Rui Rio e os media
Porque é que não concordo com o novo tipo de relação que Rui Rio estabeleceu com os media (só dá entrevistas por escrito)?
-Porque, quando um jornal quer entrevistar Rui Rio, não quer entrevistar, em vez dele, um colectivo, um corpo de assessores da CMP que irão, com certeza, redigir as respostas às perguntas por escrito.
- Porque espera-se, numa entrevista, uma certa dose de imprevisibilidade e espontaneidade nas respostas, elementos impossíveis de obter num registo escrito.
- Porque, se Rui Rio não souber responder a determinada pergunta, vai ter que assumir com um "não sei" (ou então, dizer asneira).
- Sobretudo, porque conduzir uma entrevista não é um exercício "fechado", mas sim um processo dialético em que, a cada pergunta, e em função da resposta, pode surgir uma nova pergunta, que não se previra antes.
- Porque, numa entrevista, também se reflecte o "estar" do entrevistado, o que não é possível por escrito. Uma entrevista precisa de "ambiente", ou então resulta num produto coxo, de plástico.
Chegados a este ponto, é momento de dizer que a comparação de Rui Rio com Ceaucescu, feita, creio, por um articulista do Expresso, é uma absoluta e profunda cretinice. É preciso ter um certo sentido das proporções e relativo decoro.
Vale, para os jornalistas, aquele "habituem-se" de Vitorino. Ou então, juntos, todos os jornalistas dos principais meios fazem um pacto e dizem ao senhor Rio: "como não lhe cabe fixar as regras unilateralmente, como este é um jogo de trocas e você também precisa de nós, nessas condições somos nós que não queremos entrevistá-lo. Em lado nenhum. Passe bem."
3 ComentÁrios:
Não sei, como é que pessoas que se dedicam a escrever para outras (bloggers) podem estar em desacordo com a opinião do Rantas. Se não concordam com a metodologia, larguem os blogs e dêem conferências de imprensa!!!
Um abraço.
Caro Rodrigo Melo,
A sua crítica até pode fazer sentido. Eu é que, confesso, não a percebo.
Abraço,
Não quero voltar a ser mal interpretado, ou voltar a explicar-me mal, mas... O que é um facto é que é prática corrente, entre a comunicação social portuguesa, enviar antecipadamente as perguntas ao entrevistado, de modo a que este possa seleccionar aquelas a que pretende responder, bem como preparar as melhores respostas as restantes.
A questão principal não passa, na minha opinião, por aí. Passa, isso sim, pelo "descobrir da careca" de muitos jornalistas, cronistas e outros "istas" afins. Porque, em boa verdade, quando se entrevistam uns aos outros (os tais "istas") utilizam a mesma prática, mas, quando alguém de fora lhes impõe isso, já é uma violação do direito de expressão e afins.
Concluindo: Se sou a favor desta prática? Nunca fui, não sou, e acho que nunca serei. Mas a realidade é esta... São os profissionais da CS os primeiros a fomentá-la. Por isso, quem tem telhados de vidro e atira pedras ao ar... Come vidro moído!
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