Défice
A desorçamentação de várias despesas no orçamento Bagão/Santana Lopes/Portas, que a "comissão Constâncio" veio pôr a nu, é escandalosa.
De acordo com o DN de hoje - e a título de exemplo - faltava, só, um mês de salários da Administração Pública. E este não é, sequer, o capítulo do orçamento onde falta mais dinheiro.
Prisão! Era o que isto devia dar.
Sócrates vai amanhã dizer, na Assembleia da República, que esta verdadeira vergonha das contas nacionais é culpa dos governos PSD/PP. A "tanga" reinventada. Alto!
Que as contas estão más, já sabemos. Que são necessárias medidas cada vez mais ordinárias (vendidas, sempre, como extraordinárias), também. Que, como sempre, é a classe média (em Portugal, toda baixa) a pagar a crise, não traz novidades.
Mas está na hora de os partidos do "arco do governo" (PS e PSD, sobretudo) assumirem que a responsabilidade é dos dois. E que cabe aos dois entenderem-se para oferecer aos portugueses soluções duradouras.
A crise começou com Cavaco, campeão do betão e das oportunidades desperdiçadas. O dinheiro que a União Europeia canalizou para Portugal foi mal gasto. Se alguém tem dúvidas, ponha os olhos no exemplo irlandês.
Agravou-se, depois, com Guterres e continuou com Durão, que se ficou por medidas paliativas e extraordinárias. Santana... bom, prefiro continuar a encarar o período Santana como um pesadelo que nunca foi realidade, um hiato na história de Portugal.
"Todos temos culpas", é só o que quero ouvir de Sócrates e, também, de Marques Mendes. "Governámos mal, mas vamos agora fazer, juntos, o que fôr necessário para devolver aos portugueses a confiança que desbaratámos".
Se, amanhã, assistirmos ao custumeiro ping-pong de acusações políticas, continuaremos mal, sem sair da cepa torta. Se, pelo contrário, houver um assumir de responsabilidades e de soluções conjuntas, talvez haja ainda uma réstea de esperança.
A emigração é uma hipótese cada vez mais interessante. Amanhã terei mais dados para a equação.
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