sábado, julho 22, 2006

Os exames de Física e de Química

A Ministra da Educação chumbou. Foi chamada ao Parlamento para dar explicações e falhou miseravelmente no exame.
Que bom, temos mais uma vítima! Que fez a ministra de tão errado, afinal?
FACTOS:
1 - Os exames de Física e de Química estavam mal feitos.
2 - 70% dos alunos (em Física) e 80% (em Química) não chegaram à nota positiva.
3 - A Ministra da Educação decidiu que os exames de Física e de Química da 2ª época deveriam ser considerados para o cálculo da nota de candidatura ao ensino superior.
4 - Os sindicatos de professores, as associações de pais, os alunos, a oposição, jornalistas, a opinião pública (salvo algumas excepções) caíram em cima da ministra.
DESENVOLVIMENTO:
1 - A responsabilidade efectiva dos erros dos enunciados dos exames é dos professores que os fizeram e/ou validaram, sendo obviamente que alguns desses professores trabalham no Ministério. Objectivamente, creio que a Ministra não tem "culpa" dos enunciados errados. A sua responsabilidade é mais abrangente e resume-se a uma responsabilidade solidária com os serviços pelos quais ela é a actual responsável.
2 - Os resultados dos exames reflectem os erros dos enunciados e não uma massiva falta de preparação dos alunos. Não são comparáveis aos resultados de outras disciplinas porque constituem médias excepcionalmente más. Excepcionalmente, leia-se, porque representam de facto uma excepção relativamente aos resultados de anos anteriores - ao contrário da Matemática, por exemplo, cujos resultados são consistentemente maus e cujo enunciado do exame não tinha erros graves.
3 - Considerando o que se passou, a decisão está correcta. Os alunos de Física e de Química foram prejudicados por erros que lhes são alheios. A reposição da justiça não prejudica os alunos das restantes disciplinas porque esses não foram injustiçados. Sendo uma decisão difícil (tanto do ponto de vista logístico como do político), é ainda mais de aplaudir a decisão da Ministra, por tentar corrigir um erro que afecta a população estudantil. É de estranhar a sua relutância em fornecer explicações públicas sobre o que se passou. Entendo que a Ministra falhou (clamorosamente) neste pormenor, mas creio que o fundamento desse seu erro táctico foi tentar proteger a máquina do Ministério. Da qual, lembre-se, ela é a actual responsável mas que já existia antes dela e continuará a existir. Ao tentar defender a "sua" gente, falhou. Mas é desculpável tentar salvaguardar a imagem dos técnicos da Administração Pública, ou não será?
4 - Estou convencido que a oposição (neste caso, o PSD) esteve bem em exigir explicações à Ministra. Já sobre os restantes intervenientes tenho dúvidas sobre a bondade dos seus objectivos. Os sindicatos de professores tentam denegrir a imagem da Ministra por ela tentar salvaguardar a burrada que os professores fizeram? As associações de pais e os alunos pretendiam alargar a repetição dos exames a outras disciplinas (com que fundamento?) ou evitar a repetição destes? Aproveitando a quem?
CONCLUSÕES
A decisão tomada está correcta, tendo (apenas) carecido de explicações públicas. O circo armado em cima deste assunto só aproveita quem está sedento de notícias e/ou de notoriedade (jornalistas e deputados); a sessão do parlamento tornou-se uma paródia da democracia - no lugar da discussão séria, assistiu-se a mais uma chicana política, com insultos e gritos, de tal maneira que a Ministra mal conseguiu explicar fosse o que fosse. Acabou por ser um mau serviço o que o Parlamento providenciou, porque só conseguiu achincalhar a Ministra sem no entanto discutir os fundamentos da decisão nem o seu acerto.
Ser oposição não deveria significar que se tem de gritar bem alto, pedir a demissão de ministros e impedir a correcta prestação de informação.

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10 ComentÁrios:

Blogger Alex disse...

Concordo que foi uma decisão corajosa e difícil. A questão não é, na minha opinião, a questão da repetição. A questão é o que deu origem a essa decisão. É a questão de saber o que está a produzir o nosso Ensino. O que é que falhou ? Quem falhou ? Ou foi obra do espírito santo ? Aconteceu uma reforma curricular, iniciada em 2004 ! Quem se propõe a fazer uma reforma curricular tem em mente melhorar as matérias por forma os educandos aproveitarem melhor esses conhecimentos na sua vida.
Estes exames versaram sobre os novos programas. Dizem-nos que os exames têm incorrecções, os alunos não estavam preparados para estes exames... Percentagem brutal de negativas... Alguém fez algo mal. Quem ? Este país só progredirá quando houver responsabilização. É simples. Eu sou responsável pelos meus actos. Aprendi de pequenino. Neste assunto, infelizmente, parece que, mais uma vez, a responsabilidade morre solteira.
Isso é que me chateia !
Saúdinha

23 julho, 2006 01:23  
Anonymous Anónimo disse...

Sim é verdade que a ministra foi corajosa ao decidir repetir os exames de fisica e quimica e certamente grande parte dos alunos agardeçe, porque eu vi-o o exame (o da 2º fase) e esse sim tinha matéria que demos este ano. Só que por um lado prejudicou alunos.No meu caso eu não repeti o exame porque queria fazer outro, e não tinha tempo para rever a matéria,mas a escolha foi minha!Eles têm tanto tempo para realizar um exame, como é possivel conterem erros?? se os alunos tiram negas, reprovam temos que assumir que ou não estudamos ou não estavamos preparados, e eles??? não vão assumir os erros??
em relação a outros exames como o de português, houve tb grand epoémica porque não recebemos prova modelo e depois chegamos ao exame e vemos uma estrutura nunca antes vista. O exame de matemática esse não era muito dificil, mas comprido.

23 julho, 2006 12:03  
Blogger Rantas disse...

Quanto à questão da responsabilidade dos erros, julgo que é dos técnicos/professores do Ministério. E espero que haja resultados sobre isso, sem dúvida! Mas atenção: trata-se de funcionários públicos, ou seja, por muitas cagadas que façam, não são despedidos (ao contrário do que eventualmente sucederia numa empresa privada). É isso que me chateia - que os sindicatos dos professores e da função pública armem guerras sobre avaliações e sobre mobilidade do trabalho, porque a imagem que passam é que querem manter o status quo, manter os direitos sem cuidar dos deveres, arrogância sem responsabilidade...

A Ministra falhou claramente ao tentar abafar, ao tentar salvaguardar a imagem dos sujeitos do ME. Mas ao mandar repetir os exames esteve a bom nível! O assustador disto tudo é que todos dizem mal mas escapou-me a alternativa apresentada - não se repetirem os exames (prejudicando claramente os alunos) ou repetirem-se ainda mais exames (já agora, já que os outros se repetem, porque não repetirem todos)? Foi esse raciocínio que me escapou do lado das associações de pais e dos sindicatos dos professores. Quanto aos deputados, esses nunca precisaram de apresentar alternativas, esses querem é circo e uma boa passagem nos telejornais

23 julho, 2006 14:06  
Anonymous Anónimo disse...

Factos:

1- Os enunciados das provas de Química-642 de ambas as fases (referentes ao novo programa) continham erros (v. comentários às referidas provas disponíveis no "site" da Sociedade Portuguesa de Química: http://www.spq.pt/);

2- O enunciado da prova de Física-615 da 1.ª fase (referente ao novo programa) não continha erros (a prova da 2.ª fase só será conhecida no dia 25 de Julho);

3- A aplicação dos novos critérios de avaliação (comuns a outras provas como, por exemplo, a prova de Física e Química A-715), que podem penalizar demasiado resoluções e/ou resultados essencialmente correctos, com base em pequenos erros, serve sobretudo para castigar os alunos que foram ensinados a pensar sobre Química e Física;

4- A Ministra da Educação declarou: "Os relatórios técnicos dizem que não houve erros" (Onde estão esses relatórios? Quem os elaborou? Foram os autores das provas? Mistérios...), passando a ser politicamente responsável por esses erros;

5- Os estudantes e candidatos basearam a realização de exames em determinados pressupostos que vieram a ser alterados. Os que optaram pela realização das referidas provas apenas na 2.ª fase foram colocados numa situação de injustiça, visto que as suas oportunidades de acesso ao ensino superior são mais reduzidas;

6- Nos termos do preâmbulo do Regime Jurídico de Acesso e Ingresso no Ensino Superior (Decreto-Lei n.º 296-A/98, de 25 de Setembro, com as alterações posteriores), o acesso ao ensino superior tem por princípios, entre outros, “a democraticidade, equidade e igualdade de oportunidades”. Por isso mesmo, o despacho do Ministério da Educação que permite a situação de excepção para as referidas provas é considerado ilegal por especialistas em Direito Administrativo.


Conclusões:

A decisão tomada foi incorrecta porque criou uma situação de injustiça e de ilegalidade. Quis-se emendar um erro com outro erro. Não teria sido mais acertado, apesar de só minimizar alguns estragos, neutralizar as questões mal formuladas e reformular os critérios de avaliação, utilizando critérios semelhantes aos dos exames referentes aos programas antigos? Só que tal medida pressupunha reconhecer erros nos exames!
Logo, não é desculpável tentar salvaguardar a imagem dos técnicos responsáveis por tais erros e que afectaram milhares de estudantes. Tiveram um ano para elaborar as provas e os respectivos critérios! Se não forem responsabilizados, os futuros exames nacionais não terão qualquer garantia de credibilidade científica e pedagógica. Infelizmente, parece que ninguém quer casar com a responsabilidade...

23 julho, 2006 14:54  
Blogger Rantas disse...

Caro anónimo,

Quanto aos 3 primeiros factos que aponta, eles consubstanciam o que foi referido no post.

O 4º facto constitui a tal solidariedade institucional a que me referi. No meu entendimento, os responsáveis políticos não "entram" pelo detalhe dos conteúdos das provas nem na definição dos critérios de avaliação, o que me parece correcto - esses assuntos são entregues a quem lida com eles há anos - os técnicos do ME. Ao referir relatórios técnicos, a Ministra apenas está a ser solidária com uma estrutura que não foi montada por ela - existe há 30 anos e foi alimentada por PS e PSD em todos os Governos. Essa solidariedade, se bem que seja positiva de um ponto de vista, é a pecha maior da actuação da ministra, creio eu.

O 5º facto, que me parece o mais importante, é exactamente aquele com que não concordo (ou não entendo, enfim...) - como é que ficaram reduzidas as oportunidades dos que optaram apenas pela 2ª fase? Porque, se não se repetissem os exames, os outros seriam prejudicados! Isso não é ser colocado numa situação de injustiça, isso é ser colocado ao mesmo nível de alguém que sim, foi colocado numa situação de injustiça.
O seu 6º facto é um bocadinho mais problemático; isso porque revela o pobre estado a que chegámos em Portugal - em vez de resolvermos os problemas, esgrimimos com aspectos obscuros do Direito Administrativo para atravancar o processo. Ora isso é que não me parece muito justo. Há-de ser óptimo para vários advogados, mas não aproveita a mais ninguém.

Quanto às suas conclusões - julgo que a alternativa que considera é, na prática, e fora alguns aspectos formais, idêntica à da repetição!

P.S. - Creio que o reconheço de outras "discussões", aui no RdM ou no RdJ. Seria pedir muito que escolhesse um nick-name? Apenas para dar um ponto de orientação?

23 julho, 2006 17:12  
Blogger PSeven disse...

Meu caro Rantas, nesta questão tínhamos mesmo que estar em desacordo!
1-A responsabilidade de erros nos exames não pode deixar de ser assacada ao GAVE, departamento do ministério da educação que tem a responsabilidade de tudo quanto é exames em Portugal. É o GAVE que escolhe quem elabora as provas e monta o sistema de verificação/validação das mesmas. E, se há erros nos exames, esse sistema pura e simplesmente falhou. Um professor cometer um erro na elaboração das provas é sempre possível. O sistema tem de estar montado de forma a detectar esses erros antes das provas serem validadas, o que não aconteceu.
2-O Ministério não reconhece a existência de erros nas provas. No próprio dia da divulgação das notas, a Drª Glória Ramalho, directora do GAVE, em declarações à TSF, que eu ouvi em directo, afirmou que o único erro detectado era no enunciado de uma pergunta de Química, onde o termo “equação química” era usado erradamente, e que esse erro era compensado pelo resto do enunciado não tendo efeitos na compreensão da pergunta.
3-No próprio dia em que o secretário de estado, Walter Lemos, decidiu a excepção para os exames de Química e Física, a srª ministra, num encontro com a imprensa sem direito a perguntas, justificou a medida com o baixo nível das notas. Não se referiu a erros nem deu outra qualquer explicação.
4-Não tenho conhecimento de nenhuma crítica feita ao exame de Física do 12º ano (o outro que tem direito a tratamento especial). Pelo contrário, foram feitas criticas graves aos exames de Matemática do 12º ano e de Física e Química do 11º ano (que já conta para o acesso ao superior).
5-A explicação mais elaborada para a medida de excepção, comparação das notas desses exames com as dos exames dos alunos do programa antigo, só surge no dia em que a ministra vai ao parlamento. Note-se que, a excepção é criada para todos os alunos de Química e de Física e não apenas para os do programa novo, como seria lógico se aquela fosse a causa.
6-Tudo isto invalida a explicação de que se trata de compensar os alunos por erros dos enunciados. Obviamente que houve outras causa para esta decisão.

Ou seja: estamos perante uma situação em que, claramente, se tomou uma decisão primeiro e se foi à procura das justificações depois. O que é grave porque não trata todos por igual. Um aluno que precise da nota de Matemática ou de Física e Química do 11º ano, alvos de muitas mais criticas que o exame de Física do 12º Ano, não tem as possibilidades dadas aos alunos de Química e Física do 12º ano.

Quanto ao que se passou no parlamento, é uma questão de opinião. As atitudes patéticas e ridículas da srª ministra estavam mesmo a provocar aquilo. E não ouvi insultos – apontar incompetência, e não apenas por esta questão, não é um insulto.

Desculpe este longo testamento mas não consegui condensar mais

Um abraço

24 julho, 2006 11:36  
Blogger Alex disse...

Tenho uma dúvida. Se não houve erros/incorrecções nas provas, se não foram só repetidos os exames do novo programa porque se repetiram os exames ? E porque houve mais de 80% de negativas ?
Saúdinha

24 julho, 2006 12:48  
Blogger PSeven disse...

Alex,
Penso que as suas perguntas me eram dirigidas, por isso vou tentar responder. Se não eram para mim peço desculpa.

Eu acho que houve erros nos exames. Não posso ter a certeza porque não examinei as perguntas/testes em causa mas não creio que a Sociedade Portuguesa de Química ou a Associação de Professores de Matemática levantassem a questão sem terem a certeza. O que eu argumentei é que o ministério não reconhece esses erros e, portanto, não é por causa deles que tomou a decisão que tomou!

Deixe-me corrigir uma afirmação que fiz anteriormente: a excepção é só para os alunos de Química e de Física dos programas novos e não para todos.

Não houve exames repetidos. O que houve foi a possibilidade dada aos alunos de Química e de Física dos programas novos, e só a esses, de usarem a nota da 2ª chamada desses exames para concorrerem à primeira fase do ensino superior.

Porque houve níveis tão baixos (80 e 70% de negativas)? Quanto a mim devido à conjugação de 3 factores:
- Programas errados. Pelo menos o de Física e Química dos 10º-11º anos que eu conheço em detalhe. O programa é demasiado extenso, resulta da condensação em dois anos dos programas que eram dados em três, e não tem em atenção os níveis etários e de conhecimentos dos alunos. Não sei se isto lhe diz alguma coisa, mas procurar explicar a teoria dos orbitais da mecânica quântica a alunos do 10º ano é completamente idiota. Confesso que não conheço os programas de Química e Física do 12º ano mas se foram feitos com a mesma filosofia…
- Inexistência de provas modelo. Pela primeira vez, este ano, não houve provas modelo. Os alunos dos programas antigos ainda se podiam socorrer das compilações dos exames dos últimos anos mas, os dos programas novos, não tinham mesmo nada para treinar. Era como se o meu amigo fosse participar numa prova de 1500 m mas só pudesse treinar a correr à volta da mesa da sala de jantar.
- Critérios ocultos na classificação das provas que prejudicaram muito as classificações finais dos alunos. Se quiser mais pormenores sobre esta questão, pode ver aqui: http://con-tro-versas.blogspot.com/2006/07/os-exames-da-vergonha.html (Rantas, desculpa a publicidade ao meu blog!).

Porque é que só aquelas duas disciplinas é que têm direito àquele tratamento especial? Ora aí está uma boa pergunta. Eu também gostava de saber!

Saúdinha pra si também

24 julho, 2006 21:38  
Blogger Rantas disse...

Caro Pseven,

Confesso que aguardava com alguma curiosidade a sua reacção a este post provocatório. Para aprofundar a provocação até deixei um comentário no seu http://con-tro-versas.blogspot.com (a publicidade a produtos de qualidade deve fazer-se sempre!) - de facto, tinha a certeza em como o seu desacordo nesta matéria era mais certo que o destino :D

Mas então sobre o que é que discordamos, ao certo?

Vamos por partes:

Da responsabilidade:
"A responsabilidade de erros nos exames não pode deixar de ser assacada ao GAVE" - Não podia concordar mais com isto.

Da explicação da tomada de decisão:
Também aqui concordo - o processo foi atabalhoado, cheio de incongruências e de meias-verdades. Apenas não concordo consigo quando refere que a decisão foi tomada primeiro e só depois se foi à procura das justificações; acredito que as justificações apenas não foram divulgadas publicamente, mas elas eram do conhecimento do Governo - caso contrário, não teria sido tomada decisão tão drástica!

Dos fundamentos da decisão:
Também aqui concordo com os 3 factores que aponta!

Então onde é que não estamos alinhados? Em dois pontos:
1 - Na identificação de injustiças induzidas por esta decisão. Eu não creio que existam, uma vez que se mandam repetir exames que, por estarem tão pejados de erros, se poderiam considerar formalmente nulos!
2 - Na caracterização da atitude do Governo/da Ministra. Onde eu considero que houve uma atitude corajosa, o meu caro amigo (creio poder considerá-lo assim, depois de tantas contendas internáuticas que temos tido) considera que ela foi patética e ridícula.
Na prática, onde creio que reside a diferença, em termos objectivos, é considerar-se (ou não) a Ministra como responsável das asneiras do "sistema" (GAVE e quejandos).
Eu estou convencido que o "sistema" tem autonomia para decidir programas, critérios de avaliação, disponibilização de provas modelo - e muito mal estaríamos se fosse um político a tratar desses aspectos técnicos.
A forma como vejo o que se passou é o Governo a tomar uma decisão para colmatar falhas do "sistema". E é por isso que eu não consigo entender que seja o próprio "sistema" a cair-lhe em cima!

Ainda mais uma coisa - não cheguei a entender a solução alternativa.

24 julho, 2006 23:14  
Blogger PSeven disse...

Meu caro Rantas,

Boa! Caí que nem um patinho. Confesso que não tinha a mínima ideia que estava a ser provocado ;-) É claro que o meu amigo (também é assim que eu sinto) tinha toda a razão em pensar que a minha discordância era fatal com o destino. E espero que a minha resposta não o tenha desiludido!

As nossas divergências são afinal muito menores do que inicialmente parecia! Mas ainda são algumas.

Quanto àquela justificação apresentada tardiamente, não me parece fazer muito sentido, a ministra guardar na manga uma justificação importante! Para quê? E há um outro factor que me leva a pensar assim: é que, a primeira vez que aquela justificação aparece é no blog de Paulo Pedroso, colega e amigo de Maria de Lurdes Rodrigues, poucas horas antes da sessão na Assembleia da Republica! A sensação com que fiquei foi que ela surgiu numa reunião de preparação da ida da ministra à assembleia e que Paulo Pedroso estava a testar a justificação (a fazer saltar as possíveis objecções). De outra maneira como explicar que Paulo Pedroso conhecesse a “nova” argumentação da ministra antes mesmo dela ser apresentada?

Quanto às injustiças: não creio que os erros nas provas fossem tantos e tão escandalosos que, por si só, justificassem os níveis tão baixos. Aliás, não há erros apontados à prova de Física! Estou mais convencido que eles se devem à conjugação dos factores que citei na resposta ao Alex (ah, obrigado pela publicidade! Prometo retribuir). E se assim é, como os mesmos factores se verificaram noutras provas, acho que as mesmas possibilidades deviam ser dadas a outros alunos de outras disciplinas.

Na caracterização da atitude da ministra, atenção: eu só considerei patética a atitude dela no parlamento! Quem é ministro não pode ir para assembleia com atitudes à Calimero!. Foi verdadeiramente patético. E no mundo dominado pelo audiovisual em que vivemos, fez mais contra a imagem da ministra do que todos os disparates que ela tem vindo a fazer. O que é lamentável mas é verdade. Bom, acho que me pode acusar de me ter aproveitado para cascar ainda mais na ministra! É verdade, mas que quer! Eu sou apenas humano! E quando vejo o governante mais incompetente deste governo abrir campo desta maneira… Era o mesmo que num penalti eu chutar para fora de propósito por achar que o árbitro tinha sido injusto com o adversário!

O que eu achei ridículo foi a série: correu tudo muito bem – tivemos de tomar medidas de excepção – a culpa foi do governo anterior! Que monte de contradições! É o que dá este governo nunca querer reconhecer que errou.

Quanto ao sistema. Ele segue as políticas definidas pelo ministério. Estou convencido que, este ano, era objectivo do ministério fazer baixar os níveis dos resultados dos exames, em geral. Só assim se explica a falta de provas modelo e os critérios ocultos usados na correcção das provas. Ambos novidades absolutas este ano. Porquê? Tenho algumas ideias mas… Ainda é cedo para as divulgar. O que eu penso que aconteceu foi que eles perderam o controle naquelas duas provas onde os resultados foram muito piores do que até eles desejavam. Daí as medidas, tomadas um pouco em pânico.

Gaita que isto vai longo! Um abraço e até breve

25 julho, 2006 13:20  

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