A Vaia
O povo sportinguista não vaiou só José Peseiro. Também vaiou Peseiro, entenda-se, porque o Sporting não é o Nacional ou a Naval e exige-se, ao treinador, mais ambição. Ganhar 1-0 contra 10 do Setúbal não chega, é pouco, sobretudo quando se joga assim tão mal.
O povo sportinguista fez de José Peseiro bode expiatório (merecidamente), mas naquele momento também quis vaiar Liedson. A forma displicente como o brasileiro marcou o penalti (até eu, que não passo os dias a treinar, acho que marcava com mais força e convicção), a repetição de atitudes menos próprias em relação ao clube que quase o foi buscar aos armazéns de um supermercado, a forma como reagiu à sua substituição, os amarelos estúpidos que viu a época passada, a rábula da transferência, tudo isso se paga.
Liedson é, quase sempre, o melhor jogador em campo e, até, o que mais se entrega à luta. Mas há quanto tempo, Liedson, não ouves as bancadas a cantarem o teu nome? Porque será?
Mas o povo sportinguista vaiou também a final da UEFA perdida. Vaiou as exibições em que o Sporting, o ano passado, com tudo para chegar à frente do campeonato e lá ficar, demonstrou total ausência de estofo de campeão. Vaiou um clube em que os egos dos jogadores, treinadores e dirigentes se sobrepõem, muitas vezes, ao emblema. Vaiou os frangos do Ricardo, os lapsos de concentração do Polga, o Tello e o Carlos Martins que nunca mais passam de promessas, o Douala que quer ir para Inglaterra, o Silva que não se entende o que faz por lá, o Pinilla que está sempre lesionado, o Rogério e o Luís Loureiro que precisam de vitaminas para correrem mais, o autismo do Dias da Cunha.
Vaiou - atenção, que aqui se pode encontrar uma parte muito importante da explicação - a longa demora para entrar no estádio, a acumulação de pessoas às portas. Como se compreende que, no velho estádio, os titulares de lugares cativos, por exemplo, entrassem quase sem paragens e agora, no moderníssimo estádio, construído e pensado de raíz, fiquem mais de meia hora à porta, espremidos e entalados, até conseguir passar os torniquetes? Incompreensível! Inaceitável. Claro que os adeptos, mesmo antes de entrarem, já estão irritados.
Vaiou a Juve Leo e os Directivos XXI, que depois de fazerem manifestações que impossibilitaram a vinda do Mourinho para o Sporting, se entretêm agora a deitar foguetes e petardos durante os jogos e a chamar palhaço ao treinador do seu clube. Vaiou os que vaiam. Todos vaiaram todos.
Eu, e mais alguns, ficámos quietos. A pensar: não se arranja por aí um bom jogo de futebol?
2 ComentÁrios:
Tem alguma coisa contra a Naval, ou contra a Figueira da Foz? Este clube fez-lhe algum mal para merecer esta comparação?
Como figueirense não gostei de ver a insinuação, aposto que lisboeta, aos coitadinhos que têm azar de viver fora dessa terra...
Não, pelo contrário, até simpatizo com a Naval e com a Figueira da Foz, onde já passei excelentes períodos.
Foi mesmo por "simpatia" que falei na Naval, até porque tem equipamento semelhante ao do Sporting e o Peseiro pode sempre confundir.
Assim, nada contra a Naval. Posso arranjar-lhe uma lista de clubes, em que figurem todos menos o Benfica e o Porto, que não são como o Sporting. A Naval apareceu mesmo por simpatia. Viva a Naval.
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