Engenharias
Para avaliar o desempenho de Sócrates como primeiro ministro, pouco me interessa se ele é, ou não, licenciado.
Neste país reverencial de doutores & engenheiros, um título académico era, até há bem pouco tempo, sinónimo de status social e sapiência. Errado.
Nos bancos da faculdade, convivi com muitos calhaus com olhos, cujo mérito fundamental consistia em decorar e debitar nos exames, ipsis verbis, sebentas e manuais.
A frequência de um curso superior tem, obviamente, virtudes. A maior das quais é a criação de hábitos de disciplina, trabalho e estudo. Mas uma licenciatura não faz pessoas mais inteligentes. Com isto, quero dizer que Sócrates não é mais ou menos inteligente, mais ou menos competente, por ser (ou não) licenciado.
A nebulosa em que se deixou envolver em relação à obtenção do seu grau académico, no entanto, ensombra a avaliação que podemos fazer do seu carácter e rectidão.
Convenhamos que se afigura algo estranho que Sócrates tenha obtido o grau de licenciado após ter feito três cadeiras de engenharia civil em que foi aprovado por um mesmo professor e mais uma (inglês técnico?) em que a aprovação foi dada por alguém que não era nem regente, nem sequer professor dessa cadeira. Também é estranho que o procedimento administrativo que conferiu a Sócrates a licenciatura tenha sido efectuado a um Domingo. A tudo isto, acresce ainda o facto de a Independente ser uma universidade muito, muito manhosa.
Sócrates beneficiará da presunção de inocência, mas não pode assobiar para o ar como se isto fosse uma questão menor.
Ser ou não licenciado não faz dele um melhor ou pior primeiro ministro. Mas se a licenciatura foi obtida por via anómala, isso faz dele uma pessoa menos honesta. E isso é mau.
A técnica de "chutar para canto" tem resultado em muitas questões, contribuindo para eternizar o "estado de graça" do primeiro ministro. Mas, nesta questão, não dá. Os holofotes incidem exclusivamente sobre Sócrates. Não há como fugir ou empurrar o esclarecimento da questão para um qualquer ministro ou para a manhosa "instituição de ensino" (!?!). Venham daí os esclarecimentos cabais.
Etiquetas: Coisas sérias, El Ranys, Governo
3 ComentÁrios:
Venham daí? Se tivéssemos uma comunicação social a sério ou eles já tinham vindo ou o Sr. Licenciado já tinha dado um trambolhão dos antigos. Enfim...
Não se entende como é que um governo que fundamenta em critérios de qualidade o encerramento de maternidades e urgências permite o funcionamento de instituições de ensino superior cujos cursos levantam dúvidas tão substanciais.
Concordo inteiramente consigo, caro anónimo.
Estas universidades só existem para vender "gato por lebre".
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