Ús profes deveram cêr quelaçifikadus plos paes?
Considero que a luta dos professores contra o sistema de avaliações é contrária aos seus interesses. Como o sistema actual não permite distinguir o trigo do joio, também não permite premiar os melhores desempenhos. Uma carreira sem recompensar o mérito, sem verdadeiros role models, é uma carreira que inevitavelmente acaba por induzir e fomentar a mediocridade.
Por outro lado, o estabelecimento de numerus clausus para um sistema de avaliação é uma condição fundamental para que a avaliação funcione de facto. Uma avaliação não passa de um escalonamento: A teve um desempenho superior ao que B teve, mas inferior ao de C. Se todos tiverem "Muito Bom", significa que todos têm "Satisfaz". Ou seja, não significa pevas. As avaliações deverão ter uma distribuição "normal" (curva de Gauss) - entenda-se por esta via os numerus clausus.
A participação dos pais na avaliação dos professores deve ser discutida sem dramas nem tabus. Um exemplo: uma professora primária, numa instituição particular de ensino, corrigiu a vermelho - onde a aluna escreveu "irão", a professora emendou para "iram". Que eu saiba, não existem mecanismos internos à escola que permitam identificar burrices destas. Se não forem os pais a actuar, como é que esta professora é chamada à atenção? Como é que esta professora pode ser proibida de se chegar perto dos alunos, já que a sua ignorância é altamente contagiosa, pelas funções que desempenha? Os pais poderão ter aí um papel importante. Com responsabilidade e bom-senso.
Etiquetas: Rantas
9 ComentÁrios:
Tal como em muitos outros temas actuais nesta sociedade, devemos ter o cuidado de, ao defendermos uma opinião, não olharmos apenas para nós mas ter a consciencia da sociedade em que vivemos.
Quero com isto tudo dizer que, muito embora concorde com a ideia de base, temo que a maioria dos pais não esteja em condições de avaliar correctamente os professores dos seus filhos.
Sem dúvida, concordo inteiramente.
Quando referi "com responsabilidade e bom-senso" era nisso, nessa limitação, que eu estava a pensar.
Creio que para um avaliador será relativamente simples verificar a boa fé dos pais que entendam avaliar o professor - principalmente nas avaliações negativas, naturalmente, que terão de estar devidamente fundamentadas.
Não concordo que o feedback dos pais deva ser incluído no processo de avaliação de forma acrítica - julgo é que pode constituir uma fonte excelente de input para a avaliação.
Meu caro amigo (se me assim permitida esta forma de tratamento)
Plenamente de acordo com a premissa de que os pais devam avaliar os professores, DESDE QUE o nível cultural dos pais deste país consiga distinguir o ‘irão’ do ‘iram’.
Quero acreditar que a maioria dos professores quer ser avaliada, tal como eu exijo ser avaliado. A questão é quem vai avaliar, como o vai fazer e que implicações tal avaliação terá no enquadramento social.
Ok!
Caro rantas, o seu comentário já me elucidou.
Proponho que vá dar uma prestação de serviços ao ministério, pois temos que bom senso não abunde por lá.
Caro (a?) lfm,
Julgo que colocou o dedo na ferida. Os males que têm afectado a Educação têm origem, invariavelmente, na falta de bom senso no MNE...
Nesta discussão assusta-me o argumento dos contra a avaliação dos professores pelos pais de que os pais apenas querem que os seus filhos passem de ano.
Parece que os pais são atrasados mentais e que não desejam uma boa educação para os seus filhos que não queiram exigência. É para mim evidente que a grande maioria dos pais quer que os filhos sejam bem preparados para a vida e não apenas que vão passando.
Por outro lado, sabemos que maus e bons pais assim como maus e bons professores como em todas as áreas. É o tal bom senso que resolveria tudo ! Agora não chamem aos pais atrasados mentais. Na grande maioria eles sabem o que querem !
Saúdinha
Não creio que seja chamar aos pais atrasados mentais fazer notar que a grande maioria não tem preparação para avaliar os professores dos filhos. Nem fazer notar que, embora lhes desejem a melhor formação possível, as suas preocupações imediatas vão no sentido de ver passar os meninos, nem que seja com a velha cunha! Já fui professor (noutra vida, praticamente). Em 9 anos de ensino e muitos contactos com os pais, raríssimos foram os que me demonstraram preocupação com a qualidade da formação que os filhos estavam ter, mas foram inúmeros a demonstrar a preocupação com a passagem de ano.
Não vejo porque é que os pais devam participar na avaliação dos professores. Que quem avalia receba informações de todas as áreas de actividade do professor, incluindo dos seus contactos com os pais, certíssimo. Mas não é isso que é proposto.
Eu defendo que, se o feedback dos pais for bem fundamentado (como no exemplo do "iram"), pode e deve ser utilizado na apreciação do desempenho dos professores.
Mais: tanto tempo e tantas teorias educacionais a defender a maior participação das famílias no "espaço-escola" (pois, eu já fui professor, fui exposto ao jargão) e blá-blá-blá, que agora que surge um dos corolários dessa teoria os professores não querem dar esse passo.
Rantas,
Usar informações dos pais é uma coisa. Pôr os pais a participar na avaliação dos professores é outra. O que é proposto é a segunda. E é em relação à segunda que os professores estão contra. E eu também.
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