Tráfico de armas
Está a ser investigada e desmontada, em Portugal, uma vasta rede de tráfico de armas que envolve elementos da PSP e diversos armeiros licenciados, entre outros. O rigoroso controlo de quem tem acesso a armas e ao seu porte é, na minha opinião, uma questão muito importante. Há muita gente sem responsabilidade, inteligência ou respeito pelos outros com armas na mão, e isso não pode acontecer.
Vou contar uma história que se passou comigo:
Certo dia, no trânsito de Lisboa, estava a sair de uma rotunda. Do lado interior da rotunda, muito rapidamente e sem pisca a sinalizar a manobra, vem outro carro que me obriga, para evitar o acidente, a raspar com o meu naqueles postezinhos que hoje em dia protegem alguns dos passeios de Lisboa da voragem automóvel. O energúmeno não trava, não pára e segue o seu caminho. Decido seguir atrás dele. Por sorte (ou azar, já que desistiria da perseguição rapidamente), estaciona pouco depois. Encosto o meu carro, espero que ele - acompanhado de duas mulheres - saia do dele e abordo-o:
- "O senhor viu o que fez ali atrás na rotunda?"
- "O que é que tu queres, caralho?"
- "O senhor, além de não respeitar as regras do trânsito e os outros condutores, é malcriado. Obrigou-me a raspar nos pilaretes da rotunda e agora vai esperar aqui comigo, porque vou chamar a polícia..."
- "Vai pró caralho, filho da puta do caralho..."
E alça da mão para me enfiar um soco. Tenta uma, duas, três, quatro vezes. A minha reacção, serena - influência das artes marciais que pratiquei? - é simplesmente esquivar-me das tentativas de golpe. Tentativa de murro à direita, corpo para a esquerda, e assim se dão uma série de murros no ar. Irritado, o homem regressa ao carro, enquanto eu chamo a polícia pelo telemóvel. O homem regressa.
- "O que é que estás a fazer, filho da puta? Larga já essa merda." E, acto contínuo, aponta-me uma pistola à cabeça. Gelei. Ainda não sei bem como, mas consegui pensar, calmamente, que não ia levar um tiro por causa de um problema de trânsito. O homem, que já tinha idade para ter juízo (andaria pelos altos quarenta), com a arma na mão, ainda tenta agredir-me mais duas ou três vezes, sem sucesso. Irritado, frustrado, vai-se embora. Volto a ligar à polícia, que demora. Quando chega, ao contar o sucedido, procedemos a uma busca pelas imediações, à procura do homem. Nada. Testemunhas oferecem-se para confirmar o que viram. A polícia fica com a matrícula do carro do homem. Dizem-me que tenho de passar pela esquadra para formalizar a queixa. Nunca o fiz e de vez em quando arrependo-me.
A questão é esta: como é possível um homem daqueles ter na sua posse uma arma?
Desmantelem-se as redes de tráfico. Apreendam-se as armas ilegais. Punam-se exemplarmente os traficantes e, também, os compradores. Portugal ficará, certamente, mais seguro.
6 ComentÁrios:
Ranys, agora é que a fizeste bonita. Desvendaste a tua identidade secreta, Chuck Norris!
Are you talkin' to me?
Essa serenidade, esse ar impávido e tranquilo a desviar-te das bolachadas desse grunho, não enganam. Só podes ser um duplo português do Chuck Norris, o Ranger do Texas, ou algo arraçado de van Damme.
Há quanto tempo sucedeu esta história? Se não puderes responder por essa informação estar ao abrigo de uma lei de Segurança qualquer eu entenderei e não irei fazer mais perguntas. Irei, isso sim, passar a olhar-te com mais respeito. ehhehe
Não, o gajo é que, apesar de esforçado, era muito lento. Isto aconteceu há cerca de 2 anos, em plena cidade de Lisboa.
Você devia mesmo ter apresentado queixa. É que, de cada vez que um energumeno desses escapa impune, ganha mais confiança, mais a sensação que pode fazer o que quiser, que as leis são para "betinhos" cumprirem, etc.
Sei que sim, pseven, sei que sim e, como escrevi na posta, muitas vezes me arrependo de não o ter feito. O que pesou mais na decisão de não o fazer foi estar, na altura, na ressaca de uma má experiência com o funcionamento dos tribunais portugueses e sem vontade nenhuma de ter de voltar a passar, nos tempos mais próximos, por experiência semelhante.
O meu lado "justiceiro" tinha-me dado, em tempos, para apresentar queixa contra um condutor de táxi muito, mas mesmo muito malcriado. A resolução dessa questão arrastou-se pelos tribunais, obrigou-me a deslocações várias para fora de Lisboa (perdendo dias de trabalho), custou-me algum dinheiro para advogado e custas (e como a nossa justiça, ao contrário do que se possa pensar, é cara...), em suma, enfernizou-me a vida. Não quis, deliberadamente, meter-me noutra.
Creio que, em vez de me limitar a evitar as tentativas de agressão, neste caso o melhor teria sido enfiar uns sopapos bem aplicados no individuo. Mas, ao contrário do que o Rantas possa ter concluido, isso não faz o meu estilo, nem sou nenhum herói justiceiro. E arriscava-me, quem sabe, a levar um balázio em nome de... nada!
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