segunda-feira, outubro 24, 2005

Primeiras impressões



Um treino, um jogo. Por isso, só se podem dar primeiras impressões, sem nada de definitivo.

Como ainda não me referi ao assunto, quero desde já dizer que a escolha de Paulo Bento é de risco. Não só para o Sporting, mas também para o próprio. A subida a treinador principal da primeira equipa é algo prematura. Mas revela coragem. Que esta seja recompensada com sucessos desportivos, é o que se deseja.

Penso, muito sinceramente, que não se pode exigir a Paulo Bento que faça deste Sporting uma equipa campeã. A herança é pesada e a moral está esfrangalhada. A primeira missão do treinador é colar os cacos e devolver ao plantel algum amor próprio e auto-estima.

O que desejo, desde logo, é ver nos jogos aplicação, dedicação e profissionalismo por parte dos jogadores. Houve mudanças na direcção e no corpo técnico. Cabe agora aos jogadores provar que não são eles o "problema" do Sporting.

Mudanças: como já tinha defendido, e perante a indisponibilidade de Edson, a aposta em André Marques tardava. Surgiu agora e o miúdo correspondeu. Teve pouca propensão atacante - já vi mais dele em outros jogos - mas cumpriu em termos gerais. É melhor do que Paíto e mais "defesa esquerdo" do que Tello. Bento melhor que Peseiro.

Como também já tinha defendido, a inclusão de dois pontas de lança na equipa inicial (Deivid e Liedson) não estava a funcionar. Bem esteve Bento: saltou Deivid, o que permitiu incluir Nani, outro jovem da formação que se exibiu em bom nível. Bento melhor que Peseiro.

Azar para Bento foi a lesão de Custódio, que dá maior consistência à equipa. O sacrifício de João Moutinho a trinco não permitiu as melhores soluções. Penso que, no futuro, com Custódio, João Moutinho avança no campo e Nani ou Sá Pinto saem da primeira equipa. Ou saem os dois e inclui-se Wender a titular.

Onde Paulo Bento vai ter muitas dores de cabeça é no centro da defesa. Os buracos abertos por Beto e Polga são escandalosos. O primeiro golo do Gil Vicente, em que ninguém faz a cobertura ao homem que aparece, no coração da área, a cabecear à vontade, é um bom exemplo. O segundo golo do Gil também. Uma equipa como a do Sporting NÃO PODE sofrer 2 e 3 golos por jogo.

Não sei bem por onde pode Paulo Bento começar para resolver este problema. Treino, muito treino para os centrais e olhos postos no que Semedo e Tonel possam acrescentar em segurança defensiva.

Uma vitória no Bessa traria a todas estas mudanças um novo élan. Mas há que dar tempo a Paulo Bento.

7 ComentÁrios:

Anonymous Anónimo disse...

São muitos cacos para apanhar, mas ele está mais perto dos jogadores, por ter sido ex-colega.

24 outubro, 2005 13:44  
Anonymous Anónimo disse...

Mas o Bento, o Paulo, não é "lampião"?
Não enfermará do mesmo pecado original do anterior treinador?

Cumprimentos.

24 outubro, 2005 17:01  
Blogger El Ranys disse...

Paciência benta, caro Apre, é o que é preciso. O novo treinador, de facto, vai necessitar de algo de arqueólogo, tal a ruína a que o nosso futebol chegou.

Ao anónimo sempre vou dizendo que todo o pecado tem redenção. Mas está ainda por provar que o nosso Bento seja dessa estirpe. Afinal (para quem não saiba), ele cresceu no bairro de Alvalade. Suspeito até que ele é sportinguista desde pequenino.

24 outubro, 2005 18:27  
Anonymous Anónimo disse...

É tão certa a sua conclusão, el ranys, como certo é dizer-lhe que não há redenção sem pecado.
Entendi o argumento do anónimo por ser esse um dos últimos critérios utilizados para vituperar o Peseiro. Ora, nestas coisas de atirar pedras é sempre útil um mínimo de juízo de prognose, minora o trauma e legitima desconfiança.
Este cuidado terá uma utilidade acrescida se pensarmos que na ausência de bigode, o Bento usa um corte de cabelo que fortemente indicia estarmos em presença de um empedernido benfiquista, ainda que, é certo, de Alvalade.

saudações leoninas

25 outubro, 2005 11:03  
Blogger El Ranys disse...

Caro anónimo (O mesmo? Um outro?):

Fortes indícios não são, contudo, provas irrefutáveis.
Há (espante-se) sportinguistas de bigode. Poucos, é verdade, mas os suficientes para, também aí, se revelar o nosso ecletismo, onde caberá, decerto, o penteado do Paulo Bento.

E nunca se esqueça da vasta plêiade de conversões tardias às mais variadas fés.

Nesta perspectiva, o problema último do Peseiro liga-se à questão da alheira.

25 outubro, 2005 12:16  
Anonymous Anónimo disse...

Escapa-me a alusão gastronómica...

25 outubro, 2005 12:25  
Blogger El Ranys disse...

História da Alheira

Foi inventado pelos judeus como artimanha para escaparem às malhas da Inquisição.
Como a sua religião os impedia de comer carne de porco, eram facilmente identificáveis pelos seus perseguidores pelo facto de não fazerem nem fumarem os habituais enchidos de porco.

Assim, substituiram a carne de porco por uma imensa variedade de carnes, que incluíam vitela, coelho, peru, pato galinha e por vezes perdiz, envolvidos por uma massa de pão que lhes conferia consistência.

A receita acabaria por se popularizar entre os cristãos, mas estes juntavam-lhe a omnipresente carne de porco.

Hoje, as mais afamadas são as de Mirandela, mas por toda a Beira Alta e Trás-os-Montes se fazem alheiras artesanais de excelente qualidade.

Geralmente são fritas em azeite e servidas com legumes cozidos.
Mas também podem ser estufadas, depois de envolvidas em couve lombarda.

In www.gastronomias.com

25 outubro, 2005 12:32  

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