A Ota e os otários
El Ranys disse: «O aeroporto da Portela está esgotado (...) Torna-se, assim, fundamental procurar uma localização para um novo aeroporto internacional principal em Portugal, próximo de Lisboa».
Alex disse: «1 - A questão não é política, mas técnica. A Portela não é solução. Portanto, a construção de um novo Aeroporto é o problema a solucionar. 2 - A solução é técnica.»
Nos dias que correm, há poucos assuntos mais importantes do que este para o futuro do país. Apesar disso, é dos assuntos que menos têm sido debatidos de uma forma alargada. E pública, que é a forma mais adequada de o fazer.
Eu, para ser sincero, não consigo ser assim tão taxativo em sentenciar o Aeroporto da Portela. Está mesmo esgotado? As questões técnicas até podem ser claríssimas, e aí concordo com o Alex. Mas...
Se sim, porque foi gasto tanto dinheiro nas obras que ocorreram nos últimos anos?
Se sim, porque não divulgar isso convenientemente ao público?
Se sim, porque permitir que se adensem suspeitas sobre a falta de transparência do processo?
Recentemente, tivémos um Ministro das Finanças que se demitiu por não concordar com o investimento no Aeroporto da Ota e no TGV. Logo foram chamados os "jornalistas" do costume para retratarem a divergência de opiniões entre "concordar ou não com investimento público", quando o certo seria "concordar ou não que esses investimentos constituem (ou não...) o investimento público mais adequado para Portugal".
E aqui não posso concordar com o Alex.
Se tecnicamente a Portela vai esgotar ou não, os técnicos lá saberão, e melhor andaríamos todos se houvesse maior visibilidade sobre as conclusões (que me parecem um pouco inconclusivas, pelo que tenho lido, mas nem me quero meter por aí...).
A questão torna-se claramente política ao se escolher esses dois projectos, especificamente, e não outros quaisquer. É que não estamos propriamente em altura de vacas gordas, e convinha - desta vez - que não se esbanjasse mais uma oportunidade. Governar é escolher. Os estádios de futebol às moscas estão aí para lembrar que as escolhas erradas se pagam caro. As notícias mais recentes que vieram a lume relativamente ao TGV não permitem antever nada de positivo: aparentemente, mais uma vez se cedeu aos interessezinhos regionais em detrimento do interesse nacional. No caso da Ota, repito: não consigo ser tão taxativo como no caso do TGV. Mas tenho uma sensação de estarmos à beira de um precipício e de haver alguém a incentivar-nos: «Salta!».
Quanto a isto ser uma questão essencialmente política, lá isso...
Etiquetas: Rantas
2 ComentÁrios:
Ainda não o tinha dito, mas há que dizê-lo com toda a frontalidade: a imagem que ilustra este post, dedicado à Ota, está especialmente bem escolhida.
Obrigadinho... estava a ver que ninguém reparava, um gajo esforça-se para pesquisar fotos na internet, para ter um blogue com um aspecto limpo e asseado, todo maneirinho, e este pessoal não sabe valorizar...
Agora a sério: obrigadinho :)
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