A memória, a porra da memória
A 4 de Dezembro de 1980, o pequeno avião Cessna que transportava o primeiro-ministro de Portugal, Francisco Sá Carneiro, caiu em Camarate logo após ter levantado voo do aeroporto da Portela. Ainda não se apurou - nunca se há-de apurar - se foi acidente ou atentado.
Em consequência, além do PM, faleceram ainda a mulher de Sá Carneiro, Snu Abecassis, o ministro da defesa, Amaro da Costa, e sua mulher, o chefe de gabinete do PM, Patrício Gouveia e os dois pilotos do avião.
Estas memórias foram profusamente evocadas nos últimos dias na comunicação social. De tudo o que foi relembrado, um aspecto chamou-me particularmente a atenção: na campanha eleitoral para as legislativas de 1979, que opuseram a AD de Sá Carneiro ao PS de Mário Soares, este último, ou alguém do partido por ele, terá utilizado como argumento de campanha a frase "se Sá Carneiro não consegue governar a sua família, não pode governar o País".
Esta era uma alusão óbvia ao facto de Sá Carneiro, apesar de não conseguir obter da sua (ex-)mulher o divórcio, viver de facto e "de amor" com a dinamarquesa Snu.
Só os tolos conseguem ver em Mário Soares um tolerante bonacheirão. Ele é maquiavélico. Na política, para ele, vale tudo o que for bom para os seus projectos pessoais de poder. Esta frase assassina e estuporada, nascida do pior conservadorismo saloio português, ou foi inventada por Soares ou obteve, da sua parte, beneplácito para ser utilizada em campanha. Isto define um homem. Mário Soares arrependeu-se? Mudou? Está Melhor? 'Tá bem, 'tá!
8 ComentÁrios:
É evidente que misturar vida privada (aliás, bonita história de amor) com luta politica não é bonito. Mas é utilizado por todos os meios, até (penso eu) contra a vontade dos seus "promotores". Isto acontece e aparentemente resulta(?)pois tem como alvo " a populaça", que gosta de mandar bocas e dizer mal "deles". Mas, com franqueza El-Ranys, não dou grande importância a estes "factos" e não julgo o M. Soares por isso. Nós temos que filtrar as mensagens.
Isso aconteceu há uns 26 anos. Eram outros tempos. Não está garantido sequer que tenha sido Soares a promover esse tipo de abordagem. Creio que isso não passa de um fait-divers.
Não fico surpreendido com os vossos comentários.
Só que a diferença, entre nós, é que eu admito ter um certo "preconceitozinho" em relação a Soares. Para mim, independentemente da sua coragem, ele é um pulha vaidoso e manipulador, para quem não conta a ética nas relações humanas. Contam só os fins. Como tendo a ser implacável e intolerante com gente deste tipo no meu dia-a-dia, também o sou em relação a este gajo. Não gosto, nunca gostei dele. Faz-me lembrar "O Padrinho". Tenho dito.
Tudo muito certo, a frase é verdadeira, mas não foi dita pelo MS. Quem a disse, sem verdes anos que a desculpem, como parece sugerir um destes comentários, foi a mulher do personagem.
Pulha(s) é pouco.
Caro anónimo, o seu comentário deixou-me um pouco confuso: refere-se à mulher do personagem Soares ou à do personagem Sá Carneiro (que no caso, seria ex, apesar da falta de papel passado)?
Foi o mesmo quando o MS chamou dona-de-casa à Fointaine quando nao foi eleito presidente do Parlamento....o Manolo nao dá importancia a estes "factos"; para mim eles definem a personalidade do artista.
Reli o comentário e a gramática associada e ainda que não havendo lugar para correcções, caro Rantas, sou-lhe mais explícito - referia-me à mulher do MS (a alusão cinéfila era para sublinhar).
É uma baixaria. Mas não é novidade. Ou alguém não percebe que em campanhas eleitorais vale tudo ? Lembro-me do que o MS disse do Freitas e vice-versa, do que Basílio (homem correcto) disse de MS, de como o Sampaio tratou o Dr. Correia (Macário), mais recentemente, dos rumores sobre a orientação sexual do Sócrates...
Por alguma coisa chamam ao MS um "Anímal Politico" e na maior parte das vezes em sentido elogioso...
Em questões de baixaria entre candidatos aquele que nunca pecou que atire a primeira pedra !
Saúdinha
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