sábado, outubro 15, 2005

Mistérios da Existência

Ele há coisas extraordinárias. O jornal "Independente" tem um suplemento com o título "Vida".
O "Vida", revisteca sobre "estilos de vida", tem como responsável máxima a editora Joana Petiz. Fixem bem o nome: Joana Petiz. O que nos diz esta boa samaritana no seu editorial desta semana, encimado pela sua carinha larocas e sorridente a insinuar-se sobre o seu ombro desnudo? Qualquer coisa como isto:
"Nos últimos tempos, confesso que me intriga a pose do Partido Socialista. (...)Mas também, e especialmente, pelas atitudes que o Governo de Sócrates tem vindo a tomar, contrariando na sua essência todos os pressupostos do socialismo. Que o país está a atravessar uma fase complicada é verdade, mas a solução nunca pode passar pela imposição de regras. Afinal, não são os socialistas dos principais defensores da Democracia?".
Está lá isto tudo. Assim, mesmo, ipsis verbis. E não se preocupem com questões de retirar esta passagem do seu contexto, porque não há contexto posssível. Joana Petiz. Editora da revista "Vida", suplemento do jornal "Independente". A melhor parte, para mim, é mesmo aquela: "o país está a atravessar uma fase complicada, mas a solução nunca pode passar pela imposição de regras". Genial. Creio que as pessoas que escrevem neste suplementozeco devem ter corado de vergonha quando leram esta pérola. E daí, provavelmente não. Recordamos que uma das colunistas do "Vida" é Catarina Jardim. Mais conhecida por "Pimpinha".
Quando vejo no que o "Independente" se transformou e me lembro de que este foi, em tempos, o "meu" jornal (lá para os idos - esperemos - do "cavaquismo"), invade-me uma certa nostalgia.
O "Independente" é, hoje, um verdadeiro mistério da existência. E Joana Petiz devia ser proibida de escrever num jornal. Quanto mais ser editora.... O tempora, o mores.

5 ComentÁrios:

Anonymous Anónimo disse...

Proibido de escrever devias ser tu!
Pelo menos essa jornalista tem a coragem de dar a cara, assinar os seus textos e assumir o que escreve. Outros,os que como tu nunca hão-de ser ninguém,nada fazem na vida a não ser criticar quem tem algum mérito. Como se não bastasse, escondem-se por baixo do anonimato.
Mas para quê tentar arranjar explicações? É uma característica dos FRACOS!
Vai trabalhar!
Ass: Caetana Silva
(não sou como tu, assino o que escrevo!)

19 outubro, 2005 03:22  
Blogger El Ranys disse...

Como é óbvio, não me vou dar ao trabalho de responder a esta "senhora" (hesitei entre isto e gaja), que alegadamente se chama Caetana Silva (e que, para mim, permanece uma verdadeira anónima).

Também hesitei entre apagar este exemplo de falta de educação e deixar ficar o comentário. Optei pela segunda hipótese, para poder explicitar o seguinte: entendo que a questão do anonimato é falsa. Os textos aqui publicados não são anónimos, são escritos sob um pseudónimo, El Ranys, adoptado pelo autor.
El Ranys e o meu nome de baptismo são indiferentes, porque ambos remetem para uma pessoa sem exposição pública e, logo, anónima por natureza.

Por aqui, emito opinião. Não são feitas acusações graves, susceptíveis de qualquer consequência jurídica. Opinião,tão só. Sujeita a opiniões diversas. Por isso, reproduzi parte do texto da Joana Petiz, para que cada leitor possa avaliar por si.

Convivo com a crítica fundamentada aos textos que aqui vou deixando. Não convivo é com julgamentos de carácter e processos de intenções. E com ataques alarves, descabidos e mal educados. Para memória futura.

19 outubro, 2005 14:50  
Blogger Rantas disse...

Ele há, de facto, coisas extraordinárias! Por acaso, quando vi este post, fiquei surpreendido ao ver quão rasteiro se tornou um jornal que já foi exemplo de qualidade - já lá vão uns bons largos anos, devo dizer... mas agora com esta inacreditável bimbalhada da Silva, fiquei sem palavras. É no que acreditar que "o país está a atravessar uma fase complicada, mas a solução nunca pode passar pela imposição de regras"! Tristeza...

20 outubro, 2005 23:01  
Anonymous Anónimo disse...

Caríssimo El Ranys,

Acabei de me deparar com o seu "post" referente ao meu editorial de 14 de Outubro. Começo por lhe agradecer o elogio – à minha "carinha larocas" –, bem como o facto de se ter dado ao trabalho de me ler e comentar. Como costuma dizer-se, bem ou mal, desde que falem...
Talvez não tenha compreendido – ou não me fiz, eu, entender – do que falava quando escrevi "imposição". Era uma simples alusão à falta de diálogo por que o Partido Socialista tem pautado a sua governação, nomeadamente em áreas como a Função Pública, que inclui os cada vez mais sacrificados professores, onde esta negociação é obrigatória por lei.

Aproveito para lhe deixar aqui o artigo completo, para reavaliá-lo, se quiser,ou apenas para que os seus leitores possam lê-lo por inteiro – e "quiçá" criticar outras frases do mesmo.

Por favor, sempre que o destino lhe ponha um dos meus artigos à frente (apesar de tudo, continuo a escrever para o jornal) e tenha a paciência de o ler, comente (e se puder envie-me a sua opinião para joana.petiz@oindependente.pt). É sempre bom saber que nos lêem. Ainda que não concordem com o que está escrito.

Até à próxima!

Joana Petiz


In "O Independente"
Suplemento Vida de 14/10/2005


E eis que finalmente chega ao fim a saga das eleições autárquicas. E da melhor forma, posso dizê-lo – já que esta é uma rubrica assumidamente opinativa. Com todas as suas manias, Manuel Maria Carrilho foi remetido para o lugar que lhe compete: longe de cargos políticos onde tenhamos que lhe aturar o mau feitio – bem visível durante toda a época de campanha – e a (artificial) devoção pública a Bárbara. É que ainda que lhe reconheça a inteligência e cultura, traços óbvios do seu carácter, não há quem aguente pensamento tão megalómano – a casa-de-banho do Ministério da Cultura será sempre apenas um ponto de partida representativo do poder da sua mente, quando estão em causa os mais simples projectos. Por outro lado, tanta vaidade numa pessoa só – e o senhor até nem tem um corpo de grandes proporções... – é algo que continua a transcender-me. Não há vez em que veja Carrilho que não me lembre da história do sapo, que inchou tanto que acabou por rebentar.
Mas estou, talvez, a ser injusta para com o candidato do PS a Lisboa. Até porque a culpa não foi dele mas de quem o designou para a posição – sabendo de antemão que, por muito valor que tenha, Carrilho é uma figura antipática ao povo. Aliás, nos últimos tempos, confesso que me intriga a pose do partido socialista. Não só pelas escolhas dos candidatos às autárquicas ou pela ideia de recuperar um Mário Soares desfasado da realidade do país e das instituições – que mais uma vez quebrou o silêncio à boca das urnas, numa atitude que não poderia ser mais explícita e imperdoável – para a Presidência da República. Mas também, e especialmente, pelas atitudes que o Governo de Sócrates tem vindo a tomar, contrariando na sua essência todos os pressupostos do socialismo. Que o país está a atravessar uma fase complicada, é verdade, mas a solução nunca pode passar pela imposição de regras. Afinal, não são os socialistas dos principais defensores da Democracia?
Bem esteve Manuel Alegre. Apesar de a sua candidatura às presidenciais surgir cerca de um mês depois de um longo e enfadonho discurso, em que desfilou um rol de razões para não seguir em frente na corrida a Belém, o poeta escolheu Pacman, vocalista dos Da Weasel, como mandatário da juventude da sua candidatura. Qualquer dia está a fazer letras para o grupo...

14 novembro, 2005 20:48  
Blogger El Ranys disse...

Esta resposta de Joana Petiz é obviamente diplomática, cortês e delicada. Desarmante.

Cara Joana Petiz:
Começo então por me penitenciar por ter afirmado, no meu post, que devia ser proibida de escrever. A Joana tem todo o direito a ganhar a vida.
Por outro lado, confesso que não conheço muito bem o seu trabalho. De facto, já lá vai o tempo em que devorava avidamente tudo o que vinha no Independente. Possivelmente, a Joana até escreve muito bem sobre vários temas, quando domina as questões. Penso que a política, de qualquer forma, não estará incluida neste grupo. Mas cada leitor que faça a sua avaliação, agora que teve a amabilidade de colocar aqui o texto completo.
Quero sublinhar a sua abertura e educação nesta resposta. Prometo que vou tentar prestar mais atenção ao que escreve. Não me coibirei do elogio, quando for caso disso, como não deixo de pensar que este seu editorial continua a ser susceptível de crítica, que surgiu como indignação pelo manifesto tom fútil.
Reafirmo, de qualquer modo, a "carinha larocas". Acrescento até que a Joana é bonita e tem um sorriso cativante.
Obrigado por ler o Revisão da Matéria.
Cumprimentos

27 novembro, 2005 02:30  

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