segunda-feira, julho 10, 2006

Caderno III: O Sector dos Transportes


Hipótese 1
Os portugueses são obrigados a deslocar-se de automóvel, visto que em Portugal ninguém investe devidamente numa rede eficiente de transportes públicos.
Hipótese 2
É uma roubalheira, toda a gente quer é encher os bolsos, a EMEL é uma organização herdeira das mais negras tradições fascistas. Para mais, o automóvel é um símbolo de liberdade individual e qualquer acção que coarcte o direito natural de um cidadão se fazer transportar – de preferência sozinho – num automóvel particular deveria estar vedada constitucionalmente. Afinal, para que é que se fez o 25 de Abril?!
Hipótese 3
Os transportes públicos estão cada vez melhores. Conseguiu-se expandir a rede do metropolitano de uma forma equilibrada, tendo sempre em vista os interesses dos utentes. O comboio que passa sobre a ponte 25 de Abril é fabuloso – além de uma viagem bonita, cumpre rigorosamente os horários.
Vários exemplos se poderiam aduzir para rebater o asco que se pressente nos cidadãos auto-mobilizados quando se fala na hipótese de passarem a utilizar transportes públicos. A verdade é que não são tão maus como os pintam! Certo?

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10 ComentÁrios:

Anonymous Anónimo disse...

Correcto!
Eu deixei de ir de carro para o trabalho e noto que ganhei qualidade de vida, tempo para mim e para os meus pensamentos. E demoro mais 10 mins...

10 julho, 2006 23:11  
Blogger Rantas disse...

E não tem de ir deixar moedinhas à EMEL duas ou três vezes por dia, nem tem o stress de ter deixado o carro mal estacionado, nem a angústia/raiva do trânsito...

Em alguns casos, a utilização de transportes públicos até resulta numa diminuição do tempo gasto a chegar ao trabalho.

10 julho, 2006 23:29  
Blogger El Ranys disse...

Não são tão maus como os pintam? Não sei, Rantas, diz-me tu, fala-nos da tua experiência ;-)
Já agora, gostava que discorresses também um pouco sobre a angústia/raiva do trânsito. Será pedir demais?

11 julho, 2006 12:23  
Blogger Rantas disse...

Grande e Único El Ranys,

Sou das pessoas que mais utiliza transportes públicos. É raro o dia em que não ando de taxi...

Quanto à angústia/raiva do trânsito, fica para outro dia, OK? Quando se falar menos da angústia do guarda-redes antes do penalty...

11 julho, 2006 13:00  
Anonymous Anónimo disse...

A verdade é que há muita gente que se desloca no popó (e passa a vida a queixar-se de que não tem dinheiro para nada) por razões que não descortino.

Status? Comodismo? Horror de andar de transporte público? Prazer de se enervar naquelas filas? O carro e a gasolina não são pagos por eles? Para mim é um mistério...

11 julho, 2006 13:23  
Blogger Rantas disse...

Sempre que vou à margem sul horrorizo-me com o trânsito. Contra todo o raciocínio, contra toda a lógica, contra todos os horários, há sempre fila, a travessia da ponte 25 de Abril é um suplício.

O mesmo se passa na IC19 (na qual, felizmente, há já muito tempo que não passo).

E se formos a ver, essas linhas de entrada em Lisboa estão bem servidas de transportes - enfim, mais a margem sul, com o comboio.

Tenho vários colegas de trabalho que começaram a deixar o carro na estação e a vir para Lisboa de comboio. É uma travessia mais rápida, dá menos chatices, dá para dormitar, ler um livro, ver a linda paisagem. E chegam mais soltos, menos irritados.

Ranys, o facto de eu não conduzir não vem ao caso. Devemos tentar olhar para as coisas sem o peso das nossas idiossincrasias pessoais, caso contrário, acabamos invariavelmente a discutir o tamanho do umbigo de cada um :-<

11 julho, 2006 13:31  
Blogger El Ranys disse...

Pois bem, Rantas (atenção que não referi, em lado nenhum, que não conduzias, mas obrigado por trazeres a questão à liça):

Sim, eu sei que é preferível o comboio ou o eléctrico ao automóvel. Lanço-te um desafio:
Arranja-me um itinerário, em transporte público, que me traga da linha do Estoril até ao Parque das Nações. Diz-me quais as ligações e intermodalidade entre transportes públicos, quanto tempo perco por dia no vai-vem. Já agora, diz-me lá qual é a melhor solução para quem, quase diariamente, tem ainda de se deslocar entre o Parque das Nações e o aeroporto de Lisboa. Qual a carreira, quanto tempo demora?
Se, no meio disto, ainda sobrarem umas horitas para trabalhar, talvez pondere na questão. Agradecido.

11 julho, 2006 13:40  
Blogger Rantas disse...

Bom, eu não sou propriamente o guichet onde se fornece esse tipo de informações (nem sou um grande utilizador desse tipo de transportes públicos há muito tempo).

De qualquer modo, e a bem do esclarecimento das hordas de leitores do RdM, sugiro-te o seguinte:

1) Comboio até ao Cais do Sodré, de cu tremido
2) Metro do Cais do Sodré até à Gare do Oriente, de rabo quentinho
3) ... Ooops! Gare do Oriente já é no Parque das Nações, certo?

Agora, entre o Parque das Nações e o Aeroporto - repara que não sou um taliban do transporte público. Evidentemente que não o sou, até pelos motivos expostos lá para cima. Para esse trajecto até pode haver um autocarro directo, não sei. Mas esse trajecto feito de carro não aquece nem arrefece muito o que aqui escrevi.

O que me é difícil de entender é que haja tanta e tanta gente a afocinhar-se no trânsito, a perder qualidade de vida, a gastar (bastante) dinheiro em gasolina, portagens e estacionamento - dinheiro esse que faz falta ao fim do mês - sem cuidar de olhar para uma alternativa que é mais racional. Mais económica, mais confortável.

É nos acessos principais a Lisboa que a questão se coloca. Não é, com certeza, entre a Expo e o Aeroporto.

11 julho, 2006 14:30  
Blogger Alex disse...

Chego sempre atrasado mas cá vai.A questão do trânsito, é de facto dos problemas mais difíceis de resolver das grandes cidades. Aliás há soluções propostas como a do pagamento de taxas por entrada no centro da cidade ou limitar os carros pela matrícula ou coisa que o valha. E o trânsito traz mais problemas a jusante. O parqueamento, a poluição, a dependência do petróleo, etc. E a montante, tem a ver com os problemas de desertificação do interior (originando as grandes metrópoles), os movimentos das populações dos centros para os subúrbios (falta de mercado de arrendamento ), etc. As soluções, além de tentar resolver as causas, são óbvias : melhorar os transportes públicos, torná-los muito mais atraentes que o transporte individual.
(é tão bonito vermos as grandes cidades europeias como Amesterdam, Munique, Berlim, Copenhaga as pessoas a andarem de bicicleta para os seus trabalhos...)
Mas o que me choca mais é os carros particulares apenas transportarem,quase invarialvelmente o seu condutor.
Saúdinha

12 julho, 2006 12:46  
Blogger Redus Maximus disse...

E como disse lá em cima...ma como anónimo: Agora eu já vou quase sempre de transportes públicos...
Usai os transportes públicos!!

12 julho, 2006 14:55  

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