Vaidosos impenitentes
O debate de ideias, hoje em dia, é frequentemente inquinado por muita ignorância e ainda maior arrogância.
Se não estás por mim, estás contra mim, o mundo é a preto-e-branco e não existe meio-termo.
Não gostamos de aprender com o "Outro" e, numa discussão, custa-nos muito dizer "tens razão, precipitei-me, afinal sabes mais sobre este assunto do que eu".
O constante esgrimir de argumentos é uma luta, uma guerra que devemos ganhar a todo o custo.
Ouvir, saber ouvir, mas ouvir mesmo, percebendo o que nos dizem, aprendendo, é uma arte esquecida. Importa mais falar, dizer coisas. O respeito pelo "Outro" acaba sempre cilindrado nesta voragem argumentativa.
Muitas vezes, acabamos por nos arrepender, pensamos "falei de mais, tenho de aprender a calar-me na altura certa". Mas raramente extravasamos esse pensamento, dando "o braço a torcer". O que parece ser importante é ficar sempre "na mó de cima".
Somos vaidosos impenitentes. Assim se alimenta a nossa auto-estima, com estas pequenas vitórias de Pirro.
E lá vamos, cantando e rindo.
3 ComentÁrios:
Ena, correu-te mal o dia, hoje...
Gostei.
Saúdinha
E então no caso dos políticos esta atitude é sistematicamente ridícula.
Nunca se ouve uma auto-crítica, a admissão de um engano, de uma má-avaliação, de uma precipitação, de uma deficiência.
Na minha maneira de ver, isto é um dos aspectos que mais me repugnam e exasperam quanto à classe dos eleitos (nem que o tenham sido com enorme abstencionismo).
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