agora com dupla nacionalidade) está em melhor forma que Miguel. E ainda há o Paulo Ferreira. Menos opções existem na esquerda. Caneira cumpre, mas não é, propriamente, um grande lateral. A selecção está orfã de Rui Jorge. E, nos clubes, também não se vislumbram grandes opções. Jorge Ribeiro? - Nãããã...

Há aperitivos melhores

Caro Rantas,

Ainda não li (nem nunca tinha ouvido falar dele) esse "livro fabuloso" de que falas, "Nómada".
Mas garanto-te que, pelo excerto que aqui deixaste, em nada me aguçaste o apetite. Lá por ter dois "foda-se", um "merda", um "cabrões" e uma "gorda das mamas grandes", tudo no mesmo parágrafo, não me parece que venha daí grande literatura. Mas deixo-te o benefício da dúvida, caralhos me fodam se não deixo.

Nómada


Esta pita que está aqui ao lado chama-se Joana Cabral, ainda nem tem 30 anos e escreveu um livro fabuloso, "Nómada", editado há mais de um ano na Oficina do Livro.
Não se deixem enganar pelo ar de beta de Cascais. O seu livro é tudo menos "literatura light". Foi das boas surpresas que tive ao comprar livros no ano passado. Um excerto para aguçar o apetite, logo das primeiras linhas:

«Foda-se, tenho que sair daqui; foda-se, tenho mesmo que ir embora.
Puseram-me fora daquela merda, acharam que eu tinha bebido demais, cabrões, agarraram-me pelos ombros e atiraram-me com os ossos para o meio da rua. Eu não tava a fazer nada, só a falar com aquela gorda das mamas grandes (...)»
.

Não é o melhor que pode acontecer às 6 da manhã à saída de uma discoteca, convenhamos. Isto é só o início de ... bom, eu não me vou meter por aqui, tudo o que eu poderia aqui escrever sobre o livro far-me-ia lembrar o comentário de alguém do Gato Fedorento (julgo que o RAP) sobre os escritores de badanas e eu não estou para isso.
Este livro é muito bom, a escritora merece (não a conheço, mas quem escreve como ela, sem dramas, sem merdas, merece tudo de bom), leiam-no.
E depois digam-me se eu não tinha razão :-)

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Avé Maria

Todos ao Marquês!
Grande manif!
Não sei se repararam mas ontem houve um grande evento na cidade de Lisboa, julgo que desde o Campo Grande ao Rossio, passando pelo Marquês de Pombal. Aconteceu passar pela RTP-1 e ver este grande espectáculo, a fazer lembrar grandes vitórias da Selecção Nacional no Euro!
Afinal parece que não tinha nada a ver com bola, era só mais uma manifestação, dessas que têm abundado por aí.

Lisboa nos roteiros das popstars
Depois dos MTV Awards, que nos trouxe cá a Lisboa a nata da música mundial (incluindo a Madonna!), eis que surge mais uma madonna a vir a Lisboa - desta vez, nada menos que a verdadeira, a única, a virgem, a Nossa Senhora de ... Fátima? Ou seria a da Agonia? Ou a de Lourdes? Dos Aflitos? Enfim, isso agora não interessa nada, quem cá esteve foi Ela, a Única e a Verdadeira, a festa aparentemente foi óptima, o pessoal divertiu-se à grande, incendiou uns lírios, cantou uns hinos, só terá faltado mesmo foi a Madonna.

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