terça-feira, novembro 07, 2006

O arredondamento da euribor


O Governo decidiu, na última quinta-feira, moralizar determinados aspectos da actividade bancária em Portugal. Das medidas tomadas, ressalta a relativa ao arredondamento da Euribor.

A resolução do Conselho de Ministros só peca por tardia. O que se passava era, de facto, imoral. Mas acredito que mais imoral ainda seria se esta decisão tiver efeitos retroactivos.

Vejamos - o preço a pagar por uma operação de crédito compõe-se do valor de um indexante acrescido de um spread. Os bancos decidiram, há uns anos, falsear o valor do indexante, aplicando um critério de arredondamento que é uma maneira suja de "arredondar" as contas. No entanto, se utilizassem um valor mais próximo ao do indexante, o valor do spread seria mais, em média, mais elevado, com certeza. Os bancos olham para a rendibilidade global das operações e determinam o preço do crédito, independentemente das roupagens que o marketing entenda, ou consiga, dar a esse preço.

Por outro lado, o preço a pagar esteve sempre evidente para quem recorresse a uma operação de crédito - fosse através da TAE, da TAEG ou mesmo do valor da prestação mensal.

E - último argumento - decretar leis com efeitos retroactivos é terceiro-mundista. As regras devem ser claras e transparentes, sim, mas é essencial que não mudem a meio do jogo, caso contrário o resultado sai viciado.

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2 ComentÁrios:

Anonymous Anónimo disse...

E o que é curioso é que o governo, com esta medida de correcção aos bancos, acaba por criar desigualdades no sistema. Isto porque, quem negociou arredondamentos mais baixos ficou com Spreads maiores, e vice-versa- Se agora se vão impor os arredondamentos todos por igual, quem já negociou spreds mais altos fica em desvantagem.

07 novembro, 2006 11:53  
Anonymous Anónimo disse...

Lembram-se, por mero acaso, de quando o Sócrates garantiu que os seguros dos popós iam ficar mais baratos porque as companhias de seguros iam ser obrigadas a actualizar o valor anual dos carrinhos e da volta que as ditas companhias deseguros deram ao caso?

Pois é, eles sabem infinitamente mais que os totós do governo, que ainda por cima vêm com ideias de aplicação retroactiva que nos tribunais não passará.

07 novembro, 2006 12:25  

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