domingo, abril 02, 2006

Tira, mete e tira

Há duas ou três semanas, fizemos aqui no RdM uma referência a Artur Gonçalves, postando a capa do disco "Não passes mais com ele na Musgueira", que nos tinha chegado por e-mail. Pesquisámos no google referências ao desconhecido artista e as únicas que encontrámos surgiam no blog Há vida em Markl, de Nuno Markl. Pouco depois, o leitor varanda dava-nos a pista de que, no eBay, era possível encontrar a capa de outra obra musical de Artur Gonçalves, "Vamos dar caça à PIDE". E agora, de repente, surge um blog dedicado ao artista e uma entrevista no Jornal de Notícias, da autoria do jornalista Cristiano Pereira.
Não sei porquê, mas ocorre-me dizer "si non è vero, è (moltissimo) bene trovato" (e não me venham emendar o italiano, prego). Vão ver o blog, que vale a pena. Hilariante!

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2 ComentÁrios:

Blogger Rantas disse...

Algumas pérolas da reportagem do Jornal de Notícias - na realidade, esclarecimentos fundamentais para apreender o significado de capas como "Não passes mais com ele na Musgueira" (o seu primeiro fado, gravado em 1973):

«[...]o seu primeiro fado "Não passes mais com ele na Musgueira"debruça-se sobre o caso de um ciumento que difama a ex-mulher por esta ter passado com outro à frente de sua casa. É ficção, uma tragicomédia. "Isso ia dando um caso em tribunal", lembra o artista. Tudo porque nessa mesma altura, houve um caso real de um casal da Musgueira que se separou. E a letra, que numa perspectiva marialva enxovalha a mulher, foi acusada de inspiração realista: "Meteu-se-lhe na cabeça que o homem tinha vindo falar comigo e que eu estava a cantar sobre ela", conta o fadista. Mas depois tudo acalmou: "Eu nunca cheguei a conhecer essa marreca".»

O trabalho jornalístico debruça-se também com os problemas que o artista teve com a censura:
«"Escrevia quanto tinha uma ideia na pinha, quando ouvia um anedota ou quando lia uma notícia no jornal", recorda. E cita um exemplo de uma música "que não me deixaram gravar". A história conta-se assim: "Foi uma bronca há muitos anos: havia um conjunto de putas que andavam a atacar no Bairro Alto. Os quartos não tinham chave e então qualquer pessoa podia lá entrar - elas penduravam o casaco dos clientes na porta e faziam com que os homens se deitassem de costas para a entrada. Os gajos que tinham a carteira no bolso do casaco eram roubados por quem lá entrava. No total roubaram mais de 30 mil contos!", grita, impressionado. Vai daí, escreveu a seguinte quadra: "No Bairro Alto, ali na rua da Barroca / uma quadrilha foi caçada certa vez/ aproveitavam-se dos despejos da piloca/ para despejarem a carteira do freguês". O artista barafusta: "Falei em pilocas e não me deixaram gravar!". E não sustem a revolta: "Embirraram comigo! Ainda ontem vi na televisão alguém dizer "filhos da p...". Não entende por que o impediram de gravar: "É que anda na boca de toda a gente..." (a palavra, entenda-se).».

«Na despedida, o fadista fez questão de nos oferecer a cassete de "Deixem a minha gaita em paz". A canção é um clássico instantâneo.».


Links:
http://jn.sapo.pt/2006/04/02/cultura/descobrirlhe_o_rasto_uma_epopeia.html

http://jn.sapo.pt/2006/04/02/cultura/um_segredo_chamado_artur_goncalves.html

http://jn.sapo.pt/2006/04/02/cultura/portugal_abismado.html

A propósito, o blog é muito bom. Não consegui ouvir a música, só umas intermitências...

03 abril, 2006 00:46  
Blogger El Ranys disse...

As músicas já se deixam ouvir muito bem. E se vale a pena ouvir...
Do melhor que há.

05 abril, 2006 01:55  

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