quinta-feira, agosto 31, 2006

O Independente morreu


O jornal "O Independente" põe amanhã nas bancas a sua última edição e depois acaba.
Neste momento, confesso que tal se me afigura relativamente indiferente.
Prezo a pluralidade, gostava que houvesse cada vez mais publicações que não integrassem os grandes grupos de media e sou solidário com os profissionais que vão ficar no desemprego.
Mas já há muito tempo que deixei de comprar e ler este jornal.
O Independente marcou uma geração, a minha, quando apareceu. Fartos de jornais onde dominava o politicamente correcto, o alinhamento com as "vozes" do bloco central ou, numa perspectiva ainda mais desoladora, o domínio rubro das redacções, O Independente agitou águas, soprou ventos de modernidade e falou de e para um país pós-PREC.
Apesar de reconhecer um certo trauliteirismo e uma descarada arrogância de quem o fazia, O Independente marcava-me o ritmo semanal. Durante os tempos de faculdade, o ritual das manhãs de sexta-feira consistia em ir para o café ingerir cafeína em profusão, fumar cigarros e ler todos os cadernos do O Independente. Três vícios malignos, talvez, mas três vícios.
Com a saída de Paulo Portas e, mais tarde, creio, de Miguel Esteves Cardoso, O Independente foi perdendo, cada vez mais, a graça e o dom da boa escrita.
Começou a parecer-se com outro qualquer jornal, chato e institucional, portador de "recadinhos", mal escrito, mal informado, graficamente pobre, bom para o peixe do dia seguinte. Deixei de o comprar já lá vão seis ou sete anos, porque deixei de o achar uma boa e recomendável leitura. Isto sou eu, que fui em tempos um "Independentista" empedernido. A morte do actual O Independente é-me, por isso, relativamente indiferente. Não lhe vou sentir a falta. Para mim, O Independente já tinha morrido há muito tempo. Fica a homenagem aos pioneiros dos primeiros anos do projecto e a solidariedade com os que ainda lá trabalhavam.

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7 ComentÁrios:

Blogger Rantas disse...

Paz à sua alma.
O Independente morreu quando Paulo Portas saiu de lá. Agora era um antro de tias e de Joanas Petizes.
Não fará muita falta...

01 setembro, 2006 00:59  
Blogger PSeven disse...

Para mim morreu muito antes. É que para mim ficou muito claro, muito depressa, que o Independente de independente tinha muito pouco. E que a sua actividade principal era lançar lama para cima dos adversários políticos de um determinado partido. Para agravar a minha antipatia, tive conhecimento directo de factos que, depois, foram relatados no Indi. Pude assim apreciar as deturpações e mesmo mentiras que foram incluidas porque davam jeito. Não vou sentir a sua falta.

01 setembro, 2006 12:03  
Blogger Varanda disse...

Podes dizer o nome do partido, toda a gente sabe que era o PSD. Digamos que o Independente foi a rampa de lançamento do Portas.

01 setembro, 2006 14:02  
Blogger El Ranys disse...

O Independente foi rampa de lançamento de uma nova atitude, desafiadora do Portugal paroquial que ainda perdurava.
O Independente foi rampa de lançamento de uma nova linguagem discursiva, que ainda hoje faz escola.
O Independente foi um espaço de afirmação de uma nova geração que tinha coisas novas para dizer e rejeitava paternalismos.
O Independente foi o expoente maior do anti-cavaquismo (e como me irritava o cavaquismo e o consenso de um Portugal "bem comportado" à sua volta).
O Independente foi, para lá das sujeiras, boa escrita sobre coisas boas, das artes aos costumes à crítica social.
O Independente foi, nos primeiros anos, verdadeiramente independente. Por isso o devorava, apesar de ser, também, um jornal canalha.
Não se fez, não se faz, nenhum jornal como O Independente dos primeiros anos. Foi único, irrepetível.
Não gostavam?
Tinham sempre o Expresso...

01 setembro, 2006 17:50  
Blogger Varanda disse...

Não obrigado, prefiro papel higiénico, é menos espesso...

01 setembro, 2006 18:00  
Blogger Bart Simpson disse...

dizia expresso, suponho...:)

01 setembro, 2006 23:44  
Anonymous Anónimo disse...

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