Póquer texano
Há dias em que me sinto velho. Velho, obsoleto, ultrapassado. Enfim, tenho quase 40 anos e não estou a ficar mais novo, mas não tenho o hábito de ser assaltado por essa sensação.
Tive todo esse sobressalto ao juntar-me a um grupo de colegas - uns putos, na verdade - que me ofereceram a oportunidade de revisitar um vício antigo, que exerci furiosamente há uns 15 anos, mas que fui abandonando, essencialmente por falta de tempo e excesso de outros hobbies.
O póquer aberto sempre foi uma cois simples e emocionante: um baralho dos ases aos oitos, duas cartas para cada um, e apostas carta a carta, até perfazerem 5 cartas viradas na mesa. A redução do baralho visava dar emoção, uma vez que garantia mais probabilidades de surgirem jogos interessantes - poker, full house, flush, straight, etc. No início de cada jogo bastava esclarecer quais as sequências aceites - além das famigeradas máxima, média e mínima, ainda existia a "asa de mosca", ou a piceira, onde o ás faz de sete - e qual o lugar do cavalão, que na prática consistia em considerar o ás como sendo uma figura ou não.
Em mesas mais evoluídas, ainda se discutia o parole.
Na mesa onde joguei na semana passada, utilizavam-se as regras texanas. Parece que são as usadas nos torneiso organizados pelos casinos e nos campeonatos internacionais de póquer (eu sabia lá que isso existia!).
As regras consistem na utilização do baralho completo, o que só por si retira quase toda a emoção. O jogo fica substancialmente diferente - é como alguém dizer que gosta de ver futebol depois de ver um jogo do Sporting de Peseiro (qualquer um "daqueles", com golos e emoção a rodos) e, por causa disso, tem de gramar com um grupo de italianos a jogar à bola. É um jogo diferente, apesar de até seguir as mesmas regras...
Como se joga com o baralho todo e se aposta antes de se descobrir uma carta que seja na mesa, só vai a jogo quem tenha duas cartas na mão que dê probabilidades de fazer um jogo alto. Ou seja, mais de metade dos jogadores desiste à primeira. Após a primeira rodade de apostas, descobrem-se logo 3 cartas na mesa. Apenas se vislumbra um objectivo para isto - mais uma vez, retirar a emoção do jogo!
Estive cerca de 3 horas a jogar. Cerca de 2 terços ds jogadas acabavam sem se ter de mostrar as cartas, por fuga de todos os intervenientes menos um. E éramos 7!
Não gostei. Chamem-me velho do Restelo, obsoleto e ultrapassado, resistente à mudança, o que quiserem, mas não gosto desta maneira de jogar póquer!
6 ComentÁrios:
Mas isto não é poker. Será outra coisa qualquer, texas way, mas poker não. A tradição ainda é o que era. O jogo que relatas parece ser uma verdadeira seca.
Lá emocao havia... ai havia, havia! Muitas vezes fui levado à ruina por causa dessas malditas duas cartas.
Eu ainda tenho na memória um Royal Straight Flush (sequência máxima de espadas). O jogo é confiança: há jogadores que "sabem" que vão ganhar... até perderem muito.
Não há parceiros para um poker "à antiga"?
I'm in!
Count me on.
E bridge, nunca mais se jogam uns rubber?
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