O "défice tarifário"
O sempre atento a.teixeira, do Herdeiro de Aecio, também ficou a aguardar que alguém explicasse onde está o "défice tarifário" na produção e distribuição de electricidade, respondendo às questões que deixei aqui, aqui e aqui.
Como parece que ninguém se preocupou muito em encontrar uma explicação, o a.teixeira, mais proactivo do que eu, foi analisar o relatório e contas da EDP relativo a 2005. E a que conclusão chegou? - Que, confirmando a suspeita, não existe no referido relatório e contas qualquer indício que sugira, justifique, explique ou demonstre o "défice tarifário". Fátima Campos Ferreira, autora e apresentadora do Prós & Contras na RTP, podia pedir ao a.teixeira umas dicas sobre como preparar o "trabalho de casa" para o seu programa.
Dizem-nos que há "défice tarifário" e a malta come e cala. Aparentemente ninguém, nos blogues, nos media, nas conversas, questiona esta "verdade". Pelo menos, que eu tenha dado por isso. Perante os dados agora analisados pelo a.teixeira, repiso a pergunta: alguém sabe explicar (e demonstrar, já agora) onde está o alegado "défice tarifário"?
Etiquetas: blogs, Coisas sérias, El Ranys, Políticas
5 ComentÁrios:
Não sei explicar, tecnicamente falando. Não misturo os lucros, e aparentemente é lei de mercado, já que vamos pagar, simplesmente durante mais tempo. Se a coisa pertence à Economia (com a sua Entidade Reguladora) e o Estado não se deve imiscuir no mercado, o que não se consegue compreender é que para haver liberalização e concorrência neste sector da electricidade, se tenham que aumentar os preços ao consumidor. Era suposto baixarem os preços! Mistérios da Economia?
Lei do mercado é o seguinte:
Se tu produzes um bem ou serviço e o vendes a um preço superior ao somatório dos factores de produção, distribuição e comercialização, tens lucro. Se vendes a baixo desse valor, tens um "défice de preço", ou "défice tarifário", e vais ter prejuízo.
Isto - sei bem que em linhas muito simplistas - é mais ou menos como a coisa funciona. Se a EDP teve lucros, no somatório de Produção e Distribuição, superiores a 500 milhões de euros, não vejo bem onde possa existir o "défice tarifário". E muito menos te compreendo quando dizes "não misturo lucros".
Mas não misturas lucros porquê????
É uma postura tipo "não discutimos a Pátria?"
(chamo-te a atenção para ter excluído um valor superior a 500 milhões de euros dos lucros consolidados do Grupo da EDP, imputáveis a outros negócios que não a Produção e Distribuição de electricidade em Portugal).
Tanto quanto eu percebi, os senhores doutores da EDP, separam os negócios da produção do da distribuição para atribuirem a um deles o "défice tarifário". O que não me convence porque ambos os negócios têm lucro! Há aqui uma história muito mal contada! Acho que tens razão: Dizem que há, e a malta come e cala. O que eu gostava de saber é até quando.
O Rantas, que até é economista, podia dar-nos uma ajuda para tentarmos compreender melhor esta questão. Mas o moço, em vez de participar nos debates lançados pelo seu co-blogger, anda mais interessado na publicidade. Fazer o quê?
O que eu entendi:
1) O Governo de Guterres decidiu que a tarifa da electricidade não poderia aumentar mais do que a inflacção.
2) Os Governos de Durão e de Santana mantiveram essa decisão.
3) A EDP foi "trinchada" em mais do que uma empresa - para um lado a produção, para o outro a distribuição.
4) Uma das empresas obteve lucros obscenos. A outra teve apenas lucros "normais".
5) Através de uns cálculos (que penso que devem ser meio complicados), o pessoal chega à conclusão que a tarifa deveria ter aumentado acima da inflacção desde há uns anos, pelo que se devia aumentar agora uns bons 15,7%, sendo a culpa dos consumidores.
6) Obviamente que um aumento desses não é politicamente bem visto, pelo que o Governo de Sócrates o reduziu para cerca de 6%.
7) Não sei se o aumento é justo, nem se tecnicamente faria sentido a EDP aumentar o preço acima da inflacção, nos últimos anos. O que sei é que (1) a EDP é uma empresa pública - logo, é nossa, dos "consumidores" - (2) teve lucros enormes - logo, a sua política tarifária não gerou prejuízos graves nem provocou agravamentos do deficit - (3) a concorrência há-de chegar. E os consumidores têm memória...
Ah! Mais uma coisa que eu sei - o secretário de Estado que disse aquela alarvidade sobre a culpa dos consumidores é um bimbo. Um ganda bimbo idiota. Mas, vale dizê-lo, porque não gosto só de dizer mal - o gajo poupa, consome pouco. De inteligência, de bom senso, de competência. O que poupa nesses itens, gasta em descaramento.
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