segunda-feira, abril 09, 2007

Batalha de La Lys, 1918

Faz hoje 89 anos sobre o maior desastre militar português desde Alcácer-Quibir (1578).

Após a Revolução de 1917, a nova Rússia soviética assinou o Tratado de Brest-Litovsk com Alemanha, Áustria-Hungria, Bulgária e Turquia (3 de Março de 1918).

Esse tratado permitiu que o exército alemão conseguisse transferir várias divisões para a Frente Ocidental. Depois da entrada dos Estados Unidos na Guerra, a Alemanha lutava contra o tempo. Ou conseguia um armísticio através de uma vitória militar indiscutível e rápida (conquistando Paris), ou faria face a uma derrota humilhante.

Do nosso lado, o CEP - Corpo Expedicionário Português - deparava-se com dificuldades extremas.

Depois da Revolução de Dezembro de 1917 (Sidónio Pais), agravaram-se mais ainda as condições em que os soldados viviam - sem rendição, sem uniformes, praticamente sem comida.
Major Sidónio Pais

O sector guarnecido pelos Portugueses era talvez o pior da zona, em termos de salubridade. Humidade, lama e ratazanas conviviam com soldados famintos, que se sentiam abandonados pelos seus oficiais e pelo seu País.


Dos 20.000 soldados que compunham o CEP, cerca de 15.000 encontravam-se nas linhas da Frente, comandados pelo General Gomes da Costa. No dia 8 de Abril de 1918, as tropas finalmente ouviram a notícia pela qual tanto ansiavam - no dia seguinte iriam ser transferidas para as linhas da rectaguarda.


Generais Tamagnini, Hacking e Gomes da Costa


Na madrugada do dia 9 de Abril, uma ofensiva decidida por Erich von Lüdendorff levou 50.000 alemães sobre as trincheiras portuguesas, com efeitos desastrosos - 7.500 baixas do lado português!

Erich von Lüdendorff



O romance "A Filha do Capitão", de José Rodrigues dos Santos, permite entender em que condições as tropas portuguesas (sobre)viviam nas trincheiras. É um livro importante para quem tem interesse por esta época, pela I Guerra Mundial e pela participação portuguesa.

Rodrigues dos Santos fez (como faz sempre, aliás!) um apuradíssimo trabalho de investigação para nos dar um retrato fiel dos primeiros anos do século XX, das sociedades portuguesa e francesa e do horror da guerra.

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