Quebras de rotina
Pequenos gestos do quotidiano que executamos sem pensar duas vezes, de tantas vezes os termos feito.
Coisas pequenas, rotineiras. O despertador. A higiene da manhã, composta sempre dos mesmos passos, sempre na mesma ordem: o chichizinho, a seguir o barbear, depois o banho. Primeiro o shampoo no cabelo, depois o sabonete no corpo. A dúvida fatal, nas manhãs em que o acordar foi mais dificil: hoje já lavei o cabelo ou não?
Ir trabalhar. Enfiar a moeda na máquina, tomar o primeiro cafézinho do dia. Já nem se precisa de olhar: moeda na ranhura, colocada pela mão direita; mão esquerda já a carregar no botão onde diz "café expresso".
Acordar o desktop. As mãos já fazem tudo sózinhas, nem se olha para o teclado para escrever a password.
Ir almoçar. Antes, ir levantar dinheiro ao multibanco mais próximo. Enfiar o cartão, digitar o código secreto, escolher o montante. Tudo em piloto automático, por serem gestos tantas vezes repetidos. "Deseja receber talão?". Um tap com a mão esquerda, querendo dizer "Não", enquanto disfarça um bocejo. Recolher o dinheiro... recolher o dinheiro! Não! Então a sacana da máquina não me deu dinheiro e está a devolver-me o cartão?! Ora bolas - está sem papel. Quando a máquina está sem papel, tem de se dar o toque com a mão direita, não é a esquerda, que estúpido, toda a gente sabe isso! As pessoas da fila murmuram, irritadas, quando se volta a inserir o cartão na máquina para repetir o ciclo.
Benfazeja SIBS que, ignorando noções básicas de usabilidade e de ergonomia, combate assim o tédio, a queda na rotina, a baixa produtividade... que coisa tão bem pensada! O mais importante não é o objectivo do utilizador, levantar dinheiro, não - é tudo uma choldra, uma escumalha, têm é de estar com atenção ao que lhes perguntamos, pois então! O "Sim" sempre do lado esquerdo, o "Não" do direito, tudo arrumadinho, tudo lógico. Não interessa que umas vezes o "Sim" queira dizer "Sim, venha o dinheiro sem papel", e noutras signifique "Não, se não há papel, não quero dinheiro".
Feliz o país que tem instituições destas a velar pelo nosso bem-estar.
Bardamerda para isto, que nem nos pormenores mais insignificantes conseguimos sentir-nos num país evoluído!
Etiquetas: Rantas
2 ComentÁrios:
Essa da dúvida se já se lavou a cabeça é forçada. Já enfiar os sapatos no frigorifico é corrente.
É capaz de parecer forçada, mas a mim acontece-me recorrentemente. Quando sou assaltado por essa dúvida... lavo a cabeça, pelo sim pelo não!
A pior que já ouvi foi a de alguém que, dormindo pela primeira vez em casa da namorada, sentiu urgências fisiológicas nocturnas e não reparou a tempo que não estava na sua casa.
O vídeo da namorada foi directo para o lixo. Aparentemente, era feito de materiais não resistentes a substâncias ácidas...
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