sexta-feira, setembro 22, 2006

A ferro e fogo

Foi bonito, aquilo que se viveu em Portugal em 1999. Uma comunhão de vontades, a expressão popular, vigílias, indignação, panos brancos nas janelas, minutos de silêncio, o pacote todo.
Nunca Portugal se sentiu tão Portugal, tão orgulhoso de si mesmo, da sua História, do seu lugar no Mundo, como nesses dias heróicos - à excepção do Europeu de 2004. E do Mundial de 2006, talvez. Bom, o Europeu de 2000 também contribuiu para o orgulho nacional... mas, fora isso, só mesmo Timor!
E que bonito que foi. Parecia a Festa do Avante! E tão boas intenções que tínhamos todos...
Timor Loro Sae, o grande Xanana Gusmão, Pai da Pátria, a saga portuguesa nos confins do Mundo, o império contra-ataca.
Agora, em 2006, estas ideias fazem pena. Timor não tem capacidade para ser um país independente. Não o deveria ser. Xanana é um flop, não tem um pingo de ideia do que é sentido de Estado, os timorenses são profundamente imaturos. A independência pesa-lhes, tem-lhes sido amarga.
Não defendo que Timor deveria ter continuado sob administração indonésia. Mas existiam outras soluções intermédias, que permitiriam ir criando as capacidades que faltam para que a independência apareça naturalmente.
As manifestações de tanto desvelo por Timor impediram - ou dificultaram bastante - que essas soluções intermédias fossem consideradas, sequer. Esse é o preço a pagar quando se deixam as emoções "de todo um Povo" intervir em assuntos de política internacional.

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4 ComentÁrios:

Blogger Alex disse...

Parece-me que a história de Timor é muito bonita. E espero que acabe bem embora, são evidentes os problemas que terão de vencer. Sinto que os australianos pretendem controlar o território. Sei que o percurso é deles, dos timorenses. Com o apoio da ONU, que não pode abandonar o mais jovem, e aquele que lutou como nenhum para ter a sua independência. Força timorenses.
Saúdinha

23 setembro, 2006 00:29  
Blogger El Ranys disse...

O atestado de estupidez que passas aqui aos timorenses é estúpido, Rantas.
Os timorenses conquistaram, com o próprio sangue, o direito de serem livres. Isso, quanto vale?
Depois, temos um país pobre, muito pobre, mas livre.
Temos a ausência de elites que governem um povo, que no entanto é livre.
Temos fortíssimos jogos de poder e influência, tudo em torno de uma coisa que se chama "Timor gap", de que já deves ter ouvido falar. É o petróleo, pá, uma das maiores reservas mundiais de petróleo.
Muitos dos problemas que Timor atravessa têm a ver com isso.
Mas, sobretudo, eles agora são livres e têm condições para determinarem o seu próprio futuro.
Falares de soluções intermédias, sem referires uma única, é fraco, uma coisa assim ao estilo "vocês sabem do que é que eu estou a falar".
"Vocês, gente de bom coração, não viram logo que aquilo não dá para nada?", pareces tu dizer.
Ó Rantas, és capaz de melhor, pá.

25 setembro, 2006 11:28  
Blogger Rantas disse...

"eles agora são livres" - formalmente, sim
"têm condições para determinarem o seu próprio futuro" - é com isto que não consigo concordar, meu caro.

Soluções intermédias - administração do território durante um período razoável de tempo, sob mandato da ONU. Desculpa, era a isto que me referia.

Mas o que eu quero dizer no post é que nem sempre - ou muito raramente - os resultados das movimentações de massas, dos apelos à opinião pública, dão bons resultados - especialmente em matéria de política internacional.

25 setembro, 2006 13:18  
Blogger El Ranys disse...

Administração do território sob mandato da ONU...hum...e era isso que os timorenses queriam?

25 setembro, 2006 17:49  

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