sexta-feira, setembro 23, 2005

La Felgueiras

O que acho essencial nesta absurda história:
Introdução: apesar de toda a lentidão com que actua, mantenho (bom, quero obstinadamente manter, o que é diferente, por ser menos racional) a minha confiança no funcionamento da investigação criminal, dos magistrados do ministério público e da justiça em geral. Não é que existam sinais evidentes de que o devo fazer (bem pelo contrário), mas é um instinto básico de sobrevivência, de não ter de desistir, de vez, do meu País.
A acusação: para que fosse produzida acusação contra Fátima Felgueiras, acredito que foi reunida matéria de facto suficiente, que aponta para a prática de crimes como corrupção, peculato e abuso de poder. Como a coisa ainda não transitou em julgado, vale a presunção de inocência. Mas que há fumo, há. E muita suspeição.
A fuga: quem avisou Fátima Felgueiras de que iria ser presa preventivamente, possibilitando-lhe a fuga atempada para o Brasil? Já se investigou profundamente esta questão? Houve algum inquérito? E se houve, quais as conclusões? (hellooooo, comunicação social) Este ponto é fundamental (ver "Introdução").
O regresso: a senhora volta, sorriso nos lábios, para se candidatar. Alegadamente (segundo o "Público") "cozinhou" o seu regresso com cúpulas do Partido Socialista, que também poderá ter telhados de vidro em toda a história. Muito grave. Investigue-se - não só a comunicação social, mas sobretudo as autoridades públicas.
Por outro lado, nenhum candidato, de nenhuma autarquia, teve tanto tempo de antena como esta senhora. Pasmado, assisti na SIC Notícias à transmissão em directo, durante largas dezenas de minutos, da conferência de imprensa de apresentação da candidatura. Não era sobre o processo. Não era sobre o regresso. Era sobre a candidatura e os "projectos para Felgueiras". Inacreditável! O crime compensa!
Em Felgueiras, mas também em Amarante, Oeiras ou Gondomar, a minha única esperança é de que as urnas não absolvam os suspeitos, remetendo o julgamento para a justiça. Fátima Felgueiras, Ferreira Torres, Isaltino ou Valentim não são insubstituíveis. Porquê elegê-los? Porquê correr o risco de vir a ter um Presidente da Câmara, eleito com o nosso voto, na cadeia? Será que o povo é, de facto, estúpido? Que não aprende nada? Será que o caso Vale e Azevedo se vai repetir, desta feita (muito mais grave) em câmaras municipais? Não creio. Vamos ver...
Moral da história: nesta história, para já, não há moral.

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