Primeiras impressões
Um treino, um jogo. Por isso, só se podem dar primeiras impressões, sem nada de definitivo.
Como ainda não me referi ao assunto, quero desde já dizer que a escolha de Paulo Bento é de risco. Não só para o Sporting, mas também para o próprio. A subida a treinador principal da primeira equipa é algo prematura. Mas revela coragem. Que esta seja recompensada com sucessos desportivos, é o que se deseja.
Penso, muito sinceramente, que não se pode exigir a Paulo Bento que faça deste Sporting uma equipa campeã. A herança é pesada e a moral está esfrangalhada. A primeira missão do treinador é colar os cacos e devolver ao plantel algum amor próprio e auto-estima.
O que desejo, desde logo, é ver nos jogos aplicação, dedicação e profissionalismo por parte dos jogadores. Houve mudanças na direcção e no corpo técnico. Cabe agora aos jogadores provar que não são eles o "problema" do Sporting.
Mudanças: como já tinha defendido, e perante a indisponibilidade de Edson, a aposta em André Marques tardava. Surgiu agora e o miúdo correspondeu. Teve pouca propensão atacante - já vi mais dele em outros jogos - mas cumpriu em termos gerais. É melhor do que Paíto e mais "defesa esquerdo" do que Tello. Bento melhor que Peseiro.
Como também já tinha defendido, a inclusão de dois pontas de lança na equipa inicial (Deivid e Liedson) não estava a funcionar. Bem esteve Bento: saltou Deivid, o que permitiu incluir Nani, outro jovem da formação que se exibiu em bom nível. Bento melhor que Peseiro.
Azar para Bento foi a lesão de Custódio, que dá maior consistência à equipa. O sacrifício de João Moutinho a trinco não permitiu as melhores soluções. Penso que, no futuro, com Custódio, João Moutinho avança no campo e Nani ou Sá Pinto saem da primeira equipa. Ou saem os dois e inclui-se Wender a titular.
Onde Paulo Bento vai ter muitas dores de cabeça é no centro da defesa. Os buracos abertos por Beto e Polga são escandalosos. O primeiro golo do Gil Vicente, em que ninguém faz a cobertura ao homem que aparece, no coração da área, a cabecear à vontade, é um bom exemplo. O segundo golo do Gil também. Uma equipa como a do Sporting NÃO PODE sofrer 2 e 3 golos por jogo.
Não sei bem por onde pode Paulo Bento começar para resolver este problema. Treino, muito treino para os centrais e olhos postos no que Semedo e Tonel possam acrescentar em segurança defensiva.
Uma vitória no Bessa traria a todas estas mudanças um novo élan. Mas há que dar tempo a Paulo Bento.
7 ComentÁrios:
São muitos cacos para apanhar, mas ele está mais perto dos jogadores, por ter sido ex-colega.
Mas o Bento, o Paulo, não é "lampião"?
Não enfermará do mesmo pecado original do anterior treinador?
Cumprimentos.
Paciência benta, caro Apre, é o que é preciso. O novo treinador, de facto, vai necessitar de algo de arqueólogo, tal a ruína a que o nosso futebol chegou.
Ao anónimo sempre vou dizendo que todo o pecado tem redenção. Mas está ainda por provar que o nosso Bento seja dessa estirpe. Afinal (para quem não saiba), ele cresceu no bairro de Alvalade. Suspeito até que ele é sportinguista desde pequenino.
É tão certa a sua conclusão, el ranys, como certo é dizer-lhe que não há redenção sem pecado.
Entendi o argumento do anónimo por ser esse um dos últimos critérios utilizados para vituperar o Peseiro. Ora, nestas coisas de atirar pedras é sempre útil um mínimo de juízo de prognose, minora o trauma e legitima desconfiança.
Este cuidado terá uma utilidade acrescida se pensarmos que na ausência de bigode, o Bento usa um corte de cabelo que fortemente indicia estarmos em presença de um empedernido benfiquista, ainda que, é certo, de Alvalade.
saudações leoninas
Caro anónimo (O mesmo? Um outro?):
Fortes indícios não são, contudo, provas irrefutáveis.
Há (espante-se) sportinguistas de bigode. Poucos, é verdade, mas os suficientes para, também aí, se revelar o nosso ecletismo, onde caberá, decerto, o penteado do Paulo Bento.
E nunca se esqueça da vasta plêiade de conversões tardias às mais variadas fés.
Nesta perspectiva, o problema último do Peseiro liga-se à questão da alheira.
Escapa-me a alusão gastronómica...
História da Alheira
Foi inventado pelos judeus como artimanha para escaparem às malhas da Inquisição.
Como a sua religião os impedia de comer carne de porco, eram facilmente identificáveis pelos seus perseguidores pelo facto de não fazerem nem fumarem os habituais enchidos de porco.
Assim, substituiram a carne de porco por uma imensa variedade de carnes, que incluíam vitela, coelho, peru, pato galinha e por vezes perdiz, envolvidos por uma massa de pão que lhes conferia consistência.
A receita acabaria por se popularizar entre os cristãos, mas estes juntavam-lhe a omnipresente carne de porco.
Hoje, as mais afamadas são as de Mirandela, mas por toda a Beira Alta e Trás-os-Montes se fazem alheiras artesanais de excelente qualidade.
Geralmente são fritas em azeite e servidas com legumes cozidos.
Mas também podem ser estufadas, depois de envolvidas em couve lombarda.
In www.gastronomias.com
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