Sordidez
O livro de Carolina Salgado é sórdido. Repugnante em todos os sentidos - tanto pelo que revela do "papa" do futebol português, dos jantares com árbitros, das putas, dos traques, como da motivação que levou tão excelente senhora a escrevê-lo.
Sobre os aspectos ligados ao futebol, deixo-os para o Revisão da Jornada. Gostaria de debruçar-me aqui sobre as questões extra-futebolísticas. Sobre o carácter de alguém que faz uma nojice destas. Infelizmente, esta sordidez, esta falta de categoria, tem alastrado.
Lembro-me do instrutor de não-sei-o-quê que se apresentou nos tablóides como tendo sido amante da Princesa Diana. Uma queca de menos de 5 minutos assegurou-lhe uma boa maquia, porque os jornais não têm moral. Mas se os jornais não têm moral é porque a nossa sociedade abandonou certos princípios fundamentais em troca do vil metal. Tempos houve em que os laços íntimos e de solidariedade eram preservados da praça pública, no matter what...
Enfim, não defendo o regresso à sociedade romanesca dos tempos da Cavalaria, em que a honra ainda era um valor a ter em conta - enfim, até porque nesses tempos os divórcios por vezes transformavam-se em decapitações! - mas julgo que perdemos algo de muito importante nas últimas décadas do século XX - a Ética, a Moral, a Honra.
Este caso de Carolina Salgado fez-me lembrar um outro caso ainda mais chocante, que ocorreu há pouco tempo - Britney Spears divorciou-se. O seu ex-marido exigiu-lhe 17 milhões de dólares (ou coisa que o valha, não decorei o valor) e a custódia dos filhos, caso contrário divulgava na internet uns certos e determinados filmes caseiros. Um cabrão de um chantagista, portanto. Isto não costumava ser um crime? Não costumava dar cadeia?
Vivemos num tempo em que nos falta, como sociedade, um bocadinho de auto-estima. Uma sociedade com sólidos valores cívicos não compra jornais que pactuam e ajudam a criar este estado de coisas. Não transforma um acto de vingança cruel e de dor-de-corno num best-seller. Não noticia os actos de um vigarista chantagista como se fossem a coisa mais natural do Mundo. Como se não tivéssemos noção do que está certo e do que está errado. Como se não estivéssemos capacitados para fazer juízos de valor. Como se precisássemos dessa merda, dessa lama, para nos sentirmos melhor. Porra, não temos necessidade disso...
Etiquetas: Coisas sérias, Futebol, Rantas
5 ComentÁrios:
Assino por baixo. E digo mais, se não criticarmos o gesto da menina também não temos moral para criticar os (eventuais) actos do Pinto da Costa.
Não habia nexexidade!
Pena é que na nossa sociedade todos saibam tudo, mas vivem calados tornando-os cumplices.
A chantagista disse aquilo que toda a gente suspeitava, muitos sabiam, mas ninguém ousava falar.
qxkuysSão farinha do mesmo saco.
Muito bem!!!
Querem sangue e titulos, mas acho que não vão a tempo!!!
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