Liberalização de voos para a Madeira???
Lido no jornal Público de hoje: "o secretário de Estado (Paulo Campos) reuniu-se com representantes da low cost EasyJet, juntamente com o homólogo para a área do Turismo, Bernardo Trindade, para negociar com esta transportadora o início de operações para o Funchal."
Ora bem, deixa cá ver se percebi: o governo anunciou a liberalização dos voos para a Madeira (bem) e, imediatamente a seguir, reuniu-se com representantes de uma companhia aérea privada para "negociar o início de operações para o Funchal."
Pergunto: se liberalizou, o governo reuniu logo a seguir com a EasyJet para negociar o quê???
Etiquetas: Aviação, El Ranys, Funchal, Governo, Liberalização, Madeira
4 ComentÁrios:
Neste caso até faz sentido. Segundo o Diario Economico a reunião teve por objectivo "aumentar o número de voos para a região autónoma", fomentando assim a concorrência. Ver: http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/nacional/economia/pt/desarrollo/743884.html
Sim, caro lemmings, mas se o mercado passa a estar liberalizado e se os voos para a Madeira forem um bom negócio, a EasyJet aumentará, com certeza, "os voos para a região autónoma" sem necessidade de qualquer tipo de intervenção do governo. Eles não andam a dormir. A menos que o governo esteja a negociar com a EasyJet "incentivos" para que a low cost opere nessa rota, pelo que será válido perguntar onde é que está a liberalização de um mercado cuja exploração necessita de "negociações" dos privados com o governo.
Não há aqui uma contradição qualquer?
Eu concordo com o que escreveste mas repara que todos os vôos para a Madeira são parcialmente financiados pelo Estado Central (para os residentes). Contudo, a política de incentivos vai-se alterar e é normal haverem negociações com os parceiros quanto às condições a serem implementadas, nomeadamente a fixação do subsídio fixo. Apesar de existir liberalização é necessária a fixação de incentivos de forma a permitir maior mobilidade da população da Madeira e incentivar outras actividades como o Turismo. O retorno em termos agregados (receitas das companhias aéreas, turismo, receitas fiscais, etc) é (ou melhor deverá ser) superior aos subsídios investidos.
Se bem percebi, os argumentos do governo são os seguintes: por um lado, abrindo a linha Lisboa-Funchal às low cost aumenta-se a ocupação hoteleira da Madeira (os resultados em Lisboa têm sido espectaculares); por outro lado (este talvez seja mais importante para o governo), se com a concorrência as tarifas baixarem, a comparticipação do estado nas tarifas de residente passa a ser menor. Até agora os subsídios incidem sempre sobre a tarifa mais cara, o que de facto parece absurdo. Assim como parece absurdo que um voo Lisboa-Londres (ou Paris, etc) custe metade dum voo Lisboa-Madeira.
As negociações com a EasyJet tem provavelmente a ver com os subsídios a residentes. Suponho que isto tem a ver com o facto de qualquer companhia que voe regularmente para a Madeira estar obrigada a aceitar os voos subsidiados, com tudo o que isso implica. Parece-me que, potencialmente, todos podem ficar a ganhar -- o estado gasta menos e as passagens ficam mais baratas.
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