segunda-feira, novembro 27, 2006

Qualidade de Serviço


A Império-Bonança é a entidade que mais me escreve. Praticamente todas as semanas tenho uma ou duas cartinhas na minha caixa de correio a informar-me. A informar-me de algo muito importante, algo inadiável, algo de tão importante que é é sujeito a um processo de encriptação, não vá o Diabo tecê-las e a mensagem ser interceptada. Dá gosto ver o cuidado que a minha Seguradora coloca nesses mínimos detalhes! Tenho algumas coisas, lá. Uma coisa tipo PPR, um seguro de incêndio, um outro de recheio, um seguro da empregada doméstica, uma outra coisa tipo PPE, e acho que ainda tenho mais uma ou duas coisinhas.
Ao contrário dos bancos, que me enviam informação condensada uma vez por mês, num extracto integrado e por mail, o que facilita enormemente o armazenamento desses documentos, a Império-Bonança inunda-me a caixa de correio de papel.
Os documentos que me enviam são feios, mal enjorcados, parecem saídos de uma folha de excel mal pensada. As referências adivinham-se estrategicamente bem colocadas, para que um bom entendedor possa interpretá-las um ápice. Acredito que não exista um Cliente - leigo em matéria de seguros - que entenda o que lá está.
Bom, hoje lá veio uma cartinha no correio. Ainda era mais enigmática que as anteriores. Referia um estorno, ramo vida, e tinha um espaço para eu assinar. Não tinha quaisquer indicações de como me vão entregar o dinheiro, se o vão descontar num próximo seguro, se me vão creditar uma conta bancária, nada de porra nenhuma.
Liguei para o número 707 que lá vinha indicado, para tentar entender o que a Império-Bonança me estava a tentar dizer, naquele seu estilo cifrado, tão seu característico. Uma voz feminina, juvenil, deu-me as boas-vindas à Império-Bonança. A seguir, uma musiquinha. Depois, a mesma voz, sugerindo a escolha de uma tecla entre um vasto leque de opções. Fiquei-me, a medo, pela 4ª opção ("outras opções"), julgando que essa indeterminação os faria passar a chamada a alguém humano que não uma mera gravação. Mas não, a voz meiga convidou-me a analisar uma série de outras opções. Ofegante, escolhi a 5ª opção que me foi apresentada, para ouvir a voz doce a dizer-me ao ouvido - "Os nossos serviços estão fechados, tente das 9 às 17 horas". Simplesmente inacreditável! É preciso fazerem um Cliente ouvir 9 opções e dar-lhe música antes de lhe dizerem que estão fechados?! Bom, enfim, na realidade, não há grande motivo de espanto. Afinal, é um serviço ao nível da qualidade dos papéis que me mandam cá para casa...

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4 ComentÁrios:

Blogger Varanda disse...

e como é que tu pensavas que eles iam arranjar dinheiro para pagar essa papelada toda? É que se estiveres com atenção vais ver que essas chamadas para os 707... são um nadinha mais caras que as outras...

28 novembro, 2006 08:27  
Blogger A.Teixeira disse...

Rantas:

Se fores tão atento como eu com a Caixa de Mensagens do blogue, deixa-me dizer-te que te deixei lá uma, a propósito de um poste meu.

Um abraço

A.Teixeira

Herdeiro de Aécio

28 novembro, 2006 18:07  
Blogger Nelson disse...

707 é número nacional único. As chamadas custam à volta de 0,30 cêntimos por minuto. Se na carta não vier essa indicação e a mesma não te for dada no início da chamada podes escrever-lhes uma carta a exigir o dinheiro da chamada de volta! ;)

28 novembro, 2006 20:38  
Blogger Nelson disse...

oops... ou 0,30 euros ou 30 cêntimos. 0,30 cêntimos é obviamente uma gralha :)

28 novembro, 2006 20:41  

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