RTP tablóide
Um homem foi ontem gravemente ferido a tiro pela GNR. Porquê?
Segundo percebi das peças televisivas, roubou uma carrinha "hiace" (roubar uma "hiace" diz bem do nível do ladrão). Quando detectado pela Guarda, pôs-se em fuga e, numa "barragem" de estrada, em vez de desisitir e parar, acelerou e investiu contra os guardas. Estes puxaram das armas e dipararam. Acertaram no homem.
Quem era o meliante? - Mais uma vez fazendo fé nas televisões, cumpria pena suspensa e já tinha um cadastro "compostinho".
Agora: as televisões mostraram uma mãe em óbvio pranto e outros depoimentos que criticavam a actuação policial.
Claro que se deve ter um extremo rigor na utilização das armas de fogo, que só devem ser utilizadas pela polícia em último recurso. Neste caso, em que alguém se borrifa para a autoridade, acelera e tenta atropelar os guardas, parece-me que estamos perante esse último recurso. Sob o risco de que passe a ser normal não acatar uma ordem policial para parar e tentar atropelar a autoridade que dá essa ordem.
Em situações destas, devem as televisões - e nomeadamente o canal público - fazer concessões ao voyeurismo (o sofrimento materno), suscitando alguma compaixão pelo criminoso?
Arrisco dizer que o meliante colheu a tempestade que semeou e que a GNR cumpriu o seu dever. Aparentemente, só uma história triste, mas no news. Sobretudo, com o destaque dado pela RTP. Seviço Público não é, parece-me, isto.
Etiquetas: Coisas sérias, El Ranys, Jornalismo, Televisão
2 ComentÁrios:
Há uns anos na Damaia passou-se algo como isto: um indivíduo não respeitou uma ordem da polícia para parar. O indivíduo conduzia um automóvel que tinha sido dado como roubado uma semana antes.
Foi perseguido e a viatura foi imobilizada. A polícia deu-lhe ordem de sair do carro, ele saiu empunhando uma arma de fogo (ou assim parecia). A polícia disparou e matou o homem.
Agora, as questões sensíveis:
1. O indivíduo era negro.
2. A arma afinal era de plástico, apenas um brinquedo, daqueles razoavelmente realistas que a uma certa distância passam por armas verdadeiras.
A reportagem das televisões (todas) nesse dia, mostrava a indignação das pessoas da Cova da Moura (de onde era o indivíduo) acusando a PSP de racismo, porque disparou contra um preto.
En passant, lá referiram que o indivíduo era procurado pela polícia por vários crimes e estava ilegalmente no país.
Não cheguei a entender se a polícia se excedeu na sua actuação ou não. À partida, é estúpido um gajo deixar-se matar por roubar um carro. Não é caso para tanto. Pode dizer-se que a Polícia também deveria achar o mesmo e que não deveria matar um gajo só porque roubou a porcaria de um carro. Mas não é isso que está em causa. O que fica em cima da mesa é a autoridade. Se a Polícia não tem autoridade, não é obedecida, é a bandalheira total. Os tipos que desobedecem directamente a uma ordem de um polícia - armado - são, em essência, estúpidos. Ou então viram demasiados filmes americanos na televisão, quando eram putos. Claro que a polícia deve dar sinal de alerta, disparar para o ar, antes de atirar a matar. Não sei se o fez. Se não o fez, deveria ter feito.
Agora, o papel da televisão. Dá muito mais audiência explorar ao vivo o desgosto de uma mãe, expôr os "maus", ficar do lado dos coitadinhos e das vítimas. Mas isso é lixo, não é informação. A televisão não se devia meter por esses caminhos, não é ético, não deveria ser permitido deontologicamente.
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