terça-feira, julho 18, 2006

Caderno IV: O Sector da Educação


Confesso que tenho enormes dificuldades em pensar em algo de elogioso para referir sobre as escolas públicas, à excepção (de algumas) das Universidades.
Desde a pré-primária ao 12º, gerações de teóricos de ministério têm-se permitido as maiores atrocidades: ocupação horária excessiva desde os anos mais tenrinhos, disciplinas de nome impronunciável, eliminação de exames e de reprovações, tretas pedagógicas de pacotilha, ... por este sector têm passado todas as pragas bíblicas de que uma classe ressabiada se poderia lembrar. Em comum, todas essas políticas têm como consequência a cultura do facilitismo, do grau zero de exigência.
Além de sujeitos a revoluções constantes nos programas e nas regras do jogo (há exames, não há exames, volta a haver exames) e de servirem de porquinhos-da-Índia em experiências pedagógicas moderníssimas, os alunos têm a questão da violência a assombrá-los, resultado da crise de autoridade em que vivemos. Que fique assente uma coisa: se um aluno é incorrecto numa sala de aula, tem de ser punido. Se a punição passa por castigos corporais ou não, depende do contexto. Como em tudo, a punição não deve ser desproporcional à infracção. Mas deve ser proporcional, bolas!
Estarei a sofrer do síndrome que critiquei anteriormente, ao abordar a atitude relativa ao SNS e aos Transportes? É possível, posso não estar imune a este sentimento quase universal de que vivemos numa “choldra”. Ou então sou só eu que sou um pouco preconceituoso quanto ao ensino porque já fui professor de liceu, em tempos que já lá vão. Mas a verdade é que, ao contrário das outras áreas, tenho dificuldades em identificar exemplos positivos no ensino público. Já o ensino superior constitui uma agradável excepção – julgo que não fica a perder perante a maior parte das universidades privadas.

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2 ComentÁrios:

Blogger Redus Maximus disse...

Eu diria que o ensino superior sai quase sempre a ganhar em relação ao ensino superior privado. A única universidade privada que se equipara a uma universidade pública será a Católica.
Quanto aos níveis de ensino abaixo, o conjunto de experiências pedagógicas, crises de autoridade como referes têm feito com que a qualidade do ensino público tenha baixado a um nível quase inaceitável. Há que parar esta espiral negativa!

19 julho, 2006 09:58  
Blogger El Ranys disse...

Qaunto ao ensino básico e secundário , devo dizer que fiz toda a escola nas públicas e, na altura, a coisa começava a descambar. Mas ainda havia autoridade e discplina e ainda se ensinava e aprendia (quem queria aprender). Hoje me dia, apesar de afastado dessa realidade, parece-me que ainda haverá, nas escolas públicas do básico e secundário, alguns oásis de qualidade. Mas a sensação com que se fica é de que o panorama geral é desolador. Enquanto o Ministério insistir em políticas educativas centralizadas, em não conceder autonomia financeira, administrativa e pedagógica às escolas, não vejo grande futuro.
É verdade que o 25 de Abril permitiu a massificação e democratização dos níveis básicos de ensino, mas o preço que se está a pagar, (em que à quantidade se contrapõe uma gritante falta de qualidade) é muito elevado.

Em relação ao ensino superior: também aqui frequentei uma escola pública e não tenho dúvidas que (sobretudo na área que frequentei, Direito) as públicas são muito melhores que as privadas (ressalvando a semi-pública Católica) - se não considerarmos,é claro, a falta de lugares sentados e a total ausência de formação pedagógica dos professores.
A questão é que mesmo as nossas melhores universidades - e creio que frequentei uma de excelência para os padrões portugueses - comparadas com as universidades dos países mais desenvolvidos, maxime os anglo-saxónicos, são uma autêntica bosta.
O ensino é ex catedra, conta, para a avaliação, não o espírito crítico e criativo, mas o empinanço e o debitar de dogmas quase tão inquestionáveis como os textos sagrados.
A verdade é que um aluno que termine o ensino superior em Portugal não está preparado, em nada, para a vida prática. Para ir dar aulas para um liceu, por exemplo. E aí estará, também, parte do problema do ensino não-superior.

19 julho, 2006 11:47  

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