segunda-feira, dezembro 05, 2005

A Guerra dos Crucifixos

Aqui vai o que me levou a concordar com João Pereira Coutinho (V. poste anterior):
O Governo português decidiu mandar retirar crucifixos de cerca de 20 escolas no norte de Portugal. Aparentemente, essa acção surgiu na sequência de uma reclamação de proveniência incerta.

Eu sou laico, republicano e socialista. Não me revejo minimamente nesta decisão tomada por quem, também sendo laico, republicano e socialista, aparece como anti-clerical, jacobino e fundamentalista.

Vejam-se algumas reacções: primeiro, de Francisco Louçã, esse génio político: «No ensino público português é tão surpreendente que haja um crucifixo como um símbolo islâmico» (!). A seguir, de Ana Drago: «Se numa escola do interior estivesse pendurado um enchido, um chouriço ou qualquer outra coisa ligada à nossa cultura popular ninguém levantava a questão» (!!?). E Daniel Oliveira também alinhou: «Basta um pequeno gesto de bom-senso para que se agitem os fantasmas. (...) Porque há alunos que são muçulmanos, hindus, agnósticos e ateus. Porque os pais deles, tal como os pais católicos, têm direito a algum respeito».

Isto entristece-me. Sobretudo porque é de uma enorme falta de inteligência, de gosto, de bom-senso. É verdade que não se deve estranhar, principalmente vindo de quem teve a ideia peregrina de acusar Paulo Portas de inelegível para abordar o assunto do aborto por nunca ter gerado uma vida.

Não há ninguém que lhes diga (principalmente ao inteligente Louçã e à inenarrável Ana Drago) que isto são tonterias, idiotices completas? Que são verdadeiros abortos do raciocínio?!

Mas pensam que estão a gozar connosco ou quê?!

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5 ComentÁrios:

Blogger Alex disse...

Não comento as ridiculas observações do Louçã e da Drago. Estão absolutamente fora do contexto.
A Associação Laicidade e Liberdade (ou lá o que é), fez um requerimento ao ministério para serem retirados os cruxifixos das escolas públicas. A ministra disse que cada escola tinha liberdade para retirar ou manter. Portanto, apenas as escolas que entenderam os retiraram.
Na minha opinião, e pelo principio da separação entre o que é Igreja e o que é Estado, entendo que a escola pública não deve ter cruxifixos. Esses não são simbolos da República. O próprio Jesus disse : A Deus o que é de Deus a César o que é de César!
Aliás entendo que a ministra lavou as mãos do problema deixando a decisão para as escolas.
São as igrejas que devem doutrinar, não o Estado ! A fé está no coração dos crentes e não nos simbolos. É absolutamente aberrante várias reacções que tenho ouvido. A Conferência Episcopal, o Prof Cavaco... Ficaram chocados ! Há tanta coisa que choca muito mais...
É que o problema não são os cruxifixos. O problema, podem ser os véus...
Saúdinha

05 dezembro, 2005 17:45  
Blogger Rantas disse...

Quanto a mim, não me aquece nem me arrefece que estejam crucifixos nas escolas. Não aprovo, mas também não critico. Julgo, sinceramente, que o tema não tem a mínima importância. O que critico e desaprovo totalmente é a reacção de Louçã e Drago, quais virgens sonsas, que confundem História e Cultura com Religião. Que trocam o bom-sendo pela piada (?) de um dichote. Que são tão obtusos a defender o politicamente correcto que me fizeram lembrar uma coluna do Miguel Sousa Tavares, publicada há uns dias no Público, onde se referia também o ridículo do politicamente correcto aplicado às violações de menores, contando mais a opção sexual do violador do que a do violado - ou seja, nesta visão é indiferente para um miúdo de 14 anos ser violado por uma mulher ou por um homem. Pois...

05 dezembro, 2005 21:20  
Anonymous Anónimo disse...

Poderiam as quinas ser retiradas da bandeira? Acho que sim, há serôdias provocações cristãs por trás, a história pátria, cinco chagas e uma improvável aparição ao Rei Fundador. Tudo coisas que os muçulmanos (mesmo para lá do Martim Moniz), a Drago e as tradições do bom povo de Belmonte exigiriam. Uma bandeira Kosher com crescentes a ouro, isso sim, seria uma bela bandeira.

05 dezembro, 2005 22:34  
Anonymous Anónimo disse...

Perdoem-me a intromissão.
Fui frequentadora de igreja assídua durante cerca de 20 anos; e de repente, sem quê nem porquê, afastei-me.
Se continuo a acreditar em Deus, não sei. Mas acredito no seu princípio mais básico - o Amor ao próximo nas suas mais variadíssimas formas.
E por isso decidi dar a minha humilde opinião.
Não é por existir pendurado um Senhor em agonia que uma sala de aula fica mais ou menos dignificada, santa ou ofensiva. E não me venham com conversas acerca do respeito pelas outras religiões - não por considerar que seja desperdício de tempo este tipo de conversa ou achar não merecem respeito; mas porque, acima de tudo, cada pessoa como ser e indivíduo, e independentemente da sua opção de Fé, merece respeito acima de qualquer coisa.
Aos comentadores de araruta, que pelo visto nada melhor e mais produtivo têm para fazer senão puxar dos seus chavões de almanaque, tenho a dizer que a importância de retirar um crucifixo das salas de aulas é irrelevante se tivermos em conta que, estando essas mesmas salas situadas situadas em zonas menos bafejadas pela sorte, é bem provável que uma criança entre os 5 e 10 anos leve já uma carga horária de 2 ou 3 duras horas em cima do pelo quando se apresenta às 8:30 h da manhã para receber, exausta mas de bom grado, a lição do dia.
O problema é que se, em vez de botar discurso, estes mesmos comentadores de almanaque pegassem em roupa e comida e fossem distribuir pelas ditas crianças, ou substituí-los na lavoura para que elas pudessem dormir mais umas horinhas, a probabilidade de aparecerem na TV e com tempo de antena alargado era muito menor...
Pode ser triste, mas infelizmente, também verdade: existem pessoas para as quais a única tábua de Salvação é a Fé; até esse direito lhes é retirado?
Posso não as compreender, mas por poucas que sejam, tenho de as aceitar.

09 dezembro, 2005 13:57  
Blogger Rantas disse...

ROV: Finalmente por cá! Gostei de te ver e do teu comentário. Quem fala assim não é gago!

11 dezembro, 2005 22:15  

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